Nos últimos anos, sucederam-se os casos de fraude na cadeia alimentar perante o falhanço de todo o quadro regulamentar existente.

Da carne de cavalo que passou por carne de bovino, à contaminação com dioxinas, passando pela entrada na cadeia alimentar de produtos derivados de animais clonados, de forma não autorizada, pela adulteração de bebidas alcoólicas, pelos produtos anunciados como biológicos que o não são, entre outros exemplos.

São escândalos que denotam a fragilização crescente de princípios básicos de salvaguarda da saúde pública, dos direitos dos consumidores, da qualidade e segurança alimentares.

Uma fragilização que se prende não apenas com insuficiências do quadro regulamentar existente mas que sobretudo é indissociável da crescente desregulação e liberalização das políticas agrícolas e comerciais; da complexificação e aumento da extensão das cadeias alimentares, dos modelos de produção intensiva de cariz exportador, que favorece a grande agro-indústria e que aniquila a pequena e média agricultura, elevando a níveis preocupantes a dependência alimentar de muitos países.

Não basta falar de regulação e controlo. Os escândalos continuarão, uns conhecidos outros encobertos, enquanto estas políticas e estes modelos não forem profundamente alterados.