Intervenção de Francisco Lopes, Membro do Secretariado do Comité Central do PCP, 120 anos do 1º de Maio

Unidade, organização, e luta dos trabalhadores, papel e acção do PCP

Camaradas

O 1º de Maio reflecte um trajecto intenso de luta, de conquistas e avanços, de derrotas e retrocessos, de convicção, força e experiência, que nos enriquece na luta que continua.

Hoje como sempre a natureza do capitalismo como sistema de exploração, evidencia que a classe operária e os trabalhadores têm interesses de classe antagónicos aos interesses dos capitalistas. Hoje como sempre o capital procura todos os caminhos que permitam o agravamento da exploração, lançando-se com ferocidade sobre o nível de vida e os direitos dos trabalhadores. Hoje como sempre a unidade, organização e luta dos trabalhadores são elementos decisivos, na resistência, avanço e transformação social.

Vivemos um tempo de agudização da luta de classes, em que os objectivos concretos e imediatos da luta dos trabalhadores, são indissociáveis da ruptura com a política de direita, duma democracia avançada, da luta contra a exploração capitalista e pela sua abolição, da construção de uma sociedade socialista.

Estamos numa fase em que é indispensável desenvolver a luta de massas, de fazer desabrochar a força imensa dos trabalhadores.

Neste combate é necessário ter presente os efeitos contraditórios do agravamento da situação. O desemprego, a ameaça do desemprego e a precariedade no trabalho que se alarga tocando particularmente as novas gerações, mas atingindo todos os trabalhadores, o ataque aos direitos, a violação da lei e a desvalorização, o boicote e o desrespeito da contratação colectiva, as alterações para pior do Código do Trabalho e da legislação laboral da Administração Pública, a promoção da individualização das relações de trabalho, a subcontratação e a externalização da produção, o racismo e a xenofobia, a repressão, o divisionismo sindical, a tentativa de contraposição entre Comissões de Trabalhadores e Sindicatos, tudo serve para o condicionamento da luta e a fragilização da unidade e da organização.

A acção ideológica do capital constitui um elemento integrador de toda a sua acção. Os últimos anos e os últimos meses são marcados por uma velha e intensa campanha. Engrossando o coro dos grandes capitalistas, dos seus serventuários e propagandistas e das suas sucursais políticas, dizia ontem um ministro “este não é o momento para os trabalhadores exigirem aumentos de salários”. 

Nós dizemos exactamente o contrário. Este é o momento para exigir a melhoria dos salários, para garantir a organização e redução do horário de trabalho, para combater a precariedade, para defender os direitos e isto significa simultaneamente combater a exploração, melhorar as condições de vida e contribuir para o crescimento e o desenvolvimento do País.

Nós dizemos este é o momento para lutar contra as injustiças sociais que conduzem ao empobrecimento e degradação das condições de vida do povo e que geram lucros escandalosos dos grupos económicos e financeiros com somas fabulosas para os seus accionistas e gestores.

Nós dizemos este é o momento para com todas as forças lutar pela indispensável ruptura, pela política patriótica e de esquerda que Portugal precisa.

Existindo elementos que afectam a unidade e a força organizada, a exploração capitalista e a insaciável lógica do seu agravamento, constituem a base em torno da qual se desenvolve a consciência de classe, a necessidade da unidade, da organização e da luta da classe operária e dos trabalhadores, a percepção da importância das suas organizações de classe.

Conscientes desta realidade, valorizar a luta e os resultados da luta, agir com confiança, associar a luta e a organização são aspectos centrais que se colocam.

Face ao capital fortemente organizado, com poderosos meios, dominando o poder político, a defesa dos interesses de classe dos trabalhadores exige uma sólida organização, com diferentes expressões e dimensões. Desde logo a dimensão sindical.

Os trabalhadores construíram a sua organização no plano sindical, a CGTP-IN, o movimento sindical unitário, com as suas características distintivas de organização sindical de classe, unitária, democrática, independente, solidária e de massas.

Golpeada pela repressão fascista, atacada pelo divisionismo ao serviço do patronato, sujeita às acções dos que proclamaram o objectivo de “partir a espinha à Intersindical”, alvo de práticas sistemáticas para a enfraquecer, paralisar, descaracterizar e destruir enquanto organização de classe, a CGTP-IN afirmou-se e afirma-se como grande central sindical dos trabalhadores portugueses, sua criação histórica que estes defenderão, fortalecerão e afirmarão para o futuro.

Baseada em sindicatos, com centenas de milhar de trabalhadores filiados, dezenas de milhar de delegados, milhares de dirigentes, com os seus órgãos de direcção, constitui um poderoso colectivo, a mais forte e ampla organização social de massas existente em Portugal.

No ano em que se assinala o 40º aniversário da sua criação, quando a ofensiva contra os interesses e direitos dos trabalhadores se intensifica e a CGTP-IN cumpre o seu papel, os comunistas dirigentes e activistas sindicais ao lado de muitos outros, empenham-se como sempre assumindo as suas responsabilidades, contribuindo para o fortalecimento do movimento sindical unitário e da CGTP-IN, na concretização das orientações do seu Congresso e na afirmação da natureza, princípios e objectivos que a definem.

Camaradas

O 1º de Maio, indissociavelmente ligado à evolução da consciência de classe e política dos trabalhadores, é inseparável da acção dos comunistas, do PCP, a expressão política da organização dos trabalhadores, o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores.

O Partido que assume a importância central do contributo dos comunistas para o esclarecimento, unidade, organização e luta dos trabalhadores, que evidencia a importância do reforço da organização e intervenção do Partido junto da classe operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho, elemento central da acção “Avante! Por um PCP mais forte” decidida pelo XVIII Congresso e cuja concretização se coloca como prioridade da acção partidária.

Nesta fase de agudização da luta de classes, em que se decide o futuro do País, é essencial a classe operária e o seu papel na unidade de todos os trabalhadores, grande força social determinante para a ruptura e mudança, no quadro de uma vasta frente social de luta envolvendo todas as classes e camadas anti-monopolistas.

Entrámos num novo ciclo do desenvolvimento da luta e da acção política. Em pequenas e grandes acções, nos locais de trabalho, empresas e sectores, em grandes jornadas de convergência, a luta intensifica-se e alarga-se convergindo no imediato na grande jornada de luta do próximo 1ºde Maio.

Como há 120 anos, em Portugal e no mundo projecta-se hoje o apelo: Basta de injustiças! Basta de exploração! Todos ao 1º de Maio!

Viva a CGTP-IN
Viva o 1º de Maio
Vivam os trabalhadores
Viva o Partido Comunista Português