Intervenção de Inês Zuber no Parlamento Europeu

A desindustrialização em Portugal

A desindustrialização em Portugal o estrangulamento financeiro da actividade produtiva e a destruição de milhares de empregos no sector industrial que colocaram um país numa situação de dependência externa - que hoje é mais clara do que nunca - iniciou-se com a adesão de Portugal à então CEE - o emprego nesse sector caiu dos 39% do total nacional em 1985 para cerca de 16% em 2012 e o peso do seu valor acrescentado no PIB nacional de 28,3% para 13,1%. E não se pense que este ritmo foi igual em toda a UE pois a taxa de desindustrialização em Portugal, após a adesão à CEE, foi várias vezes superior à taxa média da UE no mesmo período. Ou seja, o mercado único, as privatizações, o papel central atribuído ao capital estrangeiro, protegido pela UE, conduziram à anulação das potencialidades de desenvolvimento dos países mais periféricos. Se é evidente que o mercado não funciona para equilibrar a economia, é apenas o investimento público com vista à recuperação de indústrias básicas e estratégicas, ao desenvolvimento de indústrias de alto nível tecnológico que pode solucionar o problema. Para isso, a UE deveria não condicionar o investimento público dos EM, mas antes incentivá-lo e, óbviamente, fazer uma ruptura com as políticas da "consolidação orçamental" que asfixiam os mercados internos e externos, sem os quais a produção não faz sentido.

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