Intervenção de Honório Novo na Assembleia de República

Apelo do PSD ao maior partido da oposição para que apoie as principais reformas que o Governo está a levar a cabo no País

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Luís Campos Ferreira,
Hoje, durante a tarde, assistimos a duas intervenções sobre economia, crescimento económico, problemas sociais, eu diria verdadeiramente ou quase esquizofrénicas, sem, naturalmente, qualquer sentido pejorativo: a do Sr. Deputado Basílio Horta e a do Sr. Deputado Luís Campos Ferreira. Estão ambos a fazer uma espécie de quadratura do círculo, passe a expressão e a utilização de uma expressão e de um título de um programa televisivo.
O Sr. Deputado Basílio Horta veio aqui tentar «sacudir a água do capote», passar uma esponja sobre as responsabilidades da situação recessiva actual, em função de um memorando, de um plano de austeridade assinado com uma tróica estrangeira cujos efeitos eram obrigatoriamente estes.
O Sr. Deputado Luís Campos Ferreira pretendeu, também, «sacudir a água do capote», fazendo de conta que seria possível resolver o problema com uma Europa que desse um salto no escuro ou um salto em frente.
Ou seja, o Sr. Deputado vem falar-nos de ilusões e desviar as atenções dos portugueses.
De facto, qualquer um dos senhores não quer responsabilizar-se por algo evidente: o Memorando celebrado com a tróica é um plano de austeridade que traz austeridade atrás de si e a situação de recessão em que o País está — como provam, claramente, os dados hoje divulgados pelo Banco Portugal — é uma consequência do Memorando que os senhores assinaram, que é o mesmo Memorando que o PS negociou.
Esta é a quadratura do círculo de que os senhores não conseguem sair!
Saídas para esta situação, Sr. Deputado Luís Campos Ferreira? Vou dar-lhe um exemplo: ontem, numa entrevista à RDP, o Sr. Deputado José Manuel Rodrigues disse, ipsis verbis, o que lhe vou reproduzir: «A dívida da Madeira tem de ser renegociada. Têm de ser renegociados os prazos, o
pagamento, os montantes e os juros».
O Sr. Deputado José Manuel Rodrigues também é, como sabem, membro desta Casa e dirigente nacional do CDS, partido que está em coligação com o partido de V. Ex.ª, Sr. Deputado Luís Campos Ferreira.
Então, vamos lá ver: o que é bom para a Madeira não é bom para o País? O que é possível fazer para a Madeira não é possível fazer para o País?!
É que os senhores — do PSD e também do CDS — têm dito, insistentemente, nesta Casa, que é demagogia, que é populismo traçar como única via, como único caminho de resolução do problema a renegociação da dívida nacional face aos credores estrangeiros!
Sr. Deputado Luís Campos Ferreira, pode ter a certeza de que, sem renegociar a dívida, vai de austeridade em austeridade até ao abismo! Se não renegociar a dívida nacional estará como a Grécia, dentro de pouco tempo; se renegociar a dívida nacional pode criar uma folga financeira para falar sustentadamente do crescimento económico.

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