Em teoria este é um avanço no sentido da implementação de uma taxa sobre as transacções financeiras que há muito vimos reivindicando. Na prática, esta proposta poderá não passar de uma manobra de propaganda. Desde logo, por se tratar de uma cooperação reforçada de 11 países, deixando de fora todos os que nem o pouco que esta proposta visa aceitaram. Depois, porque o valor da taxa poderá ser fixado por cada país, ou seja, não é difícil prever que se assistirá a um concurso para ver quem fixa a menor. E porque a grande e ilegal circulação vai continuar pelos offshores - locais do crime económico que UE mantém intocáveis. É apenas uma forma de responder a opiniões públicas e à crítica em relação ao sistema financeiro sem, no entanto, tocar no sistema financeiro. Na Europa, quase 5 biliões de euros de ajudas públicas serviram para salvar a banca e o sistema financeiro nos últimos três anos. A única referência à utilização dos valores assim gerados aponta para a diminuição proporcional das contribuições dos Estados-Membros para o orçamento da UE, sem fixar objectivos concretos de combate às desigualdades entre países e dentro de cada país! Quem paga os custos da crise são efectivamente os povos e os trabalhadores.