Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Festa-Comício CDU

«Até dia 6 de Outubro vamos construir um grande resultado da CDU»

«Até dia 6 de Outubro vamos construir um grande resultado da CDU»

Camaradas e Amigos,

Uma fraterna saudação a todos vós neste belo comício aqui na cidade de Loures.

Uma saudação muito viva a cada homem, a cada mulher e a cada jovem que transportam consigo o sonho e o projecto de uma vida melhor e que se empenham nesta que é a mais bela luta da humanidade - a de garantir a todos e a cada um o direito a ser feliz.

Aqui, na CDU, nesta força que congrega o nosso Partido, o Partido Comunista Português e os seus militantes, a quem saudamos de forma calorosa, mas também o Partido Ecologista «Os Verdes», cujos membros congratulamos pela acção persistente e tantas vezes silenciada em defesa do ambiente, e os nossos amigos da Associação Intervenção Democrática, a uns e a outros estendemos as nossas fraternas saudações. Gente que não desiste da defesa dos Valores de Abril e da sua Constituição, aqui, repito, com tantos e tantos milhares de democratas sem Partido, podemos dizer que, como dizia Brecht, estão os indispensáveis, os que lutam toda a vida.

É com a força destes e de todos os que se queiram juntar a nós que dizemos que a CDU avança, com toda a confiança!

Permitam-me que comece esta minha intervenção com uma referência ao momento a que assistimos há pouco.

A apresentação da canção, que acompanhará a campanha da CDU ao longo destas duas semanas que faltam até às eleições legislativas, não é apenas mais um acto de propaganda.

Ela é, em si mesma, um acto de cultura.

Desde logo por envolver um notável conjunto de artistas nacionais.

João Monge, que com tanta mestria escreveu a letra, Paulo de Carvalho, que a musicou, e o Duarte, a Catarina Moura, a Sofia Lisboa e o próprio Paulo de Carvalho que lhe dão voz.

Mas também pelo que ela significa de empenho destes homens e mulheres na defesa da cultura portuguesa, na defesa de uma outra política cultural, que garanta os meios para um Serviço Nacional de Cultura, assente no objectivo de alcançar 1% do Orçamento do Estado para a Cultura na próxima legislatura.

Uma contribuição que muito valorizamos, pelo que revela de reconhecimento de uma força que nunca desistiu da luta por esse bem maior que é a cultura para todos!

Bem hajam pois, por mais este alento que nos dão.

Camaradas e amigos,

Estamos a iniciar aqui o período oficial de campanha eleitoral para as eleições para a Assembleia da República do próximo dia 6 de Outubro.
Dizer início é apenas um eufemismo para quem, como nós, correu já o país apresentando todos os candidatos das listas da CDU, aos 230 lugares no Parlamento português, que é aquilo que está em causa.

E uma vez que o fizemos, não podemos deixar de sublinhar dois aspectos essenciais.

Por um lado, a diversidade, a qualidade, o valor das listas que levamos a votos.

322 candidatos ligados à vida e aos problemas, aos interesses e aspirações do nosso povo, comprometidos com políticas de ruptura com as últimas décadas da política de direita, gente séria que aqui está não para se servir, mas para servir o seu País e a sua pátria.

Candidatos com provas dadas em várias áreas, gente com compromissos e valores.

Listas onde se percebe a renovação e rejuvenescimento que cruza a experiência e a juventude, com uma larga maioria de candidatos com menos de 50 anos, não deixando de valorizar a participação activa de reformados e pensionistas. Listas que representam um acréscimo da participação das mulheres face a 2015, representando quase metade do total dos candidatos, havendo nove círculos eleitorais que são encabeçadas por mulheres, 41 por cento do total.

Candidatos, homens e mulheres, experimentados já no trabalho parlamentar, eleitos autárquicos, dirigentes e activistas sindicais, membros de comissões de trabalhadores, dos movimentos juvenil, dos reformados e pensionistas, dos pequenos e médios agricultores, das pessoas com deficiência, das mulheres, dos utentes dos serviços públicos, do movimento associativo popular e de tantas outras formas de associativismo ligadas a causas concretas, seja a luta contra o racismo e a xenofobia, a preservação do meio ambiente, a protecção e defesa do bem estar animal, a promoção da cultura.

Como diz a nossa canção de campanha que hoje foi apresentada, «Nós somos muita gente» e «somos [somos mesmo] a vontade de vencer».
Por outro lado, chegamos à última fase desta volta ao País e podemo-nos afirmar satisfeitos.

Fizemos milhares de contactos, conversamos com quem se nos quis dirigir. Visitámos associações e colectividades, falámos com os representantes dos trabalhadores, estivemos junto do povo. Fomos lá, onde persistem os problemas, mas tivemos também contacto directo com os avanços conseguidos nestes últimos anos.

Ouvimos trabalhadores a dizer o quanto é justo o aumento do Salário Mínimo Nacional, mesmo que seja ainda pouco.

E muitos trabalhadores da Administração Pública reconhecerem a importância da reposição das 35 horas. Reformados disseram-nos que os 30 euros de aumento nas suas reformas foi mais do que em muitos anos. Jovens pais reconheceram a importância da gratuitidade dos manuais escolares, do alargamento do abono de família ou da redução do valor das propinas. Dirigiram-se-nos empresários da restauração a dizer que se não se tivesse baixado o IVA não aguentavam, e pequenos empresários a felicitar-nos pelo fim do Pagamento Especial por Conta.

E estivemos com muitos nos feriados resgatados nesta fase que, durante quatro anos, foram trabalhados de borla.

Ouvimos muitas mensagens de reconhecimento e muitas palavras de estímulo e incentivo.

Chegamos aqui com o sentimento do dever cumprido.

Porque sabemos que não nos desviámos em nenhum momento do nosso objectivo de sempre de não desperdiçar nenhuma oportunidade para defender, repor e conquistar direitos.

Aqueles que diziam que o PCP e a CDU só serviam para protestar, que não contribuíam com propostas e projectos, são os mesmos que hoje não nos perdoam o papel que tivemos nesta nova fase da vida política nacional. Não perdoam cada avanço, cada conquista, cada benefício alcançado, por nossa iniciativa, pela nossa proposta, pela nossa persistência, para os trabalhadores e para o povo.

Satisfeitos porque sabemos que em cada conversa, em cada contacto, em cada sessão de debate e esclarecimento mútuo, estivemos sempre a ganhar apoios, a somar vontades, a multiplicar determinações para o voto na CDU.

E porque sabemos que nestes dias que faltam todas as energias que temos serão dedicadas a mobilizar mais votos, a garantir mais força à CDU.
Temos o sentimento do dever cumprido, porque quando tantos falam de combate à abstenção, nós aqui estamos a promover esse combate concreto!

Hoje aqui, em Loures, neste grande comício, mas ao mesmo tempo em tantas praças e tantas ruas do País, porque somos uma campanha de mil vozes, de mil rostos, de mil vontades de avançar!

Sabemos que cada um de vós será a televisão que não passa aquela manifestação de apoio firme e sincero, será a notícia que não fala das propostas do nosso programa, será o jornal que não trará na primeira capa a imagem deste magnífico comício.

Mas temos o sentimento do dever cumprido também pelo que temos hoje para apresentar ao povo português.

Não apenas o património de luta e de persistente defesa dos seus interesses que desembocou nas muitas medidas que não constavam nem do programa eleitoral, nem do programa de Governo do PS, nem nunca constariam em qualquer programa que fosse para valer de PSD e CDS.

Não apenas a solidariedade activa que nunca faltou perante as muitas lutas travadas pelos trabalhadores dos sectores público e privado, pelo aumento de salários, pelos direitos, contra a precariedade, pela regulamentação dos horários, ou pelas populações em defesa dos serviços públicos.

Mas particularmente pela avaliação que fizemos da situação e dos problemas que persistem, e pela apresentação de um programa eleitoral, um projecto de política alternativa, a Política Patriótica e de Esquerda.

Aí está, sujeita ao escrutínio do Povo Português.

Um Programa e um Projecto, que é de contas claras e opções cristalinas. Bem pode vir o PS com a sua conversa das contas certas e o PSD com a sua treta dos cenários macro-económicos, que nós aqui estamos para perguntar? Contas certas para quem? Macroeconomia para quê?

Para pagar a tempo e horas as facturas que a banca queira apresentar ao povo português? Para continuar a fazer escorrer milhares de milhões de euros para os juros da dívida pública, sem fazer qualquer esforço para a renegociar? Para entregar aos grandes grupos económicos em benefícios fiscais de dimensão incalculável?

Nós temos um Programa de contas claras. Mas particularmente de opções cristalinas. Ninguém tem dúvidas, ninguém se atreve sequer a pôr em causa que no momento de escolher entre os interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo, e os interesses do grande capital, nós nos posicionamos do lado dos primeiros.

Ninguém estranhará, tão pouco, que, entre os interesses nacionais e as imposições e ditames da União Europeia, a nossa escolha seja por aqueles.
Ninguém duvidará que entre investir nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado e mandar dinheiro para a banca, nós decidamos apoiar a Escola Pública, o Serviço Nacional de Saúde, a Justiça e a Segurança Social.

Ninguém questionará que sempre que estiver em causa a produção nacional, a agricultura, a pecuária, as pescas, a indústria, os novos sectores da economia, a CDU se levante em sua defesa face a quaisquer acordos e tratados que ponham em causa o seu desenvolvimento.

Um programa e um projecto que visa dar resposta aos graves problemas estruturais que não podiam ter resolução no quadro das opções do PS de não desamarrar o País das imposições da União Europeia e do Euro e dos interesses do grande capital.

Um programa para romper com décadas de política de desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, de desinvestimento público, de destruição dos serviços públicos, de subalternização da nossa economia.

Um programa e uma política para o nosso tempo e com soluções para um Portugal com futuro.

Camaradas e amigos,

Este é o tempo de não deixar nenhum contacto por fazer. De não deixar nenhuma conversa por marcar. De ir a cada eleitor, a cada homem e mulher afectado pelos efeitos duradouros da política de direita para lembrar que cada voto conta.

Para dizer que a 6 de Outubro ninguém pode deixar que decidam por si. Ninguém pode confiar nas sondagens, sejam elas boas ou más, porque essas não votam. Quem vota é cada um dos eleitores.

Em todo o País, nos círculos eleitorais da Europa e fora da Europa, o que vai estar em causa é a eleição de 230 deputados. Não se trata de eleger um primeiro-ministro, não se trata até de saber quem ganha.

Do que se trata é de saber se, com a nova composição da Assembleia da República, ganham os trabalhadores e o povo, com mais força da CDU, ou se, ao contrário, ganham os banqueiros, os agiotas e os acólitos do directório das grandes potências da União Europeia.

Este é tempo de lembrar toda a gente que tem de fazer uma opção entre fazer o País avançar, dando mais força à CDU, ou permitir que ele ande para trás, com o PS de mãos livres para fazer entrar pela porta grande a política de direita que sempre defendeu e pôs em prática.

Sim, andar para trás é aquilo com que cada um pode estar confrontado no dia 7 de Outubro, se no dia 6 não tomar a opção certa e segura para fazer o País avançar.

Andar para trás significaria permitir que a alteração à Legislação Laboral do Governo PS, aprovada com a cumplicidade de PSD e CDS, aquecesse o lugar na prateleira dos diplomas em vigor.

António Costa, fez uma afirmação a este propósito que é ao mesmo tempo um acto de reconhecimento dos erros próprios e uma absoluta incorrecção.

Dizia que esta é a primeira legislação contra a precariedade desde 1976. É, de facto, o reconhecimento que nenhum Governo do PS, bem como os do PSD e do CDS, aprovaram qualquer medida contra a precariedade, incluindo aqueles em que António Costa foi ministro. Mas é incorrecto, porque estas alterações vão de facto generalizar e legitimar toda a precariedade, colocando particularmente os jovens trabalhadores numa montanha russa de períodos experimentais sucessivos, sem verem fim à vista.

Andar para trás, significaria marcar passo nas medidas para garantir o aumento geral dos salários e o aumento do Salário Mínimo Nacional, essa autêntica urgência nacional. Ora, na verdade, o nosso Partido já assumiu com toda a clareza a proposta de aumento do Salário Mínimo Nacional para 850 euros.

A questão que se põe é quem nos acompanhará nesta reivindicação? Podemos garantir-vos, camaradas, que não nos cansaremos de fazer a pergunta até que fique claro o que cada um defende!

Andar para trás significaria destruir essa medida tão importante, pela qual nos batemos há tanto tempo, da distribuição dos manuais escolares gratuitos, em condições, em toda a escolaridade obrigatória. O Governo vem com desculpas, diz que vai intervir, mas continuam a haver alunos a receber livros rasurados, pintados, escritos, em más condições.

Vejam como aqueles, que são tão mãos largas com os poderosos, por causa de meia dúzia de milhões de euros optam por criar dificuldades a esta medida de progresso.

Voltamos a insistir! Que ninguém se arrependa do seu voto, da sua opção, da sua decisão no dia 6 de Outubro. Depois poderá ser tarde.
Cada um tem a oportunidade de ajudar o País a avançar!

Avançar para garantir a creche gratuita a todas as crianças até aos 3 anos. Uma medida essencial, articulada com a universalização e a valorização do abono de família, com a garantia de direitos laborais aos pais e com o aumento dos salários, para inverter o grave défice demográfico do nosso País. Quando um jovem casal pensa ter filhos, pensará de imediato: “e quando eu for trabalhar, onde é que ele fica?”.

Avançar para assegurar a todos os pensionistas e reformados o aumento das suas pensões com a melhoria do seu poder de compra. Por muito que outros falem disso como se não tivessem acordado que as pensões seriam apenas descongeladas, foi pela nossa iniciativa, que foram dados passos nesta legislatura, para inverter o ciclo de redução do valor das pensões. Não é possível, não é aceitável andar agora para trás.

Avançar para assegurar outra política de habitação, que combata os despejos selvagens a que estamos a assistir, que expulsam as famílias do centro das cidades, e que impeça os preços especulativos que põem as populações mais pobres em sobressalto.

Avançar para concretizar um Programa Global para o equilíbrio ecológico, que, designadamente reforce os meios humanos e materiais do Estado destinados à gestão e monitorização ambiental.

Avançar para defender o Serviço Nacional de Saúde dos abutres do negócio da doença. Para assegurar o reforço do seu financiamento para garantir a contratação dos trabalhadores necessários e para concretizar os investimentos que tanta falta fazem.

Sim, está nas nossas mãos. Nas mãos do povo português. Na sua força, na sua determinação, na sua vontade, na sua confiança, garantir que o país avança.

Aos muitos que gostariam de ver a sua vida andar para frente de forma mais determinada, que acham que isto nunca muda, dizemos que o seu voto na CDU não será desperdiçado. Também em 2015 muitos já não acreditavam que fosse possível reverter o conjunto de malfeitorias do PSD e do CDS. A nossa persistência tornou realidade muito do que parecia impossível.

Aos que já votaram na CDU em algum momento, dizemos que é sempre tempo de retomarem essa boa prática votando nos que nunca traíram aqueles que lhe confiaram o voto.

Aos que nunca votaram na CDU, aos que vivem do seu salário e da sua pensão, aos que se indignam perante as injustiças que persistem, dizemos, não desistam. Aos que querem ver o seu salário e a sua reforma melhorados, aos que querem ter o direito a constituir família, e a ter uma vida digna, não fiquem em casa. Assumam uma posição perante os problemas, dando mais força aos que nunca viram a cara à luta.

Vamos para estas últimas semanas de campanha, em todo o país, com toda confiança.

Vamos disputar voto a voto, eleitor a eleitor a eleição de mais deputados nos círculos eleitorais onde hoje temos eleitos, mas também em todos onde, nas anteriores eleições, não elegemos.

Ninguém é dono do voto de ninguém. Não há nenhuma sondagem que vote pelos eleitores. Até dia 6 de Outubro vamos construir um grande resultado da CDU.

Porque, como diz a canção da nossa campanha. «Nós vamos sempre em frente, Pelo Sonho e pela Razão!»

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