Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

Apoio à candidatura de Portugal à dieta mediterrânica incluída na Lista Representativa do Património Imaterial da Humanidade

(projeto de resolução n.º 166/XII/1.ª)
Sr. Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:
Desde 2010, a dieta mediterrânica consta da lista indicativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO, por iniciativa conjunta de Espanha, Itália, Grécia e Marrocos.
Manifestamos o nosso apoio à integração de Portugal nesta candidatura.
A candidatura da dieta mediterrânica a património da humanidade vai ao encontro da valorização, do reconhecimento e da preservação das nossas tradições gastronómicas, dos nossos produtos agrícolas e piscícolas, associadas às vivências populares e às raízes culturais das populações do nosso País.
Para além da sua mais-valia no plano gastronómico e cultural, esta candidatura representa uma grande relevância ao nível da saúde e da promoção da alimentação saudável. Diversos estudos apontam as qualidades desta dieta na prevenção de doenças, nomeadamente cardiovasculares e cancerígenas.
A incorporação da dieta mediterrânea no dia a dia dos portugueses é um elemento central que deve estar presente nesta candidatura. Não basta afirmar e valorizar a dieta, é preciso que esteja integrada nos hábitos alimentares dos portugueses, pois essa é a melhor forma de a preservar e de a perpetuar no futuro.
Atendendo até aos aspetos de saúde, é importante a disseminação da dieta mediterrânica, por exemplo nas cantinas e refeitórios escolares e nos locais de trabalho, seja da Administração Pública ou do sector privado.
Infelizmente, a adoção de uma alimentação saudável está cada vez mais distante das famílias portuguesas não por opção destas, mas devido aos elevados custos de alguns destes alimentos quando o Governo toma medidas que agravam brutalmente as condições de vida dos portugueses através do roubo dos salários e pensões, da redução das prestações sociais e do aumento do preço dos bens essenciais.
Aliás, o facto de muitas famílias portuguesas adquirirem hoje produtos de menor qualidade, mais pobres ou, então, recorrerem ao fast food, dinamizado por campanhas publicitárias bastante fortes, revela exatamente as dificuldades que sentem no seu dia a dia.
A produção nacional assume uma particular importância nesta candidatura.
A base da dieta mediterrânica em Portugal é composta pelos nossos produtos oriundos da agricultura e da pesca, como o azeite, as frutas, os frutos secos, os hortícolas, os legumes, os cereais e os seus derivados e o peixe. Portanto, apostar na produção nacional é estratégico.
Esta candidatura revela, assim, as enormes riquezas e a potencialidade dos nossos recursos naturais e para que o PCP há muito tem vindo a alertar.
No entanto, nas últimas décadas, os sucessivos governos do PS, do PSD e do CDS implementaram políticas que conduziram à destruição da agricultura e das pescas, políticas que o atual Governo preconiza, tornando o nosso País cada vez mais dependente das importações, ao invés de inverter a atual situação e adotar uma política que apoie e desenvolva a produção nacional, como o PCP defende.
Pôr Portugal a produzir é absolutamente imprescindível para garantir a nossa soberania, independência e a redução das importações. É imprescindível para criar riqueza e emprego.
Mas é imprescindível também para salvaguardar os nossos produtos e alimentos, como está demonstrado nesta candidatura da dieta mediterrânica, profundamente ligada às nossas
raízes e tradições culturais.
Defender esta candidatura, defender a dieta mediterrânica é defender a nossa cultura e a produção nacional.

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