Intervenção de Isabel Castro, membro do Partido Ecologista "Os Verdes", Comício Internacional «Pelo emprego com direitos. Por uma Europa de progresso social, paz e cooperação»

Um novo tempo

Quero, em nome do Partido Ecologista «Os Verdes», agradecer o convite que nos foi dirigido para participar neste entusiástico Encontro Internacional, e manifestar a total solidariedade dos Verdes portugueses para com os propósitos que o animam e para com o imenso movimento de opinião Europeu que também deste modo, hoje aqui e agora se ajuda a corporizar.

Um movimento de opinião de que este Encontro é sinónimo expressivo.

Mulheres e homens vindos de diferentes recantos da velha Europa aqui reunidos.

Pessoas, na sua diversidade, portadoras de diferentes perspectivas, percursos, experiências, saberes em diferentes terras e contextos de intervenção e luta moldados.

Pessoas na sua diversidade unidas.
Unidas na profunda convicção do que aqui nos traz.
Unidas na tremenda vontade do que nos move.
A convicção de que esta não é a Europa com que nos identificamos e com que sonhámos.

A certeza de que esta não é a via nem para a resolução da crise ecológica do planeta, nem para a satisfação das necessidades das pessoas e para assegurar o seu direito à felicidade.

A vontade aqui feita compromisso público:
De agir contra a indiferença;
De agir contra a hipocrisia;.
De agir contra o silêncio acomodado.

Agir, lado a lado, com os muitos e muitos milhares de cidadãos que por toda esta Europa fora, jovens ou idosos, mulheres ou homens, intelectuais ou operários, comunistas, feministas, sindicalistas, ecologistas, gente com ou sem religião, se interrogam sobre o seu futuro, se reclamam de outros valores e valias.

Gente que recusa o conformismo sobre margens e sabe que esta é a oportunidade e este é o momento chegado de exigir o debate, até aqui negado de ter a voz até aqui silenciada, sobre o futuro desta Europa ou seja sobre o nosso próprio futuro comum!

Um debate numa Europa em que só fará sentido falar-se de solidariedade.

Quando se deixar de aceitar a inevitabilidade da exclusão, do racismo e da xenofobia, do desequilíbrio entre Povos e Regiões, e da pobreza que já hoje atinge mais de 56 milhões, de entre nós.

Um debate numa Europa em que só fará sentido falar-se de liberdade quando esta mais do que mero exercício formal, for também sinónimo da garantia de educação, de cultura, de ambiente, de saúde, de habitação, de igualdade entre mulheres, como património vivido de todos, e de cada um de nós.

Um debate numa Europa em que só fará sentido falar-se de direitos, quando, de entre estes, o emprego o for também como uma realidade para todos, e não como privilégio ou uma espécie em vias de extinção.

Um debate numa Europa em que só fará sentido falar-se de cidadania quando ao valor sagrado do lucro, à tirania do mercado e à sua implacável lógica desumanizadora em nome da qual tudo se sacrifica, se contrapuser o primado das pessoas, do seu bem-estar, do seu direito ao presente e ao futuro.

Uma Europa em que só fará sentido falar-se de desenvolvimento sustentado quando a revolução técnica e científica for posta ao serviço da libertação dos indivíduos, da satisfação das suas necessidades, do equilíbrio ecológico e da sociedade e não se assumir como um pretexto para a sua negação.

Uma Europa em que só fará sentido falar-se de segurança quando esta assentar não no nuclear, não na militarização da sociedade, mas na cooperação entre Povos, na prevenção dos conflitos, no desarmamento e na paz.

A Europa de que nós reclamamos não é unia utopia, não! É uma exigência da nossa própria sobrevivência colectiva.

Uma exigência que concilia um património de direitos nesta Europa durante gerações acumulando, com o novo paradigma que à Humanidade está colocado: o de pôr fim à crise ecológica e à exclusão e desigualdade que lhe estão associadas.

É tempo, pois, de um novo tempo que no planeta, na Europa e em cada país implica uma utilização racional dos recursos naturais e uma partilha socialmente justas.

Um tempo que implica uma nova solidariedade.

Um tempo que implica uma nova democracia mais vivida, mais participada, mais humanizada.

Um tempo que aqui nos trouxe e não queremos adiado!

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