Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Futuro do Acto para o Mercado Único

A livre concorrência no mercado único, pela sua dinâmica natural, acentua a divergência.

Economias com graus muito diferenciados de desenvolvimento, uma vez colocadas em concorrência directa, sem mecanismos de protecção e de salvaguarda das economias mais débeis, inevitavelmente divergem. Há um domínio crescente das economias mais débeis pelas mais fortes.

Esta tem sido a história deste processo de integração. Olhem a sério para isto e verão aqui parte das causas genuínas do endividamento externo de vários países periféricos.

Querem agora aprofundar o mercado único. E querem fazê-lo reduzindo, ao mesmo tempo, o orçamento comunitário e as verbas para a coesão - precisamente o instrumento que poderia ajudar a superar algumas das desigualdades existentes. Isto sob a pressão daqueles que são os maiores beneficiários do mercado único.

O resultado só pode ser um: mais divergência, mais desigualdade entre Estados-Membros. Ou seja, a coesão será, cada vez mais, apenas e só, letra morta nos tratados.

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