Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral

Comício/Festa da CDU em Alfama

 

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
no Comício/Festa da CDU nas Portas do Sol
Alfama, 12 de Julho de 2007

As nossas mais cordiais saudações a todos os presentes e a todas as componentes e cidadãos independentes que têm dado vida ao amplo espaço de participação democrática que é a nossa Coligação Democrática Unitária.
Uma saudação também a todos os que estão há dois meses a trabalhar junto da população para afirmar e garantir a CDU como uma solução para resolver os seus problemas e melhorar Lisboa.
Estamos na recta final da campanha eleitoral. As eleições são já no próximo Domingo.
Eleições que constituem uma importante batalha que é preciso travar até ao último momento, porque elas são uma grande oportunidade para assegurar uma gestão democrática e de esquerda para a cidade de Lisboa.
Uma grande oportunidade para romper com um passado e com uma política que conduziu Lisboa ao marasmo, à desorganização e à descredibilização política.
As eleições do próximo Domingo são uma grande oportunidade de eleger cidadãos em quem os lisboetas possam confiar.
Lisboa precisa, mais do que nunca, de homens e mulheres à frente do município capazes de concretizar um projecto alternativo de desenvolvimento da cidade, mas também de homens e mulheres que correspondam inteiramente à ideia de Trabalho – Honestidade – Competência, que justamente as populações associam à CDU.
Homens e mulheres – candidatos – de uma força política que é reconhecida por honrar os compromissos assumidos, fazer o que diz, cumprir o que promete.
Valores que são um património que nos orgulhamos de assegurar, particularmente quando à nossa volta se vêem rasgados os compromissos que se assumiram, quer ao nível do poder local, quer ao nível do governo central.
Candidatos com provas dadas, com um passado de luta em defesa das populações, das grandes causas da democracia, do poder local e da justiça social e do desenvolvimento.
Candidatos de uma força política com obra realizada e que não teme comparações.
Uma força política que há muito pensa Lisboa, age em Lisboa e está com o povo de Lisboa.
Uma força política que se apresenta às claras e não se esconde por detrás de ilusórias independências que estariam todos contentes se o PS e o PSD os incluíssem nas suas listas.
Uma força política que se apresenta para servir as populações e não como trampolim para promoções pessoais.
Uma força política que tem um projecto para a cidade de Lisboa.
Projecto que tem como preocupação central a defesa da qualidade de vida das populações e a sua afirmação e prestígio como capital do país e não os grandes interesses especulativos.
É para a concretização desse projecto que quer servir apenas Lisboa e o seu povo que nós dizemos que o voto dos Lisboetas é na CDU.
A CDU é sem dúvida a força alternativa que Lisboa precisa!
Há quem ande incomodado, porque nós não apenas afirmamos que a queda da Câmara Municipal de Lisboa é o resultado da falência do projecto da direita, de seis anos de governação desastrosa do PSD e do CDS, mas também o resultado da acção do PS que, em questões decisivas, não só foi conivente com essa governação, como apoiou muitas das medidas que conduziram à desastrosa situação a que foi conduzida Lisboa.
O PS assumiu graves responsabilidades com o que de pior foi feito nestes últimos seis anos, e é por isso, que nós dizemos que o PS também não é uma alternativa política credível para a gestão da cidade de Lisboa.
É bom que os lisboetas não esqueçam no próximo Domingo, no dia da votação, que é o momento de não só de fazer contas com seis anos de governação do PSD e CDS, mas também com os que estiveram comprometidos, como o PS, com os principais escândalos e negócios urbanísticos que lançaram a suspeita sobre a autarquia e a cidade.
É importante que os lisboetas, não esqueçam a responsabilidade conjunta desses partidos pela situação financeira caótica do município de Lisboa, pela desarticulação e inércia a que conduziram os serviços municipais e com eles a degradação da vida dos lisboetas.
O que Lisboa precisa não é de maiorias claras, mas sim de políticas claras e transparentes.
Clareza e transparência que manifestamente a candidatura do PS não assegura. 
Ainda a procissão vai no adro e já os seus compromissos com a direita – de José Miguel Júdice a Maria José Nogueira Pinto – são confessados e exibidos.
Mais cedo do que se esperava, ainda não se foi a votos, já está aí o governo, com o aplauso do até agora ministro António Costa, a pôr o pé em cima da cidade, a tomar conta de áreas tão sensíveis como é a zona ribeirinha.
Não é depois de casa arrombada que se metem trancas à porta!
Os lisboetas conhecem bem e amargamente o que valeram as promessas do PS nas últimas eleições para o município de Lisboa.
Tal como conhecem também amargamente o que valeram as promessas do Governo do PS em relação aos problemas do país e de Lisboa.
E esta é mais uma razão não só para pôr fim ao caos deixado pelo PSD, CDS e Carmona, mas para os Lisboetas não permitirem que o seu voto se vire contra si, dando força ao governo do PS para prosseguir a sua política anti-social e anti-popular.
É certo que o voto de Lisboa é um voto para mudar a câmara, mas também é um voto de protesto contra a política do governo do PS.
Um voto que pode e deve ser também de exigência de mudança de rumo das políticas em Lisboa e no país.
Protesto contra uma política do governo do PS que em vez de privilegiar o crescimento económico e o emprego, apenas agravou o desemprego.
Lisboa tem hoje mais desempregados e mais desemprego de longa duração.
Situação que todos os dias se agrava, como esta semana com mais 220 trabalhadores despedidos, aqui, pela TAP e pertencentes à Portugália.  
Protesto contra as soluções neoliberais de desregulamentação e precarização das relações laborais e a brutal ofensiva contra os direitos duramente conquistados por gerações de trabalhadores.
Contra as medidas de precariedade permanente do trabalho e da própria vida como acontece de forma crescente com milhares de pessoas que trabalham nesta cidade de Lisboa.

Protesto contra a política de redução dos salários reais e a perda de poder compra das reformas e das pensões face ao sistemático aumento do custo de vida e que tem uma particular incidência na população de Lisboa hoje mais envelhecida. É curioso camaradas! Aqui há poucos meses atrás num artigo de Jornal o actual mandatário da lista PS punha preto no branco: menos salários, mais anos a trabalhar e reformas mais baixas, emprego pior, menos férias e subsídio de férias!
É o mandatário certo para este PS e para a sua política injusta!.
Voto de Protesto contra uma política que, em vez de apoiar os micro e pequenos empresários, nomeadamente o comércio tradicional de Lisboa, acentuou todos os factores de crise e de estagnação, e favoreceu os grandes interesses e as grandes superfícies.  
Protesto contra uma política de transportes públicos que em Lisboa, reduz carreiras e limita horários deixando isolados bairros e freguesias, que também aumenta fortemente os seus custos para os utentes.
Protesto contra o objectivo do Governo do PS de impor um recuo nas principais conquistas de Abril nas áreas sociais, particularmente na saúde com a redução dos cuidados e equipamentos de saúde postos à disposição da população de Lisboa, mas também na educação e segurança social com os trabalhadores a terem que trabalhar mais anos para receber uma reforma mais magra.
Voto de protesto também contra a arrogância e a sobranceria daqueles que do alto da sua maioria absoluta pensam e agem como se o Estado fosse coutada sua.
Protesto contra a intolerância e a intimidação que coage a liberdade dos trabalhadores da Administração Pública e dos cidadãos.
Protesto em relação às graves medidas que o governo do PS prepara com o que chamam “flexigurança”.
Ninguém, depois do 25 de Abril, ousou ir tão longe em matéria de proposta de regressão das leis laborais.
Tudo isto depois do que fizeram aos milhares de trabalhadores da Administração Pública que aqui em Lisboa trabalham e fazem a sua vida.
As propostas para a flexigurança são uma autêntica declaração de guerra aos trabalhadores.
Elas visam liberalizar os despedimentos, a desregulamentação dos horários de trabalho, a fragilização e diminuição do direito de férias, a possibilidade da permissão da diminuição dos salários, a pagar a singelo o que deve pagar como trabalho extraordinário, a “machadar” a contratação colectiva e a organização sindical.
São propostas de uma grande gravidade vindas de onde vêm, de quem aceita ainda ser definido como socialista.
Querem, por exemplo, a eliminação do conceito de horário diário de oito horas, com a passagem do controlo do horário de trabalho para o plano semanal, mensal ou anual.
Num movimento de progresso impulsionado por muitos anos de luta de gerações sucessivas de trabalhadores o direito ao horário de trabalho diário e ao descanso semanal foi conquistado há mais de um século.
Chegam ao ponto de admitir que um trabalhador possa estar até 24 horas diárias sujeito às exigências da empresa com curtos intervalos de descanso.
Que espaço fica para a vida pessoal e familiar e que condições são estas para uma vida saudável?
Estas são medidas que vão no sentido da criação de uma sociedade cada vez mais injusta e desumana.  
O Governo PS fala todos os dias de preocupações sociais, baptiza-se a si próprio de «esquerda moderna» mas de moderno não tem nada e a sua política é cada vez mais uma cópia da mais retrógrada política de direita que quer o regresso às condições de trabalho e de vida de há 100 anos atrás.
Falam de modernidade, mas a sua modernidade é a do regresso a um passado sombrio para os trabalhadores e para as camadas populares. Uma modernidade às “arrecuas”!
Seria o regresso à exploração desenfreada. Seria o regresso à Lei da selva.
É por isso que nós dizemos que o voto dos lisboetas não pode servir para dar força e alimentar esta política desastrosa e estas intenções ameaçadoras.
É por tudo isto que nós dizemos que os problemas da cidade de Lisboa, das suas condições de vida e do seu futuro não são inseparáveis também das decisões que o Governo do PS vem assumindo em vários domínios.
É por tudo isto que nós dizemos que o PS, o seu governo e o seu candidato não são parte das soluções que Lisboa precisa, mas sim parte, e parte activa, dos seus problemas.
Camaradas e Amigos!
A CDU está a crescer! Sentimo-lo em cada dia que passa, em cada contacto que fazemos!
Está a crescer com o apoio de todos aqueles que viram o seu voto na CDU respeitado, mas também com o apoio de muitos outros eleitores que, desencantados com o PS e o PSD, declaram agora o seu apoio à CDU.
Está a crescer, porque mais e mais eleitores de Lisboa, acreditam que só a CDU está em condições de resolver os problemas da cidade e que é possível levar a CDU a um resultado que lhe dê a responsabilidade da capital do país.
Está a crescer com a determinação de todos aqueles que já tomaram consciência de que o seu voto na CDU faz falta e que está nas suas mãos contribuir para um grande resultado na CDU.
A CDU está a crescer, porque a crescer está o número dos que vêm em nós, a força que mais conta na defesa dos seus interesses e direitos, uma força amiga, uma força de esperança para uma vida melhor.

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