Intervenção de Rui Fernandes, membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro «Os comunistas e o movimento sindical – uma intervenção decisiva para a organização, unidade e luta dos trabalhadores»

Combater o racismo e a xenofobia, expressões da natureza do capitalismo

Combater o racismo e a xenofobia, expressões da natureza do capitalismo

A realização deste Encontro ganha importância acrescida num tempo em que se intensifica a exploração dos trabalhadores e o ataque aos seus direitos, um tempo que impõe a intensificação da acção, da intervenção, da iniciativa partidária e sindical e da luta de massas.

A resposta dos trabalhadores à opressão e exploração de que são vítimas, para ser eficaz, depende da sua unidade. É no caldo de cultura gerado por políticas que continuam a adiar a resposta a questões fundamentais, que a instigação do racismo e da xenofobia por forças reaccionárias, assume-se como mais um elemento para a divisão dos trabalhadores e os povos, e ofuscar as responsabilidades do sistema capitalista.

O racismo e da xenofobia sendo uma das expressões intrínsecas à natureza do capitalismo, é usado como uma arma de divisão dos trabalhadores para potenciar a sua exploração.

A instigação do racismo serve de instrumento legitimador de um conjunto de práticas, discriminações e opressões que recusam direitos, visando deixar um conjunto largo de trabalhadores mais indefesos perante as investidas do patronato.

O racismo, ao dividir os trabalhadores, facilita a sua exploração, porque lhe enfraquece a resposta, e, no caso extremo, deixa um alvo da exploração completamente isolado da sua classe.

Para que o combate ao racismo e à xenofobia não seja como um tambor, que faz muito ruído mas é oco por dentro, e seja consequente, não pode escamotear as discriminações e segregações sociais e as suas raízes, a exclusão e a marginalização existentes que exigem, para serem superadas da solidariedade de classe e da unidade e luta de todos os trabalhadores.

Privilegiar o debate, a intervenção e organização em função de uma etnia ou da côr da pele para afirmar uma identidade, deixando na sombra o sistema de exploração e esvaziando a identidade de classe, como defendem as teses identitárias burguesas, não só são de fraco e duvidoso alcance, como descentram a luta das suas raízes mais profundas– a luta de classes entre o trabalho e o capital.

Para nós comunistas, o combate ideológico à difusão de ideias racistas e xenófobas é uma causa de sempre do PCP, faz parte da sua história, faz parte da sua luta presente contra a exploração capitalista, e só será plenamente vitoriosa com a transformação revolucionária da sociedade e o fim da exploração do Homem pelo Homem.

No momento actual, a grande estratégia de combate ao racismo de que Portugal necessita, passa por serem cumpridos e efectivados os valores e o projecto Constitucional, que não só repudia o racismo, como pugna por políticas para lhe fazer frente.

Passa pela dignificação do trabalho e dos trabalhadores, o acesso de todos à educação a todos os graus de ensino, à Saúde, à Habitação condigna, à Segurança e à Justiça.

Tal acção requer o desenvolvimento de linhas de trabalho adequadas ao envolvimento dos trabalhadores em situação de grande fragilidade reivindicativa e social, e uma acção sindical que integrando as reivindicações de todos os trabalhadores, cuide dos aspectos particulares em sectores com grande predominância de trabalhadores imigrantes como a agricultura, as pescas, a hotelaria, as limpezas, entre outros, encontrando formas organizativas e de intervenção para lhes responder.

Reforcemos pois a organização e intervenção do Partido, garantindo presença assídua nas empresas, dando expressão às aspirações dos trabalhadores e dinamizando a luta reivindicativa das organizações de classe dos trabalhadores, tendo como parte integrante dessa acção o combate ao racismo e à xenofobia, esclarecendo e trazendo à luta comum todos os trabalhadores.

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