Uma vez mais, invocando objectivos justos, o que se quer é fazer vingar intenções bem diversas desses objectivos.
O relatório refere-se a objectivos ambientais, à eficiência energética, à descarbonização, à interoperabilidade. Tudo muito bem.
Mas fazendo-o, logo trata de deixar claro aquilo ao que vem, na verdade.
Aí temos a insistência na liberalização do sector dos transportes. Ou seja, na privatização de tudo aquilo que possa dar lucro - com prejuízo para os utentes (que vêm o preço a aumentar e a segurança a diminuir), para os trabalhadores (que perdem direitos e são despedidos) e para as economias nacionais (privadas que são de um instrumento fundamental para o seu desenvolvimento).
Cada país tem necessidades e prioridades próprias a este nível. Que decorrem das suas especificidades e nível de desenvolvimento relativo.
A questão que se coloca é: que interesses vai servir esta política europeia de transportes?
O interesse das multinacionais europeias que querem inundar mercados com os seus produtos, com rapidez e a baixo custo, é certamente distinto do das PME nacionais e do das populações que - como sucede em Portugal - assistem ao encerramento de linhas ferroviárias e ao aumento brutal dos preços dos transportes, com a cobertura do programa FMI-UE.