Hoje, dia 9 de Maio, comemoram-se 80 anos da Vitória sobre o nazi-fascismo. Na sequência da rendição da Alemanha nazi, em Berlim, milhões de pessoas saíram à rua no dia 9 de Maio de 1945 para comemorar o fim, na Europa, da mais mortífera guerra na história da Humanidade. Desencadeada pelas potências fascistas – a Alemanha nazi, a Itália fascista e o Japão militarista –, a Segunda Guerra Mundial terminaria, meses depois, com a capitulação do Japão no dia 2 de Setembro.
Sem esquecer o importante contributo de diversos países, é um facto histórico indesmentível que o papel decisivo na Vitória coube à União Soviética, ao povo soviético e ao seu Exército Vermelho. Foi na Frente Leste que a Alemanha nazi concentrou o essencial das suas forças militares e foi aí que se travaram as batalhas decisivas que determinaram a derrota do nazi-fascismo – Moscovo, Leninegrado, Estalinegrado, Kursk e muitas outras. Suportando o sacrifício de mais de 20 milhões de homens e mulheres, a URSS foi determinante na libertação da Humanidade da barbárie nazi-fascista e dos seus monstruosos crimes, entre os quais sobressaem os campos de concentração e extermínio nazis, onde foram assassinadas milhões de pessoas, comunistas e outros anti-fascistas, eslavos, judeus, prisioneiros de guerra, entre muitos outros. A libertação foi também alcançada com o contributo de poderosos movimentos de resistência, nos quais os comunistas participaram de forma decisiva.
O fascismo foi uma resposta do capitalismo face à sua profunda crise, na primeira metade do Século XX. O fascismo foi a expressão mais violenta da dominação dos grandes industriais, da grande finança e dos grandes agrários, constituindo um instrumento contra o movimento operário. A sua marca de classe esteve presente desde o primeiro momento. O fascismo perseguiu todos quantos se opunham ao seu regime de terror, tendo os comunistas e o movimento operário e sindical sido as suas primeiras vítimas. O caminho que levou à Segunda Guerra Mundial mostrou que o fascismo e a guerra vão de mãos dadas.
A correlação de forças mundial que resultou da derrota do nazi-fascismo, com o enorme prestígio alcançado pela União Soviética socialista e pelos partidos comunistas, abriu espaço a um período de grandes conquistas e progresso social. Os povos de vários países na Europa, na Ásia ou na América Latina optaram pela construção de sociedades socialistas. Generalizou-se a luta pela independência nacional, que culminaria no fim dos impérios coloniais. Nos países capitalistas, os trabalhadores e os povos conquistaram importantes avanços, como sistemas públicos de saúde, de educação e de segurança social universais, liberdades e direitos políticos e sindicais, nacionalizações de sectores da economia, a paz.
No entanto, após o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América, a nova grande potência imperialista, promoveu uma violenta ofensiva para conter e fazer recuar as forças da paz e do progresso social. Sob o anti-comunismo, a aliança anti-fascista, que marcara o final da guerra, foi destruída e substituída pela escalada de confrontação promovida pelo imperialismo. Com o intuito de esmagar a luta de libertação nacional dos povos, os EUA e seus aliados desencadearam numerosas intervenções militares, como na Coreia ou no Vietname. A chamada ‘Guerra Fria’ ditou também a sobrevivência do fascismo salazarista em Portugal, graças ao apoio dos EUA e da NATO. A libertação seria conquistada em resultado de uma longa e heróica luta de resistência anti-fascista, e quase três décadas depois pela acção do Movimento das Forças Armadas e do povo português, a 25 de Abril de 1974.
A Vitória sobre o nazi-fascismo ganha particular actualidade nos dias de hoje face à nova investida do imperialismo, que incrementa a sua política de confrontação e de guerra.
Em resultado das suas políticas neoliberais, de intensificação da exploração e ataque aos direitos democráticos, agravando injustiças e desigualdades e promovendo o enriquecimento obsceno de uns poucos, as grandes potências capitalistas vêem-se hoje confrontadas com o seu declínio relativo, que é patente na crise que perpassa nos EUA e nos outros países que integram o G7. Recusando-se a aceitar relações internacionais assentes nos princípios da Carta da ONU, como a igualdade soberana dos Estados, o imperialismo, particularmente o imperialismo norte-americano, procura manter a sua hegemonia mundial pela via da força. De novo, as classes dominantes de um capitalismo em profunda crise optam pela violência, o militarismo e a guerra – em que se inserem a escalada belicista promovida pelos EUA, a NATO e a UE e o genocídio do povo palestiniano.
Saudando os 80 anos da Vitória sobre o nazi-fascismo e prestando homenagem às suas vítimas e a todos os que lhe resistiram, lutaram e venceram, o PCP apela aos democratas, aos trabalhadores, à juventude ao povo português para que rejeitem a reescrita e falsificação da História, que branqueiam o fascismo, os seus hediondos crimes e os interesses de classe que serve, para que dêem combate à promoção de concepções e projectos reaccionários e fascizantes, que visam colocar em causa liberdades e direitos democráticos.
Alertando para o perigo que representa a apologia do militarismo e da guerra, que banaliza as trágicas consequências de uma confrontação de grandes proporções – que, nos nossos dias, corre o sério risco de se tornar numa confrontação nuclear, ameaçando a própria existência da Humanidade –, o PCP apela aos democratas, aos trabalhadores, à juventude, ao povo português para que se mobilizem em prol da paz, rejeitando o militarismo, a escalada armamentista e a guerra.
Hoje, como há 80 anos, é necessária uma determinada acção e uma ampla convergência em prol da paz, da liberdade, da democracia, do progresso social, da cooperação e amizade entre os povos.