Intervenção de

Cimeira Mundial da FAO sobre segurança alimentar

A declaração final adoptada na última Cimeira da FAO pelos seus 193 países membros é, infelizmente, um autêntico "prato vazio no combate à fome". Faltaram prazos e, sobretudo, faltou a definição de meios e condições concretas para combater um flagelo que afecta mais de 6 mil milhões de seres humanos.

Segundo os dados disponíveis, durante os escassos 90 segundos que durará esta intervenção, 15 crianças morrerão de fome no mundo. 

Este é o mais vivo e contundente libelo acusatório que pesa sobre um sistema económico injusto, explorador, irracional e, por isso mesmo, historicamente condenado.

Um sistema assente em políticas e orientações concretas, que conduziram à situação actual:

- O favorecimento do modelo agro-industrial, em linha com a defesa dos interesses da grande indústria agro-alimentar, e o consequente empobrecimento qualitativo do sector agrícola mundial;

- Anos e anos de investimentos insuficientes na agricultura, de promoção do abandono do sector agrícola, de liquidação das pequenas e médias explorações - sector que assegura a subsistência 70 % das populações pobres do planeta;

- O fundamentalismo de mercado, as políticas de privatização e de liberalização, o livre comércio, tiveram e têm como consequência o abandono da terra, a concentração da sua propriedade, o domínio da produção por alguns, poucos, e a dependência alimentar de muitos.

44 mil milhões de dólares. É quanto os especialistas estimam que seria necessário para debelar consideravelmente o flagelo da desnutrição crónica. Soma bem mais modesta que a transferência efectuada pelos Estados para as mãos do grande capital a fim de o salvar da crise sistémica em curso.

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