Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

"Quantos postos de trabalho mais quer este governo destruir na administração pública?"

No debate agendado pelo PCP para discussão do Projecto de Lei que impede o encerramento de serviços públicos, Jorge Machado afirmou que o governo quer continuar com as rescisões e mais despedimentos na Administração Pública, levando mais longe o encerramento de serviços para os entregar ao sector privado.
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(projeto de lei n.º 624/XII/3.ª)

Sr. Presidente,
Sr. Deputado Amadeu Soares Albergaria,
Tem um grave problema de conceitos: encerrar não é modernizar; encerrar não é defender a escola pública; encerrar e destruir serviços públicos não é governar. Este Governo só conhece estas palavras: encerrar, cortar, destruir serviços públicos. Não conhece outras palavras!… Portanto, mais parece um talhante que corta a eito do que um governante.
A verdade é que este Governo de desgraça nacional, do PSD e do CDS, está a destruir importantíssimos serviços públicos, entre os quais a escola pública.
Se o anterior Governo do PS dizia que os trabalhadores da Administração Pública eram uns privilegiados, agora o PSD e o CDS falam de igualdade para atacar todos os trabalhadores. A verdade é que o objetivo do PSD é reconfigurar o Estado, destruir e privatizar os serviços públicos para, assim, encher os bolsos de meia dúzia de privados à custa de milhares de trabalhadores da Administração Pública, à custa de milhares de euros do dinheiro de todos nós.
A realidade dramática dos números comprova, Sr. Deputado, que, entre 2011 e 2013, o Governo, de acordo com os seus próprios dados, destruiu 49 000 postos de trabalho na Administração Pública. Se tivermos em conta o ano de 2005, com o congelamento das admissões, então, foram destruídos na Administração Pública 184 000 postos de trabalho. Só na escola pública, Sr. Deputado, foram destruídos 35 000 postos de trabalho.
A degradação dos serviços é evidente: hoje há escolas que apenas funcionam porque celebraram contratos emprego-inserção, isto é, têm trabalhadores desempregados que estão a trabalhar de graça para o Estado.
Mais: o Governo PSD/CDS não está satisfeito relativamente a esta matéria e, portanto, propõe mais rescisões e mais despedimentos no Documento de Estratégia Orçamental.
O programa Aproximar é outro componente desse mesmo ataque — querem levar mais longe o encerramento de serviços para os entregar ao setor privado. Portanto, o dito programa Aproximar não visa aproximar nada de ninguém, visa, sim, destruir e desertificar o País ainda mais.
A questão que lhe coloco é esta: até onde vai este Governo? Quantos mais postos de trabalho quer este Governo destruir na Administração Pública?

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