Intervenção de Hugo Garrido, do Secretariado da Direcção Nacional da JCP, 9º Congresso da Juventude Comunista Poruguesa

9º Congresso da JCP - Abertura - Hugo Garrido

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Camaradas Em nome da Direcção Nacional da JCP, saudamos todos os presentes, dando as boas vindas a todos e desejando votos de bom trabalho para os dois dias de Congresso. Saudamos todos os delegados e convidados presentes que confirmam a JCP como força insubstituível na luta pela resolução dos problemas dos jovens, na luta pela transformação da sociedade. Permitam que façamos uma referência aos camaradas que participaram no congresso, estiveram envolvidos profundamente na sua preparação e que pelos mais variados motivos, não puderam estar presentes no Congresso Permitam ainda uma saudação aos camaradas que implantaram o nosso congresso, em particular aos camaradas da Organização Regional de Lisboa e Setúbal da JCP. Saudamos fraternalmente a delegação do Partido Comunista Português, o partido que na sua acção diária, se confirma como o Partido da Juventude. Saudamos as associações juvenis, do movimento da paz, do movimento sindical, juventudes partidárias que responderam ao convite da JCP a estarem presentes no nosso Congresso. Saudamos ainda com alegria e fraternidade as delegações das juventudes comunistas e progressistas do mundo que nos honram com a sua presença e mostram que a solidariedade internacionalista está bem viva. Saudamos: - a liga juvenil do ANC da África do Sul - o congresso de estudantes da África do Sul - a UJS do Brasil - a EDON do Chipre - a UJC de Cuba - a Juventude Socialista do Equador - a CJC de Espanha - a UJCE de Espanha - a MJCF de França - a Juventude Comunista da Grã-Bretanha - a KNE da Grécia - a Federação Democrática de Juventude da Índia - a Giovanni Communisti de Itália - a UJDL do Líbano - a Juventude do PPP da Palestina - a UJSARIO do Saara Ocidental - a MJD do Senegal - a Juventude Comunista da Suiça - e uma saudação especial para a Federação Mundial da Juventude Democrática, representada no nosso congresso pelo seu secretário-geral Camaradas, O nosso 9º Congresso começou em Outubro, com a marcação pela Direcção Nacional do congresso e a definição dos seus objectivos. De Outubro até hoje, podemos afirmar foi intensíssima a actividade da JCP: das distribuições à colagem de cartazes, das discussões da resolução política à realização de iniciativas de convívio, passando pelos torneios de futebol, pintura de murais e encontros regionais. Em todas as regiões do país, em inúmeras localidades, de Norte a Sul e de Este a Oeste incluindo as ilhas e até camaradas fora de Portugal, fizemos deste congresso um evento de toda a juventude portuguesa. As características da nossa organização, intimamente ligadas ao nosso projecto de transformação, fazem com que esta fase preparatória tenha sido tão ou mais importante que estes dois dias. A concretização da campanha de recrutamentos mostrou uma atracção dos jovens à JCP e ao ideal comunista, permitindo que novos colectivos se formassem, mais camaradas assumissem tarefas e por consequência a JCP sai mais reforçada, com mais influência e prestígio entre a juventude. A campanha de fundos permitiu que corrigíssemos deficiências nesta frente de trabalho, tendo hoje mais camaradas com esta tarefa, mais camaradas a pagar regularmente a sua quota, uma maior compreensão em geral da organização para a necessidade de uma maior independência financeira. Enquadrado na preparação do Congresso e do aprofundamento do conhecimento dos problemas e aspirações da juventude, realizaram-se Encontros Regionais em Lisboa, Setúbal, Porto, Coimbra, Santarém, Aveiro e Évora. A realização de mais uma edição do Torneio AGIT, com a final agendada para 5 e 6 de Junho, foi mais uma mostra da diversidade de actividade da JCP, permitindo, em torno das questões do acesso ao desporto, chegar a centenas de jovens que normalmente não têm contacto com a JCP. As dezenas de iniciativas em torno da comemoração do 30º aniversário da JCP, com o lema “Transformar a vida, Construir o futuro”, foi uma prova da dinâmica da organização e permitiu a afirmação do ideal comunista junto da juventude. Também os concursos literário, musical e de artes visuais contribuíram para chegar mais longe na divulgação do Congresso e da JCP, alertando para as dificuldades hoje existentes na fruição cultural. Em torno da Proposta de Resolução Política que vamos discutir e aprovar, realizámos centenas de reuniões e plenários, assim como outras iniciativas de debate e discussão em escolas e outros espaços de concentração juvenil. Foram incluídas na proposta que hoje temos centenas de contributos, individuais ou colectivos, que comprovam a construção democrática da Resolução Política. A proposta de Resolução Política que temos hoje, assenta em quatro eixos essenciais: a situação internacional, a situação nacional, as políticas e direitos da juventude, as lutas da juventude e o movimento juvenil e as questões de organização. Uma situação internacional marcada pela crise do capitalismo, o aumento da militarização e da agressividade do capitalismo, mas também marcada pela luta e resistência dos povos contra o imperialismo. A situação nacional assenta no continuar das políticas de direita do Governo PS, que prossegue na elitização e privatização da educação e das funções sociais do estado, na limitação dos direitos e liberdades democráticas. Caracterizamos o movimento juvenil português, com particular destaque à luta do movimento estudantil e sindical, mas também do movimento associativo de base local e apontamos linhas de trabalho para o seu reforço. Nas questões de organização centramos as questões de reforço da organização, de uma maior capacidade realizadora dos colectivos, da necessidade de mais camaradas participarem e terem tarefas, da necessidade de criação de mais colectivos para uma maior ligação à vida da juventude. O Congresso da JCP realiza-se num momento em que o Governo acentua as políticas que agravam a vida da generalidade dos jovens. A situação social e económica é hoje pior do que há 4 anos atrás. Mantém-se as propinas no ensino superior, como se caminha para a privatização do ensino superior. Mantém-se o carácter punitivo do estatuto do aluno, mantém-se os exames nacionais e passa-se a gestão das escolas para uma empresa, por agora pública. Como se não bastasse os niveis de desemprego, da precariedade e baixos salários, o governo anuncia agora mais um pacote de medidas, desta vez a propósito do défice, que vão aumentar ainda mais as dificuldades na vida dos jovens trabalhadores: o roubo nos salários através do aumento do IRS, o aumento generalizado de preços através da subida de todos os escalões do IVA, as alterações na atribuição do subsídio de desemprego. Se a ofensiva é grande e tem vindo a crescer, também a luta do movimento juvenil tem vindo a reforçar-se. Nos últimos 4 anos foram muitas as pequenas e grandes lutas dos jovens pela resolução dos seus problemas. Saudamos a luta dos estudantes do ensino secundário e básico, que com a sua luta de anos e com dezenas de milhar de estudantes na rua conseguiram retirar as medidas mais gravosas do regime de faltas do estatuto do aluno, a regulamentação da educação sexual nas escolas bem como a resolução de problemas em muitas escolas. Saudamos a luta dos estudantes do superior que contra as propinas, o RGIES e Bolonha contaram só este ano lectivo com dois dias de luta centralizada em Lisboa, com mais de 7000 estudantes. Saudamos a luta dos jovens trabalhadores por melhores salários, contra a precariedade e o desemprego, particularmente a manifestação de jovens trabalhadores comemorando o dia nacional de juventude, que realizou consecutivamente desde o 8º Congresso, sempre com a presença de milhares de jovens trabalhadores. Saudamos a luta dos estudantes do ensino profissional que lutam por melhores condições materiais e humanas, contra as propinas e por educação sexual nas escolas. Saudamos as lutas da juventude pelas questões da habitação, pelo acesso ao desporto, pelo acesso à produção e fruição cultural. Valeu e vale a pena lutar. Luta que mais do que nunca se justifica pelo acentuar de dificuldades, problemas criados e aprofundados pelo governo do Partido Socialista. Tudo continuaremos a fazer para impedir o projecto de liquidação de direitos dos trabalhadores e da juventude. Camaradas, O momento que vivemos é de profunda ofensiva do Governo do PS, em claro conluio com o PSD e CDS, aos direitos da juventude e da população em geral. O capitalismo tenta preservar-se à custa dos trabalhadores e da juventude, mantendo intocáveis os grandes grupos económicos, ao contrário do que o pensamento dominante tenta fazer passar, de que a crise é para todos. Neste quadro, as tarefas que estão colocadas aos comunistas são exigentes: denunciar as reais intenções destas ofensivas, organizar os jovens em torno dos seus problemas, seja nas escolas ou nos locais de trabalho, reforçar e criar os colectivos base, ter o papel dinamizador da transformação do descontentamento que existe em luta organizada. Reafirmamos aqui o papel insubstituível da JCP e dos comunistas para a transformação da sociedade. Cada comunista, cada colectivo tem que ser um agente de agitação e transformação da sociedade onde se inserem. Na preparação do Congresso, confirmámos a justeza do lema decidido com muitas lutas da juventude. Continuemos por isso, ao longo destes dias e sobretudo nos dias que se seguirem, a fazer justiça a que, com a luta da juventude, se construa o futuro. Um futuro que passa pelo emprego com direitos, pela educação pública gratuita e de qualidade. Pelo direito à paz, à saúde, ao desporto, à cultura, à habitação. Um futuro que passa pela sociedade sem classes, sem exploradores nem explorados. O futuro, com a nossa força e empenhamento, será o socialismo e o comunismo.
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