Comunicado conjunto PCP e PCE

Encontro entre PCP e PCE

Realizou-se na passada Segunda-Feira, dia 19 de Abril, na Sede do PCP e a convite deste, um encontro entre as direcções do Partido Comunista Português e do Partido Comunista de Espanha em que o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, recebeu o Secretário-Geral do PCE, José Luis Centella, eleito no XVIII Congresso deste Partido realizado em Novembro último.

O Encontro entre as direcções dos dois Partidos - em que Jerónimo de Sousa esteve acompanhado por Manuela Bernardino, membro do Secretariado do CC e responsável da Secção Internacional e por Ângelo Alves, Membro da Comissão Política do CC, e em que José Luis Centella esteve acompanhado por Alberto G. Watson membro da Comissão Internacional do PCE - decorreu num ambiente de franca camaradagem tendo-se realizado uma larga troca de opiniões sobre a situação nos dois países, sobre diversos aspectos da situação internacional, bem como sobre as principais linhas de cooperação entre os dois Partidos Comunistas.

Assim e na sequência deste encontro o Partido Comunista Português e o Partido Comunista de Espanha:
1 - Constatando as consequências da crise estrutural do capitalismo e das políticas neoliberais e anti-sociais na situação económica em Espanha e em Portugal, manifestam a sua profunda preocupação com a linha conservadora que ambos os governos dos dois países seguem em nome do combate à crise e expressam o seu profundo desacordo com a ofensiva anti-social em curso contra os trabalhadores e os direitos laborais e sociais dos povos de Espanha e de Portugal, cujas consequências estão bem à vista seja nos níveis históricos de desemprego, seja no alastramento da pobreza e das desigualdades nos dois países.

2 – Denunciam as pressões, chantagens e a dramatização artificial da questão dos défices pela União Europeia junto de vários países, nomeadamente Portugal, Espanha e Grécia, para abrir campo a uma ainda mais intensa ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e dos povos que continue a garantir os lucros do grande capital, nomeadamente do capital financeiro. Sublinham que a forma como a União Europeia está a gerir a actual crise é reveladora do seu rumo neoliberal e do processo de centralização do poder político e económico, elementos que estão na génese da actual crise e que foram aprofundados com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa.

3 - Afirmam que a real saída da actual crise que afecta ambos os países passa por uma ruptura com as políticas dos governos do PSOE em Espanha e do PS em Portugal de apoio e comprometimento com os interesses do grande capital. Afirmam a sua determinação em prosseguir a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos sociais conquistados com décadas de duras lutas – com destaque para a luta pelo direito ao trabalho com direitos e pelos salários -, fortalecendo assim, através de amplas mobilizações populares, a construção de uma real alternativa política de esquerda que combata na origem as causas da presente crise.

4 – Saudando as importantes lutas de massas que se estão a desenvolver em Espanha e Portugal, assim como em outros países da Europa, afirmam a sua coincidência de posições na necessidade de uma ainda maior politização da luta dos trabalhadores e dos povos e sublinham a importância da luta ideológica no sentido de potenciar nas massas a necessidade da ruptura com o capitalismo.

5 – Valorizam os processos progressistas em curso na América Latina e manifestam em particular a sua solidariedade para com Cuba socialista, a Venezuela Bolivariana e a Bolívia. Saúdam os recentes sucessos eleitorais das forças progressistas na Bolívia. Denunciando a contra-ofensiva imperialista em curso em vários países da América Latina, rejeitam e reafirmam a sua intenção de lutar contra a campanha difamatória em curso contra Cuba, a sua revolução, dignidade e soberania. Neste quadro afirmam o seu empenho em contribuir para o sucesso das acções de solidariedade com os povos da América Latina a realizar por ocasião da cimeira UE - América Latina em meados de Maio na cidade de Madrid.

6 – Na sequência do Apelo “Pela Paz, Contra a NATO” aprovado em Lisboa em Março último e já subscrito por mais de 50 Partidos Comunistas e Operários, e do qual o PCP e o PCE são dois dos primeiros subscritores, reafirmam os perigos para a paz e a segurança mundiais decorrentes da acção da NATO e agora aprofundados com a intenção da revisão do seu conceito estratégico na Cimeira que terá lugar em Lisboa em Novembro próximo. Neste sentido os dois Partidos acordaram como uma das linhas da sua cooperação o fortalecimento da luta pela paz garantindo nomeadamente o sucesso das mobilizações previstas para Novembro em Portugal organizadas pela Campanha “Paz sim, NATO não”.

7 – Afirmam a sua vontade de prosseguir o estreitamento da sua cooperação bilateral em variadas áreas de que destacam a vontade de levar a cabo acções conjuntas na área da defesa do direito ao trabalho com direitos. Valorizando a importância do intercâmbio cultural entre os povos de Espanha e de Portugal darão seguimento à participação recíproca nas festas do “Avante!” e do PCE, a terem lugar em Setembro deste ano no Seixal e em Madrid, respectivamente.

8 – Continuarão contribuir para o reforço da cooperação multilateral dos Partidos Comunistas e Operários bem como para o reforço da cooperação das forças comunistas, progressistas e de esquerda no continente europeu, nomeadamente no seio do Grupo Unitário de Esquerda / Esquerda Verde Nórdica. No plano da cooperação multilateral valorizam o processo dos Encontros Internacionais de Partidos Comunistas e Operários e manifestam o seu empenho em contribuir para o sucesso do próximo Encontro que terá lugar em Dezembro na cidade de Joanesburgo, organizado pelo Partido Comunista Sul-Africano.

9 – Por fim sublinham que este Encontro entre o PCP e o PCE contribuiu para o aprofundamento do conhecimento recíproco e para o fortalecimento das relações de cooperação e amizade entre os dois Partidos.

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