Assembleia de Organização do Litoral Alentejano

 

 

 

Extractos da intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP
na III Assembleia Regional do Litoral Alentejano do PCP

Camaradas e amigos

Esta III Assembleia Regional do Litoral Alentejano do PCP inserindo-se num quadro de reforço geral da organização do Partido, concretizando a orientação emanada do XVII Congresso “Sim é possível um PCP mais forte!” e realizada num momento de grandes complexidades e exigências, considerando a situação internacional e nacional e a fase preparatória do XVIII Congresso que já está perto, tendo em conta que falta pouco mais de um mês para a sua realização!

As intervenções aqui feitas registando avanços e melhorias de trabalho não silenciaram as dificuldades e debilidades orgânicas e financeiras da organização regional! Mas as intervenções deram conta que dificuldade não significa impossibilidade, que resta fazer e refazer permanentemente o nosso colectivo partidário a partir desta Assembleia em condições de alargar a influência política, orgânica, social e eleitoral do Partido, concretizada que seja a orientação fundamental, central e transversal do seu reforço orgânico.

Estamos a preparar o XVIII Congresso em movimento ligado à vida, aos problemas e aspirações dos trabalhadores e do povo. Envolvidos na campanha “É tempo de lutar, é tempo de mudar, Mais Força ao PCP” lutamos e propomos por uma vida melhor contra as alterações ao Código do Trabalho, a precariedade e o aumento do custo de vida, pela valorização dos salários e das reformas!

Fomos e somos a verdadeira força de oposição a esta desastrosa e classista política do Governo PS.

Apesar de todo o esforço da propaganda do Governo há uma realidade irrefutável. Ao cabo de mais de três anos e meio de Governo PS Sócrates o país está mais desigual e injusto, mais endividado e dependente.

Assim era, mesmo antes da crise internacional, a coberto da sacralização do defice das contas públicas. Tal defice teve as costas largas e quando isso já não dava e com o povo a descobrir as responsabilidades do Governo nessa situação, surge agora a crise do capitalismo que o Governo aproveita com novo fôlego para sacudir as culpas apesar de nas causas dessa crise se encontrar repetidamente o acordo e a assinatura do Governo e de Sócrates.

(...)
Amigos e Camaradas:

Julgando que temos a memória curta nessa sua entrevista, Sócrates usando uma metáfora, disse que esta crise é o Waterloo daqueles que queriam menos Estado! Espantoso! Quem desencadeou a mais profunda ofensiva contra o serviço público e as funções do Estado, contra o Serviço Nacional de Saúde, contra a escola pública, quem usou parte do Fundo de Estabilidade Financeira da Segurança Social no jogo do Casino, quem privatizou e quer privatizar a comparticipação do Estado em empresas e sectores estratégicos, quem seguiu e alimentou a financeirização da economia, quem nos acusava de conservadores afirmando que era preciso deixar o mercado funcionar, quem transformou em bandeira o neoliberal Pacto de Estabilidade e Crescimento e as orientações neoliberais da Estratégia de Lisboa, quem sacrificou os salários, as pensões e reformas, alargou o universo dos desempregados sem direito ao subsídio de desemprego, quem propôs as retrógradas e neoliberais propostas de alteração ao Código do Trabalho, quem agarrou em vinte mil milhões e passa um cheque em branco ao capital financeiro sem contrapartidas e sem atender aos dramas das famílias e empresas endividadas, quem neste Orçamento propõe largas centenas de milhões de euros em benefícios ao off-shore da Madeira, afirma sem corar de vergonha que esta crise é o Waterloo dos que queriam menos Estado. Então, bem pode dizer-se que Sócrates, à nossa escala, foi o Napoleão de trazer por casa!

(...)
com a crise internacional ficou mais evidente quanto justa é a luta do PCP na defesa de uma Segurança Social pública e quantos perigos encerram para os pensionistas e os reformados as soluções dos fundos privados de pensões e as soluções que buscam nos investimentos bolsistas e no mercado de acções a rentabilização do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social pública. Com a crise muitos fundos de pensões estão a perder milhões de euros e milhões de dólares a pôr em causa a segurança futura das reformas de milhões de trabalhadores. Cá, alguns fundos de pensões de empresas privadas já conheceram uma grande desvalorização. José Sócrates, no seu Comício de Guimarães (10 de Outubro) para dar ares de distanciamento em relação à economia de casino, veio afirmar que “nunca será permitido que as pensões dos portugueses sejam jogadas na bolsa”. Mas a verdade é que o seu governo jogou cerca de 20% do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social no mercado bolsista e com tal iniciativa já lá vão 200 milhões de euros nos nove primeiros meses deste ano. Trata-se de uma iniciativa irresponsável do governo. Há outras soluções mais seguras para a rentabilização dos fundos. Mas o que aqui é também condenável e evidente é a profunda hipocrisia do Primeiro-Ministro que perante o fracasso das teses do neoliberalismo dominante, vem dizer o contrário do que na realidade pratica.

(...)