Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre o anúncio da privatização da TAP

O Governo anunciou ao final desta manhã que determinou o início da primeira fase do quarto processo de privatização da TAP. Depois de a primeira tentativa ter quase destruído a TAP com a falência do comprador – a Swissair. Depois de a terceira tentativa ter terminado com o capitalista em fuga e a empresa na falência. Surge agora a intenção do Governo de proceder à entrega ao capital estrangeiro daquela que é, uma das principais empresas nacionais, a maior exportadora de serviços no País, o garante da nossa continuidade territorial e soberania no transporte aéreo. Uma privatização que surge num momento em que a TAP está estabilizada, capitalizada e a poder crescer quando deixar de estar condicionada pelas imposições da UE, que objectivamente tudo tem feito para condicionar a TAP e favorecer as grandes multinacionais do sector.

O anúncio do Governo, ao falar em primeira fase, vem também demonstrar que este mantém a intenção de privatizar toda a empresa, apesar das declarações em contrário, quer do PS, quer do Chega quando viabilizaram este Governo e o seu programa. Não pode pois haver qualquer ilusão, não é de uma privatização parcial que estamos a falar, é de uma privatização total realizada por fases.

As grandes multinacionais querem a TAP não porque vale pouco, é porque vale muito e pode valer mais se for gerida para servir os interesses do povo e do País. 

Num momento em que o Governo nada fez para recuperar um cêntimo dos 6 mil milhões de euros oferecidos à multinacional Lone Star com o processo do Novo Banco, são ridículas as declarações de Luís Montenegro que a venda da TAP é para recuperar o dinheiro nela investido. O dinheiro investido na TAP é recuperado cada dia em que esta opera como empresa pública, nos lucros e dividendos que gera, nos salários que paga em Portugal, no que desconta para a Segurança Social e o IRS, nos 4% de contributo para o PIB, na importância que tem na balança comercial, na soberania nacional que garante a um país com duas regiões insulares, com importantes comunidades portuguesas no mundo, com um peso brutal do turismo na economia.

Estamos perante um anúncio de mais um crime económico que este Governo e os que sustentam a privatização da TAP pretendem. Mas tal como antes aconteceu, iremos continuar a lutar contra a privatização da TAP, que já foi quatro vezes travada ou revertida. 

Perante o que aqui se disse, perante a política de entrega de património e recursos nacionais – seja na banca, seja na aviação – ao capital estrangeiro, perante a convergência a que assistimos entre o Governo PSD/CDS, o Chega, a IL e o PS nesta política de abdicação e assalto, torna-se cada vez mais clara a necessidade de um outro rumo para o País.

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