Intervenção de

Debate sobre Timor-Leste - Intervenção de Pedro Guerreiro no PE

Como é sublinhado, na proposta de resolução do nosso Grupo parlamentar, neste momento, o que é fundamental é:

- Expressar a solidariedade para com o povo timorense e condenar os
ataques ao Presidente da República e ao Primeiro-Ministro de
Timor-Leste;

- Sublinhar que tais ataques apenas podem visar o aprofundamento da
instabilidade na situação política timorense, criada com os
acontecimentos de 2006 e de 2007 e mantida com o processo político
resultante das últimas eleições legislativas neste país;

- Apelar à realização de uma aprofundada investigação que, dentro do
quadro legal e constitucional de Timor-Leste, identifique e julgue os
principais responsáveis por tais ataques;

- Alertar para possíveis manobras que, a propósito destes
acontecimentos, visem justificar novos desenvolvimentos na acção de
ingerência externa e que ponham em causa a independência e a soberania
de Timor-Leste.

Por isso mesmo, discordamos da resolução comum do Parlamento Europeu que, entre outros aspectos:

- Procura escamotear toda a ingerência externa que tem visado condicionar e moldar as livres escolhas do povo timorense;

- Procura desresponsabilizar, ao tentar colocar "todos no mesmo saco",
os principais responsáveis e mentores da violência e da
desestabilização da situação em Timor-Leste;

- Procura omitir que para a compreensão da actual situação em
Timor-Leste é necessário não esquecer que o seu povo foi vítima do
colonialismo, de uma brutal repressão e da destruição do País, tendo o
seu povo conquistado heroicamente a independência e a soberania,
nomeadamente, sobre os recursos naturais, num passado ainda muito
recente, inclusive num quadro em que em momentos fundamentais da sua
luta foi abandonado pela denomina da "comunidade internacional";

Uma resolução que, apesar de referir o respeito pela soberania do povo
de Timor-Leste, é um repositório de ingerência nos assuntos internos
deste País, de facto, enquadrando-se numa visão que procura apresentar
Timor-Leste como um dito "Estado-falhado".

Enfim, uma resolução que escamoteia que a solução é política e que esta está unicamente nas mãos do povo de Timor-Leste.

Povo timorense que, aliás, já deu exemplos mais que suficientes de
dignidade e de coragem e a quem expressamos a nossa confiança na sua
capacidade de, pelas suas próprias mãos, afirmar Timor-Leste como um
país soberano e independente.

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