Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República, Reunião Plenária

O Conselho Europeu devia ser para garantir os direitos das populações e não financiar grupos económicos

Ver vídeo

''

Este “debate preparatório do Conselho Europeu” foi agendado por causa da reunião marcada para a próxima semana, com uma ordem de trabalhos que inclui temas como a revisão do Quadro Financeiro Plurianual, do Orçamento da União Europeia, ou a Economia.

E para um país como Portugal, esse debate da revisão do Orçamento da União Europeia é de uma importância evidente. Havendo questões que são incontornáveis nas opções políticas que estão colocadas.

Qual é a perspetiva? É o reforço da Coesão, questão crucial para o nosso país e em que ficámos a perder neste Quadro? Sabemos que não é, Sr. Primeiro-Ministro.

A perspetiva é um orçamento reforçado, baseado no rendimento nacional bruto dos estados, com opções de investimento dirigidas às reais necessidades dos povos?

A opção é responder aos problemas da inflação, do aumento das taxas de juro, aos sacrifícios dos trabalhadores para que alguns possam lucrar milhões?

Ou é financiar ainda mais a partir do orçamento, em nome de uma “soberania europeia” assim chamada, determinadas áreas industriais que afinal correspondem (outra vez!) a gigantes do poder económico e às grandes potências da União Europeia, com o STEP e outros?

Ou é alimentar a deriva militarista, dirigindo recursos substanciais para o armamento e a guerra, que tanta falta fazem ao desenvolvimento?

E sobre a Palestina e o Médio Oriente, o Sr. Primeiro-Ministro já falou aqui neste debate em “cessar-fogo”, em “diplomacia”, em “solução política” – mas a posição comum que o Governo português subscreveu entre o Conselho Europeu nada diz sobre isso!

Pelo contrário, foi uma posição de seguidismo e cumplicidade para com a chocante atuação de Ursula von der Leyen (que certamente tem a concordância da extrema-direita) perante os crimes de guerra que continuam a ser praticados pelo estado de Israel.

O Sr. Primeiro-Ministro volta a falar em solução de dois estados – quando essa solução tem sido sistematicamente ignorada e rejeitada pelo Governo e pela União Europeia: nem sequer reconheceram o Estado da Palestina, até hoje!

E o ínfimo apoio à Autoridade Palestiniana contrasta com os milhares de milhões de euros de financiamentos da União Europeia, até mesmo para a construção de colonatos ilegais e ao complexo militar do Estado de Israel!

Sr. Primeiro-Ministro, a pergunta é – considera que é com as políticas que têm sido seguidas até agora na União Europeia que se está a dar um contributo sério para a Paz no Médio Oriente? Considera que pode haver Paz sem o fim da ocupação, da negação dos direitos do povo palestiniano, das violações do direito internacional?

Vão continuar os votos pios de Bruxelas enquanto as bombas continuam a cair em Gaza?

 

 

 

 

  • União Europeia
  • Intervenções
  • Conselho Europeu