Intervenção de Jorge Cordeiro, Comissão Política do PCP, Encontro Nacional do PCP sobre Eleições Legislativas 2011

Uma campanha de massas, por uma política patriótica e de esquerda

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Camaradas

Realizamos este nosso Encontro a menos de dois meses das eleições legislativas antecipadas do próximo dia 5 de Junho.

Eleições que são consequência directa da crise económica e social a que PS, PSD e CDS-PP conduziram o país mas, também, resultantes do crescente isolamento social imposto pela ampliação e reforço da luta dos trabalhadores e das populações.

Aqui estamos para preparar e erguer uma campanha de esclarecimento e mobilização por uma ruptura com a política de direita e pela construção de um outro rumo na vida política nacional.

Aqui estamos neste Encontro que é ponto de partida, de mobilização de energias e de unificação de uma acção política indispensáveis ao reforço da CDU e à luta por uma outra política, patriótica e de esquerda.

Estas não são mais umas eleições.
Para lá da dimensão eleitoral com a incontornável importância que lhe está associada, estas eleições constituem um momento inseparável do processo de luta, necessariamente mais amplo, pela indispensável ruptura e mudança e pela concretização de uma alternativa política.

Eleições que têm de assumir uma contribuição  para ampliar a consciência dos trabalhadores e do povo quanto aos problemas e opções com que estão confrontados e para dar mais força, mais apoio, maior peso ao PCP, e aos seus aliados, nos tempos particularmente difíceis que se adivinham para o país e para o nosso povo.

Eleições que têm de ser chamadas a contribuir para afirmar os valores e o papel do PCP, para ampliar a corrente dos que pelo seu voto, no imediato, e a sua atitude no futuro próximo somarão para a luta que os trabalhadores e o povo português serão chamados a travar,  património inestimável para as batalhas presentes e futuras.

Eleições que são assim, também, como sempre,parte inteira da luta mais geral contra a política de direita, pela defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e do povo, pela afirmação da soberania nacional.

Mas que na actual conjuntura dão a estas eleições, e ao que as envolverá, redobrada centralidade à sua articulação com a luta mais geral; à indispensável combinação entre as razões de apoio à CDU com o combate à ingerência e saque que FMI e o Fundo Europeu têm ilegitimamente em curso;

à ligação entre a afirmação de uma política alternativa com a inadiável resposta à ofensiva que, a coberto da  crise e do défice, o governo e o capital desenvolvem contra os direitos sociais e o emprego, contra os salários e as condições de vida dos trabalhadores e do povo.

Uma batalha política para dar corpo à indignação e ao protesto,
suportada numa inabalável confiança no nosso projecto, no nosso percurso e acção, nas nossas propostas.

Confiança nos trabalhadores e no povo português,na sua capacidade e intervenção para construir um país melhor.

Confiança na determinação e na luta dos trabalhadores e de todos quantos não se resignam perante o rumo de injustiças e afundamento do país.

Camaradas

A convocação e preparação destas eleições decorrem num quadro marcado por uma intensa dramatização da vida política nacional,
com uma correspondência directa com um amplo sentimento de insegurança, de inquietação e de interrogações quanto ao futuro próximo  do país e da generalidade da população.

Um sentimento com uma base objectiva resultante da situação concreta e da experiência directa de cada um, mas, sobretudo, animada, alimentada e dirigida por uma intensa operação ideológica  para condicionar e influenciar a opinião de cada eleitor, para animar a resignação, para estimular saídas e soluções que garantam que tudo continue como está.

Uma campanha ideológica que, conhecendo nos dias mais recentes novos argumentos e novas linhas de diversão, é resultado de uma prolongada e intensiva densidade de comentários, análises e opiniões que tem acompanhado o desenvolvimento no país (e a expressão que aqui assumiu), da actual crise do capitalismo.

A construção de um resultado que contribua para derrotar a política de direita e para ampliar, pelo reforço da CDU, a possibilidade de uma alternativa exige um redobrado esforço de esclarecimento, convencimento e mobilização.

Uma acção de esclarecimento para tornar nítida a percepção das razões e responsáveis pelos problemas e a situação do país, (vencendo essa operação já em curso segundo a qual não seria tempo de ajuizar sobre responsabilidades passadas), e para dar combate a essa ardilosa condenação no abstracto da política e dos políticos destinada a iludir que, por detrás de um qualquer Sócrates ou de uma qualquer Passos Coelho se esconde sempre um qualquer banqueiro que comanda e determina.

Uma acção de esclarecimento para vencer o manto de resignação e de aceitação da inevitabilidade (seja pela aceitação da ideia de “que tem de  ser assim” ou “ o “país não tem dinheiro”, seja pela interiorização das dificuldades e da aceitação  “ de mais sacrifícios).

Uma acção de esclarecimento para derrubar o conformismo instalado a partir de alegada ausência de alternativa (alimentada pela ideia de que só os partidos da política de direita contam para uma saída política ou da recorrente opinião de “vocês fazem falta mas “não chegam lá”.

Uma acção de esclarecimento tão mais exigente e decisiva quanto tenderá a ser adensada a campanha de condicionamento e de mistificação: seja pela ampliação da corrente editorial (noticiário, comentário, análise) dirigida para assegurar a perpetuação no poder de PS, PSD e CDS-PP;

seja pelo recurso a elementos destinados a avivar os preconceitos anti-comunistas e a favorecer opções menos consequentes e mais toleráveis pelo capital, no quadro de uma previsível agudização da luta de classes no futuro mais próximo da vida do país;

seja pela desvalorização e omissão, quando não o silenciamento e a grosseira falsificação, da mensagem do Partido, das suas propostas e soluções ;

seja pela habitual e intolerável pressão introduzida pelas sondagens e os respectivos enquadramentos (não apenas de menorização das expectativas da CDU mas também e sobretudo de exponenciação das possibilidades de outros e de construção forçada de dramatização bipolar).

Camaradas

Ruptura com a política de direita, construção de uma política patriótica e de esquerda, reforço do PCP e da CDU como condição nuclear e indispensável para sua concretização, são em síntese os elementos essenciais da nossa intervenção política mais imediata.

Uma intervenção ancorada:

Na necessária identificação das razões e denúncia dos responsáveis pela situação do país revelando que as consequências da política dominante não são neutras (acumulação de lucros construídos à custa da exploração do trabalho e dos rendimentos  das famílias) que há beneficiários e sacrificados (grande capital por um lado, trabalhadores e camadas populares por outro), que há promotores e mandantes (PS, PSD e CDS-PP como meros feitores dos interesses determinados pelo grupos económicos e financeiros);

uma intervenção ancorada na apresentação de propostas, soluções e rumo alternativo que comprovem que há uma outra política para o país capaz de romper com o caminho de injustiças e declínio e de abrir espaço à construção de um país mais desenvolvido, justo e soberano;

uma intervenção ancorada na convicta afirmação de que há alternativas e que está nas mãos de cada trabalhador e de cada português contribuir para a sua concretização com o voto na CDU.

Camaradas

A construção do resultado da CDU e das possibilidades da sua expansão – num quadro de particulares complexidades – exige, não apenas a confirmação do conjunto de linhas de trabalho e de meios de intervenção presentes na nossa experiência eleitoral, mas também nas actuais circunstâncias,uma mais precisa definição de prioridades e de concentração de meios.

Hoje, mais do que em momentos anteriores, se impõe um grande envolvimento do colectivo partidário capaz de construir uma forte campanha de massas, activa, criativa e dinâmica, baseada na afirmação da CDU assente no contacto directo, na informação, no esclarecimento e na mobilização para uma ruptura e uma mudança na vida política nacional.

A acção nacional de contacto directo com os trabalhadores e o povo  sob o lema «um milhão de contactos por uma política patriótica e de esquerda» constitui o elemento central para  concretização desse objectivo.

Uma acção em que cada membro do Partido, cada activista da CDU, é chamado a dar uma contribuição decisiva para ampliar o esclarecimento e para ampliar a confiança de que é possível, com o apoio e o voto na CDU,um outro caminho e uma outra política.

Uma acção dirigida para afirmar e valorizar o papel, atitude e coerência do PCP testemunhada pelo seu percurso de luta e presença solidária junto e com todos quantos fizeram ouvir os seus direitos, o seu protesto e as suas inquietações;

para sublinhar o valor e a importância de um apoio e um voto que permanecerá como força que fica para o futuro, como condição de defesa e afirmação dos direitos de todos os que continuarão a ser alvo da imposição de mais sacrifícios, força tão mais decisiva quanto mais expressiva e ampliada resultar das eleições e do número de deputados eleitos;

para animar a perspectiva da possibilidade de destas eleições poder sair outra solução cuja viabilização é inseparável do reforço da CDU e da confiança e apoio de todos quantos atingidos pela política de PS, PSD e CDS-PP aspiram a uma vida melhor.

Mas também uma campanha que nos eixos centrais da sua programação leve em linha de conta a identificação de sectores e camadas da população a privilegiar – trabalhadores, novas gerações  reformados;
a implementação de medidas concretas que assegurem o desenvolvimento de uma campanha que corresponda a essa prioridades;
a consideração na acção eleitoral, de elementos de presença e de iniciativa que associem a afirmação  do Partido com o conjunto de lutas, movimentos e acções desenvolvidas pelos trabalhadores e as populações.

Esclarecer e mobilizar para fazer da CDU ponto de encontro das muitas e justas razões de protesto, ponto de encontro de todos quantos, para lá da sua legitima inquietação, confiam de há um outro caminho,ponto de encontro dos que acreditam ser possível um país mais desenvolvido e soberano,é esta a tarefa que temos por diante nas próximas semanas.

Com a convicção de que é na CDU e no seu reforço que reside a possibilidade de uma viragem na política nacional favorável aos interesses dos trabalhadores, à afirmação dos direitos económicos e sociais, à defesa dos interesses nacionais, ao combate às desigualdades e à construção de um país mais justo, desenvolvido e soberano.

É este o objectivo e a tarefa para a qual todos – militantes comunistas, activistas da CDU e das forças que a integram, milhares de homens e mulheres sem partido que aspiram a uma vida melhor –  são convocados a concretizar com a sua energia, dedicação e empenhamento.

Um empenho enraizado na firme convicção de todos que sabem residir aqui a condição indispensável para responder às ameaças de liquidação da independência e dos interesses nacionais,  para a defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo, para prosseguir a luta por um Portugal mais desenvolvido, mais justo e soberano.

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