Na passada sexta-feira, dia 4 de Novembro, dois navios que viajavam entre a Turquia e a Faixa de Gaza, transportando ajuda humanitária, foram violentamente abordados, em águas internacionais, por forças militares israelitas. Os navios MV Saoirse (irlandês) e The Tahrir (canadiano) viajavam numa missão de solidariedade para com as populações palestinianas sujeitas, há vários anos, a um bloqueio ilegal e desumano, imposto pelo Estado de Israel. Segundo notícias e imagens vindas a público, os barcos foram atacados com canhões de água, os seus ocupantes ameaçados com armas de fogo, removidos à força das embarcações e detidos pelas forças israelitas. A acção envolveu perigo considerável para a integridade física dos passageiros, tendo os dois barcos que integravam a missão colidido entre si e sofrido danos consideráveis.

Catorze cidadãos irlandeses encontram-se ainda detidos numa prisão israelita. Entre eles, está Paul Murphy, um deputado ao Parlamento Europeu. Segundo o próprio afirmou, numa chamada telefónica de três minutos que as autoridades israelitas lhe permitiram efectuar, dois dias depois da prisão, todos os ocupantes foram privados dos seus pertences pessoais e privados de sono, tendo-lhes sido negado o direito de contactar com as suas famílias nas 24h que se seguiram à detenção.

Perante este acto da maior gravidade, pergunto à Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança:

1. Que avaliação faz dos factos expostos e que medidas tomou na sequência dos mesmos?

2. Que implicações daqui retira quanto ao futuro das relações entre a UE e Israel, em especial no que diz respeito ao Acordo de Associação, tendo em conta as manifestas e reiteradas afrontas ao artigo relativo ao respeito "pelos direitos humanos fundamentais"?

3. Que violações dos direitos humanos será necessário que Israel cometa mais para que a UE decida suspender este Acordo, aplicando as cláusulas que o mesmo prevê?