Pergunta à Comissão Europeia de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Intervenção Mali

Prossegue a intervenção militar da França no Mali, a pretexto do combate a «terroristas» islâmicos armados.
Os franceses pretendem implantar permanentemente as suas tropas no Mali e transformar este país em posto avançado de controlo das riquezas do Sahel. Com a falsa legitimidade conferida à sua intervenção pelas Nações Unidas, o imperialismo francês obteve o aval da CEDEAO, o seu instrumento neocolonialista, para assumir o papel de gendarme da África francófona e fazer e desfazer os regimes africanos ao sabor dos seus interesses.
Apoiam-se em movimentos reaccionários que se camuflam sob a religião para contrariar a vontade de emancipação dos povos e abater os dirigentes que lhe fazem frente. Com a nova aventura militar africana, o imperialismo francês mata dois coelhos com uma cajadada: coloca tropas no Mali e esconde com esta intervenção «o seu plano de cerco à Argélia pelo Sul.
A França, a UE e os EUA enganam o povo maliano, ao qual querem fazer acreditar que procura protegê-lo das hordas obscurantistas. Convém lembrar que durante dezenas de anos estes grupos e os seus regimes são e foram os melhores auxiliares do imperialismo: no Afeganistão, na Bósnia, no Kosovo, na Líbia e agora na Síria.
Afundadas numa crise estrutural, estas potências organizam a insegurança generalizada na região para justificar as suas ingerências e deitar mão às imensas riquezas naturais destes países.

Assim pergunto ao Conselho:

1. Não considera que a intervenção da França, assim como a missão que está a ser preparada pela UE, violam o direito internacional, a Carta da ONU e a soberania do Mali, visando igualmente outros países da região?

2. Não considera que a situação interna do Mali só terá solução no quadro do respeito pela soberania e integridade territorial deste País, livre de ingerências e intervenções militares externas?

3. Não considera que a agressão e ocupação militares têm demonstrado ser a origem do fortalecimento dos radicalismos religiosos e do terrorismo – como o evidenciam a situação da Líbia, Afeganistão e Iraque?

4. Não considera que as forças radicais islâmicas que operam no Norte de África têm ligações estreitas com as forças que compõem a chamada "oposição" armada na Síria?

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