Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

A atribuição do prémio Nobel da Paz à União Europeia é uma descarada tentativa de branquear a UE e a sua crescente militarização

A atribuição do prémio Nobel da Paz à União Europeia (UE) justifica dos deputados do PCP no Parlamento Europeu os seguintes comentários:

1. A atribuição deste prémio à UE neste momento de profunda crise na e da UE, invocando "o sucesso da UE na luta pela paz e reconciliação, a democracia e os direitos humanos" e o seu contributo para "transformar a Europa dum continente de guerra num continente de paz", é uma descarada tentativa de branquear a UE, a sua crescente militarização e subordinação à NATO e as ameaças que daí decorrem.

2. Trata-se de uma tentativa de branqueamento da história da Europa e da UE, e um atentado contra a memória dos milhões de seres humanos que morreram para libertar a Europa do nazi-fascismo;

3. Trata-se do branqueamento da participação das grandes potências da UE e da NATO nas guerras que destruíram a Jugoslávia, na invasão e ocupação do Iraque, da manutenção da ocupação do Afeganistão, da agressão à Líbia e do seu papel na desestabilização, ingerência, financiamento e armamento de grupos terroristas na Síria que mantém o conflito interno;

4. Trata-se do branqueamento de quem continua a manipular, controlar e esvaziar a ONU, violando a Carta das Nações Unidas, enfraquecendo e tentando destruir o Direito Internacional.

5. Invocar o "contributo da UE para a democracia", como o faz o Comité Nobel, quando esta tenta impor um brutal retrocesso nos direitos democráticos e na soberania dos povos, diminuído o seu direito a decidir sobre o seu presente e o seu futuro de acordo com a sua história, os seus anseios e aspirações, constitui um acto da mais descarada hipocrisia e manipulação ideológica que demonstra também a credibilidade e o grau de instrumentalização do Prémio Nobel da Paz.

6. Invocar a "defesa dos direitos humanos", quando a UE tenta impor um retrocesso civilizacional nas condições de vida e de trabalho de amplas camadas populares, condenando-as ao brutal aumento da exploração e à pobreza, constitui um acto que merece total denúncia e condenação.

7. A atribuição deste prémio não é um contributo para a Paz, antes visa manipular e enfraquecer a crescente luta dos povos pela Paz e pela ruptura com as políticas que, quer ao nível nacional quer ao nível da UE, procuram negar aos povos o seu direito ao desenvolvimento.

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