Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

O Estado da Nação

Debate sobre o Estado da Nação

Sr. Presidente,
Sr. Primeiro-Ministro,
Com o seu discurso quis ensaiar uma fuga para a frente, mas efectivamente fugiu para parte nenhuma.
A sua intervenção foi inacreditável e não foi sobre o estado da Nação, mas sobre uma Nação que só existe no seu discurso.
Sr. Primeiro-Ministro, uma coisa é ter confiança, outra coisa é fugir à realidade, e foi isso que aqui fez.
O Sr. Primeiro-Ministro não teve uma palavra para com as pessoas que hoje sofrem as dificuldades do tempo por que passamos, que sofrem as consequências da sua política. E para
essas pessoas que passam por dificuldades, o seu discurso, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que lhe diga, foi insultuoso, porque não houve uma palavra para os desempregados que não têm meios de subsistência, no momento em que vemos os responsáveis das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) a dizer que nunca tantas pessoas lhes pediram apoio; não houve uma palavra para quem empobrece a trabalhar com os cortes salariais que se têm verificado; não houve uma palavra para os pequenos empresários que vêem os seus pequenos negócios a falir em cada dia que passa; não houve uma palavra para as dezenas de milhares
de licenciados que ou estão no desemprego ou estão a trabalhar em empregos que nada têm a ver com as qualificações que obtiveram; não houve uma palavra para os idosos que vão à farmácia e não têm dinheiro para comprar os medicamentos; não houve uma palavra para os milhares de portugueses que não têm médico de família!
Sr. Primeiro-Ministro, os portugueses que o ouviram sabem que não falou do estado da Nação que as pessoas sentem no seu dia-a-dia, porque para o seu discurso estar certo é a realidade que se engana. E pode dizer o que disser que a realidade não se engana.

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