Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral

Abertura da Festa do Avante! 2013

Abertura da Festa do Avante! 2013

Sejam benvindos à 37ª Festa do Avante!.

Bem-vindos a este espaço transformado numa cidade edificada a pulso pelo trabalho solidário e militante, onde se funde a experiência de saberes com a generosidade e a aprendizagem da juventude, que liberta a criatividade na arte e na cultura e os sentimentos de paz e amizade, se dá dimensão à política, no que ela tem de essência e substância ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.

Entretanto no tempo em que a projectávamos, planeávamos e erguíamos a Festa, particularmente no período de férias, tivemos de responder às exigências e prioridades que a situação exige, fosse na preparação das eleições autárquicas, na formação de listas, no envolvimento do nosso Partido, do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) e da Intervenção Democrática (ID), na participação de milhares de independentes que assim construíram a CDU como um grande projecto unitário; fosse na realização de marcantes iniciativas em torno do Centenário de Álvaro Cunhal com a dignidade e dimensão que essa figura maior do nosso Partido justifica; fosse a acção e a intervenção políticas num quadro da vasta ofensiva do Governo. Fizemo-la num tempo em que os trabalhadores e o povo português travaram poderosas lutas como a manifestação no Terreiro do Paço, as duas greves gerais nas empresas e nos sectores, e trouxeram ao combate pela primeira vez muitos portugueses atingidos e indignados por esta política que levou a abalos irreparáveis, ao isolamento e à derrota do Governo, que só se manteve e foi salvo no limite pela mão protectora do Presidente da República e mais uma vez por um PS desaparecido em combate ao deixar cair a exigência da demissão do Governo e das eleições antecipadas que já só pensa em 2015 à espera que o poder lhe caia no regaço, dando um novo fôlego ao Governo para prosseguir a sua obra de destruição e o caminho do afundamento do país.

Não! Não aceitamos que vença a resignação e o conformismo, que se fechem as janelas da esperança, que encostem o povo e o país à parede das inevitabilidades, que esperemos até 2015 para ver o que dão as eleições, a assistir a novos assaltos aos direitos e aos salários, que se arrasem as pensões e reformas, o direito à saúde, à educação, à protecção social, à própria cultura, e permitam-me que, em relação à educação, refira que ainda ontem o Governo decidiu dar mais um passo na destruição da escola pública e limitar o acesso em igualdade de todos os portugueses aos vários níveis de ensino, introduzindo a falsa questão da liberdade de escolha no «estatuto do ensino privado e cooperativo».

Com esta decisão, o governo não só ignora um preceito constitucional de que a escola deve contribuir para a igualdade de oportunidades e a superação das desigualdades económicas, sociais e culturais, como coloca o Estado a financiar os grupos privados, alimentando desta forma a crescente mercantilizarão da educação e do ensino.

Tudo isso inserido nesse objectivo estratégico do capital e dos seus paus mandados de aumentar a exploração e atirar para a pobreza perpétua milhões de portugueses num país dependente, alienado da sua soberania e endividado.

Ninguém pense que quanto pior melhor, subordinando ao calculismo eleitoral onde baste um posicionamento crítico. O que pode determinar o futuro é a luta dos trabalhadores e do povo português. Luta de resistência, luta a partir da defesa de direitos concretos, de aspirações e interesses legítimos, luta de exigência pela rejeição dessa arma de destruição massiva que é o Pacto de Agressão, que compromete tanto os seus mentores como quem o subscreve, luta que não é separável da proposta, da política alternativa patriótica e de esquerda, que defendemos para a nossa pátria, renegociando a dívida insuportável e impagável, direccionando os nossos meios, recursos e potencialidades nacionais para a produção e o aparelho produtivo, devolvendo aquilo que foi expropriado aos trabalhadores e aos reformados, os seus salários, o valor das suas pensões e reformas, afirmando a saúde e a educação, a protecção na doença, no desemprego, na infância e na velhice, com direitos. Que vá buscar o dinheiro onde ele está com outra política de impostos sobre os rendimentos e dividendos do capital, nos negócios dos swaps, nas rendas excessivas da EDP, da GALP, da PT, taxando as fortunas feitas aqui e que voam para os paraísos fiscais, e aliviando as pequenas e médias empresas.

Há alternativa! E quando o povo quiser, então, a canção da «Grândola, Vila Morena» aqui cantada e em tantos momentos e em tantas lutas, verá materializado o seu refrão imaginado por Zeca Afonso: «O povo é quem mais ordena!»

E por isso damos tanto valor à luta e por isso saudamos a decisão da CGTP-IN de convocar para dia 19 de Outubro uma grande manifestação nacional como grande resposta àquilo que está na calha, àquilo que o FMI e a troika estrangeira querem impor mas que não querem que se saiba antes das eleições autárquicas; àquilo que o Governo quer pôr na proposta de Orçamento de Estado para 2014, mas que não quer que se saiba antes de 29 de Setembro.

O que é que os condiciona? O que receiam?

O que os condiciona e faz temer é precisamente o facto de que os trabalhadores e as populações conheçam, ganhem consciência e lutem para fazer frente, e digam basta a esta nova vaga de assaltos que estão a ser preparados.

Querem evitar a penalização nas autárquicas porque receiam que, a par das especificidades do Poder Local, as populações associem as questões nacionais e penalizem aqueles que (como o PSD e o CDS) estão a infernizar as suas vidas, ou que (como o PS) não andam nem desandam à espera de 2015. Que se identifiquem também pelo voto, com a força que tem um projecto para o Poder Local, para os trabalhadores e as populações, que sob o lema do trabalho, honestidade e competência garante a todos os que optam pela CDU, que o seu voto será respeitado, que dando mais força aos seus anseios a manter abertas as possibilidades de mudança, de rasgar novos horizontes para uma política diferente, sentindo-se não só votantes mas actores da mudança necessária.

Andámos muito para aqui chegar. Usufruam o mais que possam desta Festa que, como dizia o nosso jornal Avante!, é o espaço de maior fraternidade por metro quadrado que convoca cada um de nós para o melhor que temos, um espaço que num tempo de três dias nos enche o coração e o pensamento de que sim é possível uma vida melhor, com aquela energia que irradiamos como lutadores, como construtores, convictos de que valeu e vale a pena a razão de ser deste Partido! Nesta Festa que é espelho e realização própria do Partido que temos, do Partido que somos.

Declaramos aberta a 37ª edição da Festa do Avante!.

Viva a solidariedade internacionalista !
Viva a juventude e a JCP!
Viva a Festa do Avante!
Viva o Partido Comunista Português !

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