Declaração escrita de João Ferreira no Parlamento Europeu

Conselho Europeu de 23/24 de Junho

São bem visíveis os efeitos dramáticos da dita austeridade. Como muitos avisaram há um ano, o programa FMI-UE grego, para além do desastre económico e da devastação social que causou, revelou-se incapaz de cumprir os próprios objectivos que alegadamente o justificaram: as metas de redução do défice não foram cumpridas, a dívida pública do país rondará neste momento os 170% e os juros exigidos pelos "mercados" sobre a dívida pública dispararam. Não obstante, o Conselho Europeu prepara um novo ataque.

Para além dos programas FMI-UE, de idêntico recorte, que querem aplicar na Irlanda e, agora, em Portugal, preparam-se para reforçar o ataque à Grécia, intensificando o esbulho do seu povo. Tratam-se de novos passos neste processo de ingerência e de extorsão, de cariz abertamente colonial.

Querem com a governação económica institucionalizar e eternizar as políticas e as medidas de ingerência associadas às intervenções FMI-UE actualmente em curso. Pretende-se que a "condicionalidade" seja permanente, assim como o controlo externo sobre as contas e as políticas nacionais, sujeitas a uma fiscalização apertada por parte do directório de potências da UE. A violação (ou mesmo a simples ameaça de violação) dos seus ditames seria motivo de pesadas sanções.

São desenvolvimentos inaceitáveis, que revelam o carácter retrógrado, reaccionário, anti-democrático, desta União Europeia.

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