Pergunta ao Governo N.º 208/XII/3

Situação de completa ruptura ao nível dos recursos humanos do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV)

Situação de completa ruptura ao nível dos recursos humanos do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV)

São já vários os requerimentos dirigidos pelo PCP sobre a situação de completa rutura ao nível dos recursos humanos do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV). Apesar das respostas evasivas e inconcludentes, a situação mantém-se e agrava-se de dia para dia. No que respeita à resposta à última pergunta 2789/XII/2 por nós efetuada, que identificava carências nos serviços de Medicina Interna e Medicina Intensiva, o Ministério da Saúde respondeu apenas sobre o Serviço de Medicina Interna. Lê-se na sua resposta que a ARS identificou carência de 3
médicos para este serviço e que só foram abertas duas vagas, sendo que apenas uma foi preenchida. Nada foi referido na resposta sobre o Serviço de Medicina Intensiva, para onde se pretende contratar médicos através de empresas prestadoras de serviços, nem sobre o Serviço
de Cirurgia, nem sobre o Serviço de Ortopedia, nem sobre a Urgência Geral do Hospital de Aveiro e do Hospital de Águeda.
Insistimos, portanto, neste ponto que não mereceu qualquer resposta da parte do Ministério da Saúde.
No dia 14 de Outubro de 2012, o Ministro da Saúde assinou um acordo com os sindicatos Médicos no qual pode ler-se no ponto 17 da secção II - Princípios o seguinte: "O recurso a prestações de serviços médicos deve ter lugar apenas em situações de estrita necessidade e
devidamente fundamentadas.". Ora onde está o devido fundamento para a contratação de médicos através de empresas de prestação de serviço, com carácter permanente, quando as necessidades de recursos humanos têm sido por nós apontadas desde há longa data?
Importa recordar a abertura do Anúncio de procedimento n.º 1921/2012de 14 de Maio de 2012, no qual se abria concurso a empresas de prestação de serviço com o critério único de seleção do menor preço. Esse anúncio de procedimento foi a gota de água que motivou uma greve de médicos de dois dias, com grande impacto mediático e nesta classe profissional, e que levou à realização do acordo já mencionado e à inclusão do ponto 17. Ora a verdade é que da parte da tutela nunca houve intenção de cumprir a palavra, e esse anúncio de procedimento levou ao Despacho n.º 3572/2013 onde se podem consultar as empresas admitidas pelos ServiçosPartilhados do Ministério da Saúde, E.P.E.
O caso concreto que vimos por este meio denunciar ultrapassa todos os limites da razoabilidade. Já há muito que parte dos recursos humanos necessários ao funcionamento deste centro hospitalar têm vindo a ser fornecidos por uma empresa de prestação de serviços, a
Ibérico Ferreira Saúde, Lta. Sucede que o pessoal médico que, por conta desta empresa de prestação de serviços, tem garantido o serviço de urgência no Hospital de Águeda não recebe salários há 5 meses.
Perante a mais que justa recusa destes médicos em trabalhar sem receber o seu vencimento, o Conselho de Administração, resolveu deslocar médicos da urgência do Hospital de Aveiro para o Hospital de Águeda, agravando ainda mais as dificuldades daquele serviço de urgências onde foram registadas ainda recentemente tempos de espera superior a 7 horas.
Assim, ao abrigo da alínea d) do artigo 156º da Constituição e nos termos e para os efeitos do 229º do Regimento da Assembleia da República, perguntámos ao Ministério da Saúde oseguinte:
1. Tem o Ministério da Saúde conhecimento desta situação?
2.Como explica que, apesar dos sucessivos avisos relativamente às carências gritantes de recursos humanos, não se tenham tomado medidas efetivas destinadas a resolver o problema, comprometendo assim a qualidade do serviço.
3.De quantos médicos e de que especialidades necessita o CHBV para o seu normal funcionamento, logo que inseridos nas Carreiras Médicas?
4.Que medidas concretas foram tomadas para assegurar a dotação dos diversos serviços do Centro Hospitalar do Baixo Vouga dos necessários recursos humanos médicos?
5.Como justifica este ministério o facto de manter abertos concursos de prestação de serviços médicos ao mais baixo preço e ao mesmo tempo assinava exatamente o contrário num acordo com os Sindicatos representativos destes profissionais?
6.Que medida pensa tomar relativamente à empresa de prestação de serviços Ibérico Ferreira, Lda perante esta barbaridade que implica obviamente o Estado de Português, e o Ministério da Saúde em particular como entidade cúmplice perante este tipo de expediente?
7.Ainda a propósito do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, e considerando que as declarações públicas de um autarca eleito com o apoio dos partidos desta maioria sobre a sua demissão não foram desmentidas, gostaríamos de saber se o mesmo de mantém ou não em plenas funções.

  • Saúde
  • Assembleia da República