Intervenção de Ana Margarida Carvalho, Mandatária nacional da CDU às Eleições para o Parlamento Europeu 2019, Apresentação dos Candidatos da CDU às Eleições do Parlamento Europeu 2019

«Estamos lá, estamos aqui e vamos continuar»

«Estamos lá, estamos aqui e vamos continuar»

Queridos amigos, queridos camaradas, muito bem-vindos

Queria começar por agradecer esta calorosa recepção, este momento musical esta gloriosa festa em que sabemos transformar estes acontecimentos eleitorais, esta sala cheia, a transbordar de alegria, de esperança, de entusiasmo e dizer-vos que eles não sabem nem sonham, mas a alegria tem um grande potencial de luta e é um grande acto resistência.

E isso nunca nos conseguirão tirar. Por isso antes de mais, viva a CDU!

É uma honra e um orgulho para mim - e tomara conseguir estar à altura - ser mandatária de uma lista de homens e mulheres da CDU, tão heterógenea, tão equilibrada…,

de pessoas de varias proveniências e profissões, de gente tão nova e preparada, que alia a renovação e a experiência, homens e mulheres que aceitaram este projecto de ir para o Parlamento Europeu, com tanto esforço, tanto custo, tanta abnegação e a minha primeira saudação vai para estes 29 candidatos…,

para a sua força, para a sua coragem, para a sua generosidade e renúncia e altruísmo…,

– porque sim, camaradas e amigos - os nossos candidatos não vão para o Parlamento Europeu para enriquecer, tirar proveitos pessoais nem para aparecerem depois em conselhos de administrações de empresas.

Mas isso os outros não sonham… e fingem que não sabem.

Esta lista é voz de todos os portugueses, no país ou forçados à emigração, que sabem que poderão contar connosco, no que toca à luta diária, à batalha dos quotidianos por mais dignidade na vida e mais sustentabilidade no ambiente.

Porque, camaradas e amigos, esta é uma voz que não se cala. Uma voz incómoda.

Que não se amedronta, que não se verga a interesses, negociatas, esquemas e trafulhices. Uma voz de confiança, que nunca se cala e fala bem alto a certeza do valor e das convicções da CDU.

Dizia Sophia de Mello Bryener, que estre ano celebraria 100 anos:

«A cultura é cara, … mas a incultura é ainda mais cara … e a demagogia é caríssima.»

Calculem então o preço que estamos a pagar pelo populismo e pela disseminação em grande escala de fake news, boatos, mentiras, falsidades.

Vivemos, na Europa, tempos sombrios, tempos confusos, difíceis de decifrar.

Tempos oclusos, tempos inquietantes, tempos alarmantes. E o alarme já começou a soar há muito tempo, em muitos países europeus (até mesmo aqui ao lado). Isso acontece quando o populismo perde por completo o pudor … e os fascismos perdem o medo.

São tempos de urgência, em que a incultura passou a ter poder e a mentira passou a valer.

São tempos de eleitorados asténicos, de votos voláteis e instáveis, em que rebanhos acéfalos aceitam pacificamente qualquer indignidade e se deixam conduzir ordeiramente para o abismo e nem querem ser travados.

A União Europeia é hoje um projecto confuso e desconjuntado, com falta de referenciais de progresso, com o populismo progressivamente a ganhar espaço, pasto muito fértil para extremas-direitas. Existem, de facto, motivos para estarmos muito preocupados.

Por isso esta é a lista que faz falta à Europa e ao país. Uma força da CDU, ideologicamente sólida, que afirme sem receios os seus valores patrióticos de não submissão e inequivocamente democrata e de esquerda.

E que seja capaz de os enfrentar – a esses, os tais que não sabem nem sonham - e capaz de resistir ao crescimento da direita e de outras ameaças sinistras, como uma sombra que se projecta sobre a Europa.

A democracia, que demorou séculos a construir, é uma haste muito débil, muito frágil, que já levou fortes abanões históricos, mas que pode destruir-se com um um sopro. Camaradas e amigos, é preciso manter o estado de alerta, é preciso suster estas tendências fascizantes. Ideias tenebrosas, que nos remetem para o pior que aconteceu na história do Século XX, e que vemos surgir pela Europa, outra vez, com total à-vontade, e impunidade.

Mas não aceitamos essa democracia contaminada e dominada por interesses. E tantas vezes serventuária dos Estados Unidos de Trump.

A história deu-nos razão. Já sentimos na pele os perigos para os quais sempre alertámos: as sanções, a redução de benefícios sociais, a limitação da soberania, a destruição da nossa força produtiva, a subalternização dos países do sul, as hierarquias dos países ricos que jogam o destino dos outros como se isto da Europa fosse uma grande empresa em que quem manda é o accionista que tem mais acções, a lógica do domínio e da subordinação.

Não aceitamos que nos apequenem, não queremos ser os obedientinhos ou os alunos bem comportados, que a tudo dizem que sim,… não queremos ser dissolvidos culturalmente, não queremos ser tratados como consumidores, mas sim como cidadãos.

E nós, e os eleitos no Parlamento Europeu, queremos ser aqueles que continuam a dizer basta.

Os activistas e os deputados da CDU são aqueles que estão lá.

Nos momentos decisivos.

Quando foi preciso fazer frente à destruição de sectores industriais, estivemos lá.

Quando foi quando preciso defender centenas de milhares de explorações agrícolas e evitar o abandono de milhar de hectares de cultivos e pastagens, nós estávamos lá.

Quando urgia apresentar propostas e soluções para a nossa frota pesqueira, nós estávamos lá.

Quando foi necessário medidas de salvaguarda dos direitos da comunidade portuguesa no Reino Unido, após o anunciado Brexit, nós estávamos lá.

Quando se impunha agilizar fundos europeus para redução das disparidades regionais, estivemos lá.

Quando foi imperioso fazer frente a paraísos fiscais e cumplicidades tácitas dos governos e da comissão europeia com interesses económicos, nós estávamos lá.

Quando foi preciso defender soluções ambientais e de protecção à biodiversidade, nós estivemos lá.

Quando os anseios privatizadores e predadores sobre os recursos públicos e naturais, como a água, se tornaram ainda mais agressivos, estivemos lá.

Quando foi preciso fazer frente às políticas de destruição de emprego, às assimetrias sociais e regionais, à dependência alimentar, ao insustentável endividamento externo, nós estivemos sempre lá.

E quando foi preciso reverter as políticas da Troika, e criar um solução alternativa de governação no nosso país, fomos nós quem primeiro deu esse passo em frente.

E nós não colocamos em cartazes méritos de projectos em que não participámos. Não nos apropriamos do que é alheio e não faz parte da nossa forma de estar na política ceder a tentações eleitoralistas, como o pássaro oportunista que põe o ovo no ninho do vizinho.

E agora que anda aí um tumulto de vozearia e ruído, é preciso que saibam que também não nos travam com campanhas de difamações e de insinuações torpes: o movimento comunista foi a maior vítima de boatos e fake news, à escala mundial, décadas a fio, desde comer criancinhas, a injecções atrás da orelha. O truque é velho, enfraquecer quem resiste e ficar de campo aberto para o ataque. Já não nos impressiona nem nunca nos imobilizou.

Onde outros se silenciaram e não foram capazes de condenar a guerra na Síria, nós agimos. Onde outros olham para populações em fuga da guerra, como invasoras, nós encaramo-los como pessoas que temos de integrar e garantir-lhes a reconstrução de uma vida.

E na defesa da cultura portuguesa, a CDU esteve lá. Na denúncia de atentados ambientais, a CDU estive lá.

E onde houver uma ameaça de fascismo ou de capitalismo feroz, de atropelamento de direitos cívicos, sociais e laborais, os eleitos da CDU estão e estarão sempre lá.

E é por esta certeza, esta fiabilidade, esta tradição de combatividade, estas provas dadas, este património histórico de uma coligação de 35 anos, com o Partido Ecologista os Verdes e ID, e de um partido, o PCP, com quase 100 anos de luta pela defesa da democracia, contra as desigualdades, que o povo português precisa que as forças da CDU estejam lá, ainda com mais força, ainda com maior representação.

Estamos lá, estamos aqui e vamos continuar.

Dou a cara e assumo a responsabilidade pela lista da CDU, por todos e cada um dos 29 candidatos, mas permitam-me uma referência particular ao euro-deputado e vereador João Ferreira, à sua notável intervenção em várias áreas, com um conhecimento de causa vasto, com uma inteligência e capacidade de raciocínio rápido, por todos notadas, um político de excepção, daqueles que só aparecem um em cada geração, aliás reconhecido por todos os quadrantes políticos e até pelos nossos adversários. É um candidato que faz falta ao país e à Europa, a prova de que os políticos não são, mas não são mesmo, todos iguais. Na certeza de que nas causas justas, ele esteve, está e estará sempre lá.

E vai continuar. Viva a CDU!

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