Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Comício «Defender, Repor e Conquistar Direitos»

Defender, Repor e Conquistar Direitos

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Amigos e Camaradas:

Uma saudação a todos vós, aos trabalhadores e ao povo do concelho de Almada, aos candidatos, activistas e eleitos da CDU, a todos os que se envolveram na batalha eleitoral que acabámos de travar para as Autarquias Locais, mas também a todos os que deram o seu apoio e o seu voto à nossa Coligação nestas importantes eleições.

O seu resultado não foi o que todos nós justamente aspiravamos, mas não há revés que possa abalar a nossa determinação em continuar a servir o povo deste concelho de Almada. Não há contratempo que possa apagar ou diminuir a obra realizada, os muitos anos de dedicação de sucessivos colectivos de homens, mulheres e jovens da CDU que fizeram de Almada uma cidade e um concelho de uma dimensão cultural e humana que não se pode ignorar.

Isso vê-se em todos os domínios da vida deste concelho, do desporto à cultura, da educação ao ordenamento do território, da habitação ao desenvolvimento económico, que não sendo de responsabilidade municipal directa, conheceram em Almada contributos significativos do município, mas também na defesa e protecção do ambiente quer ao nível da construção de espaços urbanos humanizados, ambientalmente equilibrados e dotados de equipamentos indispensáveis a uma vida social e colectiva, quer, particularmente, ao nível da água e do saneamento e que são uma marca indelével do projecto CDU.

Fizemos sempre tudo bem? Certamente não! Mas fizemos muito e muito bem muita coisa de que nos orgulhamos!

Um concelho e um Poder Local que se afirmou com trabalho, honestidade e competência, concretizando o projecto da CDU e que haveremos de saber retomar com o empenhamento, o esforço e a luta deste Partido, e das forças que connosco estão neste projecto de desenvolvimento unitário e democrático que é a CDU.

Cá estaremos para levar para a frente e não deixar cair os projectos de inquestionável qualidade que tínhamos em curso, e de que Almada precisa, para novos avanços no seu desenvolvimento, como são, entre outros, o de Almada Nascente, o projecto do Ginjal, o prolongamento do Parque da Paz, que preparámos e que estão prontos para conhecer a luz do dia.

Cá estaremos com os nossos eleitos nas Freguesias, na Assembleia Municipal, na Câmara para prosseguir o trabalho, convictos de que não há contrariedade que derrube a nossa capacidade de superar e recuperar das adversidades. Um trabalho que será traduzido, temos a firme certeza, em dedicação pelos nossos eleitos na defesa das populações no exercício do seu mandato em todos os órgãos autárquicos, onde tudo farão, como é atributo dos eleitos da CDU, para honrar os compromissos assumidos com o povo deste concelho.

Cá estaremos apoiando tudo o que seja positivo para o concelho, mas rejeitando e combatendo tudo o que seja negativo para as populações.

Nestas eleições assistimos a um empolamento negativo dos resultados eleitorais da CDU e houve até quem pela enésima vez viesse anunciar a inevitável e iminente morte do PCP e da CDU.

Mas, para lá dos comentários enviesados e de todas as considerações e balanços do deve e haver de maiorias municipais, cujas perdas não se subestimam, o que os resultados eleitorais continuam a confirmar é a CDU como a grande força de esquerda no Poder Local com uma presença em todo o território e com a manutenção no essencial da sua expressão eleitoral, bem evidente no seu mais de meio milhão de votos e nos 10,05 % de votação para as Assembleias Municipais.

Uma grande força que se confirma em importantes concelhos do País, nomeadamente aqui, e nas posições nas autarquias em que assume a presidência - 24 Municípios e 139 Freguesias e na sua significativa presença no conjunto dos órgãos autárquicos – 171 vereadores da CDU, 619 eleitos em Assembleias Municipais e 1665 em Assembleias de Freguesia, e que são a garantia que o seu reconhecido trabalho prosseguirá por todo o País, dando voz às populações, contribuindo para dar solução aos problemas, combatendo o que prejudique os direitos e o interesse colectivo.

Naturalmente que não se pode deixar de registar negativamente a perda pela CDU de 10 presidências de Câmaras Municipais que se reflectem em naturais sentimentos de insatisfação e até de injustiça, particularmente nesses concelhos, mas também naqueles que, por todo o País, se identificam, participam ou apoiam esse projecto democrático e unitário que é o projecto da CDU, esse espaço de realização comprovado ao serviço das populações.

Mas também em cada um destes concelhos lá estaremos para continuar o combate visando a sua recuperação e retomar o trabalho que, embora reconhecido, não foi agora devidamente valorizado e nalguns casos ofuscado pelas circunstâncias e factores que não foram apenas locais.

Naturalmente, não podemos deixar de fazer uma análise aprofundada dos resultados eleitorais e do que eles reflectem no plano local, para melhorar o nosso trabalho e a nossa intervenção, seja o papel desempenhado pelas listas de cidadãos eleitores, seja a persistência de problemas não resolvidos, seja aquele falacioso argumento de combate a “maiorias absolutas” concebido para retirar votos à CDU e que merecia uma mais decidida e ampla denúncia, mas não se pode omitir um conjunto de factores que influenciaram os resultados que não são apenas locais.

Não se pode omitir, nem subtrair o quadro político geral em que se travou esta longa batalha eleitoral e que também a marcou, incluindo aqui neste concelho de Almada.

Desde logo não se pode omitir o quadro de hostilização que acompanhou a intervenção do PCP e da CDU ao longo dos últimos meses e a sua influência negativa na afirmação do nosso trabalho, da nossa obra, da nossa intervenção e do nosso próprio projecto.

Estivemos perante uma campanha sistemática de ataque anticomunista que, com pretextos diversos, nacionais e, sobretudo internacionais, procurou avivar preconceitos, atribuir ao PCP posicionamentos e valores que não são seus, nem nunca foram. Uma campanha onde não faltou a caricatura deformadora e deturpadora das posições do PCP, do seu programa e projecto.

Não se podem deixar de considerar as consequências da ofensiva do governo do PSD/CDS contra o Poder Local que atingiu particularmente os critérios e os princípios do projecto autárquico da CDU, caracterizado pela prestação de serviço público e administração directa no espaço público.

Mas também não se pode omitir a acção persistente de desvalorização do papel do PCP na vida política nacional, silenciando a sua actividade e iniciativas, incluindo dando a terceiros e projectando noutros o que era o resultado da sua iniciativa e trabalho, o que era da sua acção e contribuição directa, incluindo de medidas de reposição de direitos e rendimentos que só foram concretizadas nesta nova fase da vida política nacional pela luta dos trabalhadores e a perseverança e acção propositivaintervenção do PCP. Como não se pode omitir a deliberada ocultação da CDU e dos seus candidatos em muitos casos numa descarada dualidade de critérios de esconder a CDU e dar rosto aos restantes.

E isso pesou no resultado eleitoral e ampliou-se à medida que o PS anunciava que precisava de mais força para prosseguir a sua acção governativa. Em certa medida, e para uma parte da população, as eleições locais foram transformadas em eleições de natureza nacional.

Mas aqui chegados, há uma coisa de que o País e os portugueses podem estar certos, nenhuma batalha eleitoral e o seu resultado determinarão a nossa decisão e vontade de servir o povo e o País.

E se o reforço da CDU nestas eleições era a solução que melhor servia o combate que travamos em defesa, reposição e conquista de direitos, delas não resulta a redução da influência real do PCP, nem do seu decisivo papel na nova fase da vida política nacional que continuará a assumir para, com a dinamização da luta, construir o caminho que garanta o desenvolvimento económico e social do País.

É esse caminho que é necessário prosseguir. Os tempos que aí vêm terão de ser tempos de dar novos passos e avanços, para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo e não ficar amarrados a constrangimentos que limitam ou impeçam esse rumo.

Tempos de defender, repor e conquistar direitos.

E aqueles que fazem o aproveitamento negativo dos resultados eleitorais contra o PCP, só podem esperar a nossa ainda mais decidida determinação na dinamização da acção política e do reforço do PCP para as batalhas futuras que aí estão!

Ninguém tenha ilusões!

Como já tivemos oportunidade de afirmar, não nos deixaremos condicionar por pressões, por conselhos envenenados, venham de onde vierem ou por resultados eleitorais, sejam eles quais forem.

Não nos desviaremos do nosso compromisso com os trabalhadores e o povo.

Só quem não conhece este Partido, a sua história e a sua coerência, pode alimentar essa ilusão!

Sim, camaradas e amigos!

A história deste Partido não é feita só de avanços e vitórias no plano político, social e muito menos no plano eleitoral. O que determina a nossa acção e a nossa luta é o nosso projecto e o nosso ideal inabalável de transformação da sociedade, sempre ao lado dos trabalhadores e do povo português, nos tempos de avanço ou nos momentos de recuo. É nessa ligação aos trabalhadores e ao povo, às suas justas aspirações, aos seus problemas, à sua luta que reside e residirá a razão para mais uma vez fracassarem as profecias da desgraça e da morte mil vezes anunciada e repetida e mil vezes falhada. Cá estamos prontos para prosseguir o nosso combate com este Partido que temos e este Partido que somos! Com este povo a que pertencemos!

Amigos e Camaradas:

Nestes quase dois anos da nova fase da vida política nacional, aberta com a luta dos trabalhadores e a acção decisiva do PCP foi possível, ainda que de forma limitada, fazer avançar medidas para responder a alguns dos problemas mais sentidos pelo povo português.

A situação do País continua, contudo, profundamente marcada pelas consequências duradouras de décadas de política de direita e de integração capitalista da União Europeia, pela submissão externa, pelo crescente domínio monopolista da economia nacional.

Os problemas de fundo do País há muito identificados, persistem e continuam a condicionar a sua vida e o seu desenvolvimento, particularmente as debilidades e défices estruturais com realce para o défice produtivo, agravados pela contínua perda de instrumentos de soberania, pela submissão aos interesses do grande capital e pela ausência de uma opção de desenvolvimento assente na afirmação da soberania e independência nacional. Défice produtivo que poderia ser combatido com uma firme política de defesa dos nossos próprios recursos e de valorização do nosso saber fazer, como é o caso do Arsenal do Alfeite, onde falta investimento na valorização dos recursos humanos, tecnológicos e de requalificação de infraestruturas, para dar resposta às necessidades da Marinha Portuguesa e abrir outros horizontes de futuro à empresa.

Problemas que colocam cada vez mais o País perante a imperativa necessidade de optar entre o aprofundamento deste rumo de submissão e dependência, que o conduzirá a prazo ao desastre, ou o da libertação do País dos constrangimentos e amarras a que tem estado e está sujeito e afirmar e garantir o seu desenvolvimento soberano.

Também no plano político confirmam-se aspectos há muito identificados: PSD e CDS com uma acção retrógrada, reaccionária e revanchista que impele toda a sua acção visando a reposição das condições de exploração e empobrecimento que protagonizaram durante o seu anterior governo de coligação. O PS vinculado a opções de defesa dos interesses do grande capital e de submissão externa que coartam a possibilidade de dar resposta aos problemas de fundo da vida nacional.

Portugal precisa de encontrar outras soluções.

A situação dos trabalhadores, do povo e do País revela a necessidade e a urgência de uma política alternativa.

A dimensão dos incêndios e suas consequências, a situação de carência dos serviços públicos, nomeadamente no SNS e nos transportes, como está patente na grave situação que se apresenta, por exemplo, na Soflusa e Transtejo, a evolução na PT e a chantagem e repressão desta empresa sobre os trabalhadores, a drenagem diária de dezenas de milhões de Euros para o estrangeiro em dividendos e juros, a ofensiva do grande patronato contra direitos dos trabalhadores, os baixos salários e a precariedade, as injustiças e desigualdades sociais, os atrasos e as debilidades do aparelho produtivo, são expressões de uma realidade que não se compadece com o arrastamento e adiamento de respostas e soluções como pretende o Governo PS.

Portugal está, e continua, particularmente exposto a desenvolvimentos negativos no plano internacional e não abandonará a sua condição dependente e periférica sem uma política que enfrente os constrangimentos a que está sujeito: uma dívida insustentável, a submissão ao Euro e aos grupos monopolistas.

Portugal precisa de seguir um caminho diferente, em ruptura com a política de direita. Precisa de elevar a um outro patamar a resposta aos seus problemas de fundo.

Precisa de uma política capaz de ultrapassar e superar os seus défices estruturais – para além do produtivo, o energético, o científico, o alimentar, o demográfico, causas do seu prolongado declínio.

Uma política que, recusando o regresso a um passado recente de brutal agressão a direitos e de abdicação nacional, também não fique prisioneira das imposições externas e dos interesses do grande capital como pretende o governo minoritário do PS.

Portugal precisa de uma política patriótica e de esquerda e o PCP afirma-se como a grande força portadora dessa política alternativa de que o País precisa.

E a afirmação dessa alternativa precisa do reforço do PCP, da sua acção e influência eleitoral, como elemento decisivo para sua concretização.

É afirmando a necessidade dessa política alternativa patriótica e de esquerda que continuamos a desenvolver a nossa acção e intervenção, em estreita ligação com quotidiano e permanente combate que travamos pela elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo.

É para esse combate que, no imediato, nos mobilizamos e dedicamos os nossos esforços, dinamizando e dando força à luta dos trabalhadores e do povo na defesa dos seus legítimos interesses e contra a ofensiva concertada do grande capital.

Essa luta que não parou e hoje continua, envolvendo os trabalhadores a partir das empresas e locais de trabalho e dos mais variados sectores. Lutas como as que têm vindo a desenvolver os trabalhadores da PT, da Autoeuropa, da Hannon Sistems ou na Somincor contra a ofensiva das multinacionais. Mas também os trabalhadores da Administração Pública com greve marcada para o próximo dia 27 de Outubro e a dos profissionais das forças e serviços de segurança que anteontem saíram à rua, que contam com o apoio e a solidariedade do PCP, tal como conta a grande manifestação nacional convocada pela CGTP-IN para Lisboa e a realizar no próximo dia 18 de Novembro!

Amigos e Camaradas:

A vida mostrou nestes últimos tempos de evolução da situação do País quão falaciosa e mistificadora era a tese que identificava crescimento económico com medidas de agravamento de exploração e empobrecimento.

Hoje está muito claro o papel do vasto conjunto de medidas tomadas de reposição de direitos, salários e rendimentos dos trabalhadores e do povo, apesar de ainda insuficientes e limitadas, quer para conter o caminho de empobrecimento do povo que vinha sendo seguido, mas também para travar o retrocesso económico.

Não é o que poderia ser com outra política, como aquela que defendemos, mas tais medidas para além de traduzirem as possibilidades abertas pela actual relação de forças na Assembleia da República, com o papel determinante da luta dos trabalhadores e do povo e da acção do PCP, confirmam de forma muito nítida que se há evolução económica ela é inseparável da reposição de direitos e salários.

A teoria do grande capital e da política de direita que o País afundaria com a reposição de direitos e salários faliu e comprovou a justeza da luta que travamos pela defesa, reposição e conquista de direitos. Luta que prosseguimos com o objectivo de levar o mais longe possível esse processo de recuperação e conquista a favor dos trabalhadores e do povo, e do próprio desenvolvimento do País.

Ontem foi apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2018.

Trata-se de uma proposta que acolhe elementos que se valorizam e que são inseparáveis da contribuição decisiva do PCP e que se traduzem em novos passos dados no sentido da defesa, reposição e conquista de direitos.

Trata-se, contudo, de uma proposta que, globalmente, está ainda longe de corresponder à resposta necessária para recuperar os níveis de degradação das condições de vida, impostos pela política de direita, com os PEC e o Pacto de Agressão e intensificada pelo governo PSD/CDS. Tal como está muito distante da real possibilidade de dar novos e mais substanciais passos na resposta a problemas do País.

A proposta de Orçamento apresenta avanços que têm a marca tem a marca da intervenção do PCP com a sua proposta e intervenção, patente na consolidação das medidas adoptadas nos últimos dois anos, na reposição de direitos e rendimentos dos trabalhadores, na introdução de critérios de justiça fiscal, no aumento do valor real das pensões.

Regista-se com particular significado a actualização do chamado mínimo de existência – limite que isenta de IRS os salários e as pensões de reforma mais baixaos a efectivar com a liquidação à colecta – que abrangerá largoas centenas de milhares de trabalhadores e reformados e que pode significar uma redução do imposto até 480 euros.

Mas também as alterações ao IRS com a criação de dois novos escalões e que se traduzirá num desagravamento do 2º e 3º escalões abrangendo dois milhões e 800 mil pessoas centenas de milhar de pessoas e n com uma redução efectiva de imposto em 2018 de que pode ascender a, respectivamente, de 220 198,50 euros e 290 293,80 euros por pessoa ou o dobro por casal (sujeito passivo).

Sublinham-se igualmente os novos passos com a eliminação em 2018 da restrição de direitos dos trabalhadores da Administração Pública: horas extraordinárias, trabalho nocturno, horas de qualidade. EA a consagração do direito à progressão na carreira para os trabalhadores que o tenham adquirido, repondo integralmente até ao fim da legislatura as remunerações correspondentes. Assim como a revisão da tabela remuneratória dos assistentes operacionais.

O aumento geral das pensões e o novo aumento extraordinário das pensões de reforma que dáão um novo passo na recuperação do poder de compra dos reformados, pela qual o PCP se tem batido, teêm particular significado. Um aumento extraordinário que abrangerá 1 milhão e 600 mil reformados e permitirá atingir os 10 e os 6 euros em 2018 nos mesmos termos em que ele ocorreu, também por proposta e insistência do PCP, em 2017.

Registe-se ainda com a contribuição do PCP a abertura de vagas para vinculação de professores ao fim três de contratos e a redução do IVA dos instrumentos musicais.

constituindo pelo segundo ano consecutivo uma recuperação do poder de compra perdido. 1 milhão e 600 mil reformadosA medida abrangerá mais de
Registamos ainda o compromisso assumido para aprovação da proposta que o PCP irá novamente apresentar de aumento de 7% para 9% da derrama estadual de IRC a pagar pelas empresas com mais de 35 milhões de euros de lucros, bem como do compromisso para o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares e a eliminação do corte de 10% no subsídio de desemprego.

Mas se este conjunto de medidas de avanço não são negligenciáveis, não iludem uma questão central: o Orçamento do Estado agora apresentado é um orçamento da responsabilidade do governo do PS. Um orçamento limitado por opções e constrangimentos que o impedem de ir mais longe, como se impunha e era necessário.

A assumida opção do governo do PS de não se libertar dos seus compromissos com os interesses do grande capital e da sua postura de submissão e dependência externa, designadamente às imposições da União Europeia e do Euro, acrescidas de metas de redução do défice que o governo impõe a si próprio, bem como a recusa de uma solução para a dívida insustentável, limitam a resposta a muitos dos problemas com que os portugueses se confrontam, mas também o investimento público necessário a um programa de desenvolvimento do País e, sobretudo, impede a adopção de uma política que dê resposta aos problemas estruturais do País.

A discussão na generalidade que agora se iniciará permitirá fazer uma avaliação mais definitiva. É esse trabalho de exame comum que vai prosseguir. Não há Orçamentos antecipadamente aprovados à margem do seu conteúdo concreto. É esse trabalho que, seriamente, o PCP prosseguirá, contribuindo para limitar aspectos negativos, consolidar avanços adquiridos, dar novos passos.

E se a nossa atenção está neste momento focada em torno do Orçamento do Estado e na necessidade deste ir mais longe na resposta aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do povo português, não vamos deixar de assumir o combate necessário contra o arrastamento de respostas e soluções, como pretende o governo do PS, à eliminação das normas gravosas do Código do Trabalho, à valorização dos salários como o da fixação do salário mínimo nacional em 600 euros em Janeiro de 2018 ou ao aumento dos salários na Administração Pública.

Factores que pesam, com os elementos contraditórios conhecidos, na apreciação geral da actual fase da vida política nacional.

Por isso, o PCP vai continuar a bater-se pela reposição completa em 2018 dos direitos que ainda não foram assegurados.

Vai continuar a bater-se pela fixação do salário mínimo nacional em 600 euros em Janeiro de 2018.

Vai continuar a bater-se pela garantia do aumento salarial para todos os trabalhadores, incluindo os trabalhadores da Administração Pública.

Vai continuar a bater-se pelo a eliminação do corte no subsídio de desemprego, pelo alargamento da gratuitidade dos manuais escolares ao 2º e 3º ciclo, pelo reforço da medida extraordinária aos desempregados de longa duração, pelo aumento dos impostos sobre os lucros muito elevados, com o adicional à derrama sobre as empresas com lucros superiores a 35 milhões de Euros. pela redução da contribuição dos trabalhadores da Administração Pública para a ADSE.

Vai continuar a bater-se para que seja estabelecido e concretizado o investimento público que garanta a contratação dos profissionais e dos meios necessários para a melhoria dos serviços públicos, do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública, dos transportes e infraestruturas, da Justiça, das forças e serviços de segurança, nas florestas,das Forças Armadas, nda ciência e das florestas assegurando neste domínio as medidas para adequar em meios a resposta necessária tão dramaticamente sentida este ano.

Vai continuar a bater-se pela concretização da redução do preços da energia, designadamente do gás de botija. Vai continuar a bater-se pela concretização do princípio de que a um posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo efectivo.

Sem desperdiçar nenhuma oportunidade para elevar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, podem contar com o PCP para intervir e lutar para que se avance na defesa e reposição dos seus direitos, em novos avanços e conquistas que elevem as suas condições de vida.

Tal como o desígnio da dinamização do aparelho produtivo, adoptando uma política de Estado que substitua importações por produção nacional, promova a reindustrialização do País, aproveite as potencialidades existentes na agricultura e nas pescas.

Portugal tem condições para assegurar o desenvolvimento soberano a que tem direito! E esse é o caminho que precisamos de fazer!

Amigos e Camaradas:

O PCP é a força necessária e insubstituível na defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País e para a construção da alternativa patriótica e de esquerda.

Temos uma intervenção que se distingue e marca a diferença em todas as instituições em que estamos presentes, com uma intervenção intensa combatendo o que é negativo, não desaproveitando nenhuma possibilidade de melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo.

A situação que vivemos exige uma forte iniciativa política, na afirmação da alternativa, no desenvolvimento da luta de massas e do fortalecimento das organizações e movimentos unitários de massas, na dinamização de uma intensa acção na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, no lançamento do novo mandato nas autarquias locais, concretizando o projecto autárquico assente no trabalho, honestidade e competência ao serviço das populações.

Nas próximas semanas colocam-se ao Partido e às suas organizações exigências de direcção decorrentes do processo de instalação dos órgãos autárquicos e o início da tomada em mãos da concretização dos compromissos eleitorais assumidos.

Realizaremos já neste mês de Outubro, nos dias 26, 27 e 28 uma jornada nacional de informação e contacto com os trabalhadores e a população sobre os avanços verificados e as medidas necessárias para ir mais longe na defesa reposição e conquista de direitos, e por uma política patriótica e de esquerda.

Em breve estaremos na rua, nos locais de trabalho e com propostas nas instituições dando corpo a uma campanha de valorização do trabalho e dos trabalhadores, pelo aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional, pelos direitos dos trabalhadores, a que se junta a acção em curso de combate à precariedade, bem como de iniciativas prosseguindo a intervenção em torno das questões da produção, do emprego e da soberania.

Fecharemos o programa das comemorações do Centenário da Revolução de Outubro com várias iniciativas e com um comício de encerramento em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, no próximo dia 7 de Novembro.

Somos um Partido que os trabalhadores, o povo e o País precisam que seja cada vez mais forte.

Precisamos, por isso, de empreender um trabalho que dê concretização às orientações para o reforço do Partido decididas pelo XX Congresso, porque do seu reforço não só dependerá a garantia da defesa dos interesses dos trabalhadores e dos interesses populares, mas o êxito da concretização de uma política verdadeiramente alternativa à política de direita em Portugal.

Temos um Partido como nenhum outro. Um Partido que está firme no seu ideal. Um Partido que afirma e reafirma a sua natureza e identidade comunistas na concretização de uma política patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada, por uma sociedade nova, liberta da exploração e da opressão - o socialismo e o comunismo.

Um Partido que aqui, mais uma vez, reafirma o seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo e a sua firme disposição de continuar a vencer dificuldades e obstáculos, lutando, todos os dias, em todas as frentes, pela construção de um Portugal com Futuro!

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