Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

Declaração de voto do PCP sobre o falecimento de Nelson Mandela

Voto de pesar pelo falecimento de Nelson Mandela
(voto n.º 163/XII/3.ª)

Sr.ª Presidente,
Srs. Membros do Governo,
Srs. Deputados:
Neste dia, honramos a memória e o exemplo de Nélson Mandela.
O Grupo Parlamentar do PCP congratula-se com a elaboração deste voto e, seguramente, com a sua aprovação.
O grande exemplo de Nelson Mandela é um exemplo de luta, de inconformismo, é um exemplo de que, por mais difícil que seja, a luta quando é justa vale sempre a pena. E Nelson Mandela pagou o preço dessa luta com 27 anos de prisão nas cadeias do regime do apartheid.
É preciso dizer que isso aconteceu sob a acusação da prática de atos de terrorismo, porque Nelson Mandela dirigia a luta armada do ANC, do povo da África do Sul para derrubar esse hediondo regime do apartheid. Por isso, pagou com 27 anos de prisão, com uma condenação a prisão perpétua, que não foi executada precisamente porque o povo sul-africano, a sua luta, a luta do ANC derrubaram o regime do apartheid.
E o regime do apartheid não caiu pela benevolência dos seus defensores, caiu porque a luta de Nelson Mandela, a luta de Walter Sisulu, a luta de Oliver Tambo, a luta de Joe Slovo, a luta de milhares de patriotas sul-africanos lutadores pela liberdade da África de Sul, a luta do povo da África do Sul conseguiu derrubar esse regime hediondo.
Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, a reconciliação pela qual Mandela tanto lutou não pode ser ocultada da História, porque a História tem de ser conhecida precisamente para que não se repita. E é bom que se assumam essas responsabilidades, como, aliás, se assumiu na África do Sul, através da Comissão de Verdade e Reconciliação — foi da reconciliação, mas foi da verdade.
É preciso dizer que, em 1987, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução exigindo a libertação incondicional de Nelson Mandela, teve apenas três votos contra: o dos Estados Unidos, de Ronald Reagan, o do Reino Unido, de Margaret Thatcher e o de Portugal, de Cavaco Silva.
A História não pode ser escondida.
Neste dia, em que todos, e felizmente por unanimidade, honramos a memória de Nelson Mandela, é preciso recordar a História precisamente para que não se repita.

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