Se dúvidas existissem quanto às reais intenções da UE relativamente aos
acordos de comércio livre que pretende estabelecer com os países do
Grupo ACP (África, Caraíbas e Pacífico), denominados "acordos de
parceria económica" (APE) - que tão em evidência estiveram na recente
Cimeira UE-África, pela recusa da sua assinatura por parte de países
africanos - bastaria a leitura da resolução agora aprovada para as
esclarecer.
No entanto João Cravinho, Secretário de Estado dos Negócios
Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, enquanto Presidente do
Conselho, já o havia feito na Assembleia Parlamentar Conjunta ACP-UE,
em Kigali, a 21 de Novembro.
Embora obrigada a recuar (momentaneamente), a UE procura contornar as
resistências avançando com uma "abordagem de negociar" os EPA's "em
duas fases, começando pelo comércio de bens" e passando posteriormente
"a incluir outras áreas, como os serviços e o investimento", ao mesmo
tempo que acena com milhões e milhões de euros com que pretende
hipotecar a soberania e independência (económica, logo política) dos
países ACP. Tal é o sentido da decisão do Conselho "Assuntos Gerais e
Assuntos Externos" de 17 de Novembro de 2007.
A maioria do PE aplaude e apoia. Quanto a nós, denunciamos e combatemos
tais intenções e políticas com que a UE procura recolonizar
economicamente os países ACP.