Pela paz e a verdade, contra o fascismo e a guerra
O Partido Comunista Português comemora o 75.º Aniversário da Vitória, de 9 de Maio de 1945, recordando o que foi e o que representou a Segunda Guerra Mundial e a derrota do nazi-fascismo, defendendo a verdade e rejeitando as tentativas de reescrita e de falsificação da História, para que jamais a barbárie do fascismo e da guerra aconteça de novo.
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Cronologia
1918
Assinatura do Armistício, após a capitulação da Alemanha.
Com o fim da guerra, uma situação revolucionaria estende-se por toda a Alemanha, O exemplo da Revolução de Outubro, está presente e os conselhos de operários e de soldados espalham-se pelo país.
Em Novembro, Guilherme II abdica e é proclamada a Repúblicada Alemanha.
Friedrich Ebert, presidente do Partido Social-Democrata, assume a responsabilidade dos assuntos correntes da governação e estabelece um pacto com o general Groener com o objectivo de «repor a ordem» e fazer face à revolução socialista.
1919
lnsurreição revolucionária em Berlim, dirigida pela liga Spartakista. Os dirigentes comunistas Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg são assassinados pelos «corpos francos» do governo.
18 de JaneiroInício da Conferência de Paz no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Paris. Reunidos 70 delegados de 27 nações, sob a presidência do Presidente do Conselho Francês Clemenceau. De facto, as decisões importantes são tomada em comité restrito por Clemenceau, pelo primeiro-ministro inglês Lloyd George e pelo presidente dos EUA, Wilson.
As potências vencidas e a jovem República Socialista Federativa Soviética Russa não são admitidas na Conferência.
FevereiroNa Alemanha, inicia-se o funcionamento da Assembleia Constituinte em Weimar. Friedrich Ebert, é eleito Presidente do Reich. Nasce a República Parlamentar de Weimar.
28 de AbrilÉ criada em Versalhes a Sociedade das Nações: o seu regulamento virá a ser parte integrante do tratado de paz de Versalhes assinado dois meses mais tarde.
7 de JunhoAs condições de paz foram apresentadas à Alemanha. O ministro dos Negócios Estrangeiros Alemão tenta conseguir que algumas destas condições sejam atenuadas. Mas a 16 de Junho os Aliados apresentam um ultimato exigindo a assinatura do tratado quase sem alterações. Perante a ameaça de um novo avanço das tropas aliadas em território alemão, a Assembleia Nacional do Reich dá o seu acordo à assinatura do tratado por maioria (237 votos a favor e 138 contra).
28 de JunhoAssinatura do Tratado de Versalhes pela Alemanha.
1920
O Senado dos EUA recusa a ratificação do Tratado de Versalhes. Na Alemanha, sucedem-se as crises políticas e a situação económica degrada-se. O general Von Seeckt é nomeado chefe das forças armadas.
Até 1930, a Alemanha respeitará, no essencial as restrições impostas pelo Tratado de Versalhes no plano militar. Mas sob a direcção de Von Seeckt, criará um exército profissional altamente disciplinado e eficaz, «apolítico» mas educado firmemente no militarismo e na perspectiva da revanche nacional.
Esse exército de elite «de chefes para o povo no momento de perigo», como o definiu Von Seeckt, virá a ser o núcleo de umas forças armadas à medida das necessidades do regime nazi.
1921
Os Estados Unidos da América assinam uma paz separada com a Alemanha e, simultaneamente, recusam a adesão à Sociedade das Nações.
Durante os anos 1921 e 1922 são assinados entre as potências imperialistas os acordos de Washington que estabelecem a partilha imperialista da zona do Pacífico.
1923
Os Aliados exigem o pagamento das indemnizações de guerra. A França ocupa o Ruhr e a Lituânia ocupa Memel.
Na Alemanha, em Agosto forma-se um governo de «grande coligação» dos partidos burgueses, dirigidos por Stresemann. Em Novembro falha o «putsch nazi» de Munique. Hitler, preso durante 8 meses, começa a escrever Mein Kampf. O marco estabiliza: 1 dólar vale 4,2 marcos.
1925
Morte de Ebert. O Marechal Hindenburg é o novo presidente do Reich.
1926
A Alemanha torna-se membro da Sociedade das Nações.
1927
Fim do controlo do desarmamento.
1928
Em Maio, nas eleições para o parlamento alemão (Reichstag), êxito dos sociais-democratas e dos comunistas, que obtêm 42% dos mandatos.
As relações franco-alemãs passam por um período de desanuviamento.
1929
O crash na Bolsa de Nova Iorque, em 24 de Outubro de 1929, marca o início de uma grande depressão e crise económica em todo o mundo capitalista.
A Primeira Guerra Mundial trouxera a ruína a toda a Europa e um quase completo desmoronamento da economia mundial e do comércio internacional. A partir de 1923, inicia-se um período de recuperação. Contudo, por detrás deste desenvolvimento estão já os sinais precursores da crise: grande desemprego, estagnação dos preços, corrida na Bolsa, recuo na produção agrícola, do carvão e da indústria têxtil e excessos de produção noutros sectores.
Ao contrário da Europa arruinada, os EUA conhecem no pós-guerra um período de «prosperidade»: o big business industrial e financeiro domina, acumulando fortunas colossais.
Os EUA são também os principais credores internacionais e, na América Central e do Sul, desenvolvem já uma política «intervencionista».
A crise iniciada em 1929 provocará na produção industrial norte-americana uma baixa de 54%. O número de desempregados nos EUA atingirá 15 milhões. Durante o Verão de 1930 a crise atingirá toda a Europa: falências em série, quedas dos preços. desemprego, desmoronamento do circuito dos meios de pagamento.
1930
Na Alemanha, em Março cai o governo social-democrata de Müller.
Em Abril, os Aliados completam a evacuação das suas tropas da margem esquerda do Reno. Hindenburg dissolve o parlamento e, nas eleições, o partido nazi obtém um grande sucesso, transformando-se na segunda força política parlamentar.
Entretanto a depressão atingiu duramente a Alemanha, a produção baixa de 50% e o número de desempregados atinge os 6 milhões.
1931
O Presidente dos EUA, Herbert Hoover concede uma moratória para as dívidas de guerra dos países europeus.
1932
Na Alemanha. Hindenburg é reeleito Presidente. Nas eleições para o Reichstag, vitória relativa do partido nazi e impasse parlamentar para a formação do governo. Novas eleições em Novembro enfraquecem a posição dos nazis que continuam, porém, a ser os mais votados.
A economia mundial recupera dificilmente. As políticas deflaccionistas restritivas mostram-se incapazes de resolver a crise. Os governos começam a recorrer a programas de trabalhos públicos, à nacionalização de empresas, ao fornecimento de créditos públicos às empresas e ao controlo dos preços e dos salários. Apesar do aumento progressivo da produção industrial (que atingirá em 1936 o nível de 1913) as tendências proteccionistas e as tensões internacionais impedirão um restabelecimento completo da economia capitalista antes do início da Segunda Guerra Mundial.
1933
Em 30 de Janeiro, Hindenburg nomeia Hitler para o cargo de chanceler do Reich. Presta juramento como chanceler e chefia um governo de coligação e União Nacional. Von Papen e Hugenberg são vice-chanceleres.
FevereiroHitler suspende o Parlamento e adopta a lei dos Plenos Poderes.
Incêndio do Reichstag. Provocação organizada pelos nazis, que pretendem atribuir a autoria do incêndio aos comunistas. Iniciam-se as prisões em massa de comunistas.
MarçoEm Portugal, com Salazar Presidente do Conselho de Ministros, é aprovada uma nova Constituição: criado o «Estado Novo», segundo o modelo fascista.
A Sociedade das Nações adopta o relatório Lytton, que considera ilegal a acção do Japão na Manchúria. O Japão abandona a Sociedade das Nações.
AbrilRealiza-se uma jornada anti-semita na Alemanha. Inicia-se a perseguição aos judeus. É criada a Gestapo e são abertos campos de concentração em toda a Alemanha.
MaioFranklin Roosevelt, eleito Presidente dos EUA em Novembro de 1932, inicia a política de New Deal que visa tirar os Estados Unidos da depressão económica.
Na Alemanha são proibidos os sindicatos operários.
JunhoA França, a Inglaterra, a Itália e a Alemanha assinam em Roma o «Pacto dos Quatro», que visa o aperfeiçoamento da colaboração entre estes países no quadro da Sociedade das Nações.
Tem lugar em Londres uma Conferência Monetária Mundial, que termina num falhanço pois permanecem as divergências entre os apoiantes e os adversários do «padrão-ouro».
1933
O regime hitleriano e a Igreja Católica assinam uma Concordata.
Ilegalizados os partidos políticos na Alemanha.
SetembroInicia-se em Leipzig o processo do incêndio do Reichstag. Dimitrov é o principal acusado no julgamento-farsa nazi.
OutubroSegunda Conferência de Desarmamento Internacional. A proposta britânica de diminuição dos exércitos (a Alemanha só poderia ter 200 mil homens) é recusada. A Alemanha abandona a Sociedade das Nações.
NovembroOs EUA reconhecem a URSS dezasseis anos depois da Revolução de Outubro.
Realiza-se na Alemanha, num clima de terror, uno plebiscito organizado pelos nazis. Hitler obtém 40 milhões de votos favoráveis e 2 milhões contrários.
DezembroÉ aprovada na Alemanha a Lei da Unidade do Partido e do Estado. O partido nazi torna-se um partido de Estado.
1934
A Polónia assina um Pacto de não agressão com a Alemanha sem consultar a França, país que garantia as suas fronteiras desde 1918. Este constituiu o primeiro grande golpe na política de alianças da França.
FevereiroInsurreição em Viena contra a ameaça fascista («Comuna de Viena») é reprimida e instaura-se a ditadura de Dollfuss.
Os Estados Unidos e a URSS restabelecem relações diplomáticas, devido à preocupação americana com a expansão japonesa no Extremo Oriente.
Pacto Balcânico entre a Jugoslávia, Grécia, Roménia e Turquia.
A CGT francesa convoca uma greve geral «em defesa das liberdades», que é apoiada por socialistas e comunistas, facto inédito desde 1920. Queda do governo de Daladier.
AbrilDollfuss aprova nova Constituição para a Áustria baseada nos princípios do corporativismo.
JunhoRealiza-se o Congresso europeu antifascista em Paris.
«Noite das facas longas» na Alemanha. Hitler ordena o assassinato de Röhm, o chefe das SA, e dos seus mais próximos colaboradores. Outros adversários são liquidados. É criada a Gestapo, a polícia nazi. Himmler é colocado à frente de todo o complexo repressivo nazi.
Putsch nazi na Áustria. O chanceler Dollfuss é assassinado. Sucede-lhe Schuschnigg.
Pacto de unidade entre os partidos comunista e socialista franceses.
AgostoMorre Paul von Hindenburg. Hitler torna-se «Führer e Chanceler do Reich».
SetembroA URSS entra na Sociedade das Nações.
OutubroInsurreição operária nas Astúrias é reprimida por forças da Legião Estrangeira e coloniais do general Francisco Franco.
Fracasso das cinco campanhas (1930-1934) de Chang Kai-shek para submeter as forças comunistas chinesas, apesar do apoio de conselheiros militares alemães. Inicia-se a Longa Marcha (1934-1935) do exército vermelho liderado por Mao Tsé-Tung.
1934
Os nazis vencem por maioria esmagadora as eleições em Dantzig.
E criada na Alemanha a «Frente do Trabalho, que substitui os sindicatos, já então dissolvidos.
DezembroConferência em Montreux dos partidos e movimentos fascistas.
O Japão denuncia os Acordos navais de Washington (1921-1922) que lhe limitavam o seu poderio naval a 315 mil toneladas.
1935
Acordo italo-francês assinado em Roma por Mussolini e Laval. Mão livre à Itália para intervir na Etiópia.
Plebiscito no Sarre. 90% dos votantes pronunciam-se pela reinserção na Alemanha.
MarçoA Alemanha restabelece o serviço militar obrigatório. O Exército passará a ter 12 Corpos de Exército e 36 Divisões.
Aprovada uma Constituição autoritária na Polónia que suprime o sistema democrático parlamentar.
MaioAssinado o Tratado de Assistência Mútua Franco-Soviético. Este tratado dirigia-se contra a Alemanha e foi completado por um Tratado de Assistência entre a URSS e a Checoslováquia, que obrigava a URSS a intervir em auxílio da Checoslováquia, assim que a França o fizesse.
JunhoAcordo naval entre a Inglaterra e a Alemanha, segundo o qual a frota alemã não deverá exceder 35% da inglesa. É no entanto estabelecida a paridade e em submarinos.
JulhoTratado comercial entre os EUA e a URSS.
Realiza-se o VII Congresso da Internacional Comunista. Participam 65 partidos entre os 76 existentes.
Aprovada a política da Frente Popular (luta contra o fascismo em colaboração com os sociais-democratas).
O New Deal entra numa nova fase. É aprovado o National Labor Relations Act que reconhece os sindicatos, o direito à greve e a liberdade para os trabalhadores se organizarem. É igualmente aprovado o Social Security Act que cria a segurança social para os desempregados, os inválidos e os velhos.
SetembroLeis de Nuremberga: é institucionalizada a discriminação e a perseguição aos judeus e não arianos.
OutubroSem declaração de guerra, a Itália inicia a agressão à Etiópia. A Sociedade das Nações declara que a Itália é o agressor e decreta sanções económicas mas os EUA continuam a fornecer-lhe petróleo e a Alemanha carvão.
1935
Insurreição no Nordeste brasileiro comandada por Luís Carlos Prestes, futuro secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro.
DezembroA Argentina, o Brasil e o Uruguai assinam um Pacto Anti-Komintern.
Armistício entre o Kuomintang (Chiang Kai-shek) e o Japão, que consegue direitos especiais sobre a Mongólia interior.
1936
Vitória eleitoral da Frente Popular em Espanha. Manuel Azaña torna-se Presidente da República.
MarçoHitler ocupa a Renânia.
A Alemanha denuncia o Pacto de Locarno
Tratado naval anglo-franco-americano.
AbrilGuerra civil na Palestina entre árabes e judeus.
Salazar cria o campo do Tarrafal.
MaioMussolini proclama o Império.
Vittorio Emmanuel torna-se imperador da Etiópia.
Vitória eleitoral da Frente Popular em França (386 lugares para a Frente Popular e 22 para a Direita)
O socialista Léon Blum forma governo com o apoio, mas sem a participação dos comunistas.
JulhoAcordo entre a Áustria e a Alemanha de colaboração recíproca.
A Sociedade das Nações revoga as sanções impostas a Itália a propósito da invasão da Etiópia.
O assassinato do deputado monárquico Calvo Sotelo marca o início da contra-revolução em Espanha. Os generais Franco, Sanjurjo, Mola e Queipo de Llano revoltam-se contra o governo da República. Início da guerra civil. Franco é nomeado Presidente da Junta de Defesa Nacional fascista.
Salazar declara apoiar Franco. Revolta dos Marinheiros em Lisboa: 10 marinheiros mortos, 60 marinheiros são condenados a 600 anos de prisão.
AgostoO governo Léon Blum propõe uma política de «não intervenção» na guerra civil espanhola.
Realizam-se os Jogos Olímpicos de Berlim. O negro norte-americano Owens vence várias provas de atletismo, desmistificando as teorias racistas de Hitler.
Golpe de estado e ditadura do general Metaxas na Grécia.
1936
As tropas marroquinas espanholas (afectas aos fascistas) passam o estreito de Gibraltar com o apoio da aviação italiana.
O Egipto torna-se independente, mas as tropas inglesas permanecerão durante vinte anos na zona do canal do Suez, segundo os termos do tratado anglo-egípcio.
OutubroFranco proclama em Burgos a formação de um Estado nacionalista, corporativo e católico.
O governo republicano espanhol denuncia à Sociedade das Nações a intervenção armada da Itália e da Alemanha na guerra civil espanhola, ao lado dos fascistas. Formam-se as primeiras Brigadas Internacionais, constituídas por internacionalistas de todo o mundo, que vão combater em Espanha ao lado do governo legal da República.
Pacto de colaboração entre a Alemanha e a Itália.
Chegam ao Tarrafal os primeiros 150 presos políticos, entre eles Bento Gonçalves.
NovembroA Itália e a Alemanha reconhecem o governo fascista de Franco.
Roosevelt é reeleito presidente dos EUA.
Pacto Anti-Komintern entre o Japão e a Alemanha.
DezembroConferência interamericana de Buenos Aires. É assinado um tratado entre os 21 Estados americanos segundo o modelo do Pacto Briand-Kellog (não recurso à guerra para resolver os conflitos entre os Estados).
A URSS aprova uma nova Constituição.
Os comunistas franceses abstêm-se numa moção de confiança ao governo de Blum, pois não aprovam a sua política de «não intervenção», na guerra civil espanhola.
Chiang Kai-shek é capturado pelas forças do Tung Pei. Cessam as campanhas anticomunistas do Kuomintang. Reinicia-se a colaboração entre o Kuomintang e o Partido Comunista Chinês contra o Japão.
1937
O Gentlemen's Agreement italo-britânico sobre o statu quo no Mediterrâneo.
Atentado à bomba contra Salazar.
MarçoBatalha de Guadalajara. Vitória das forças republicanas sobre os fascistas.
Em Portugal, grande campanha de protesto contra a intervenção fascista em Espanha. Vaga repressiva contra o PCP.
Encíclicas do Papa Pio Xl contra o nacional-socialismo e o comunismo.
AbrilO Partido do Congresso (Gandhi e Nehru) vence as eleições na Índia.
MaioNeville Chamberlain sucede a Baldwin na presidência do governo inglês.
JunhoDepuração no comando do Exército Vermelho.
Inicia-se a guerra entre a China e Japão.
JulhoO Kuomintang e o PCC constituem uma Frente Única contra o Japão.
AgostoPacto de não agressão entre a URSS e a China.
OutubroRoosevelt profere um discurso em Chicago em que afirma que perante a ameaça das ditaduras não é possível nenhuma neutralidade («Política de Quarentena»).
NovembroHitler desenvolve a tese da «conquista de um novo espaço vital por meio da força».
A Itália adere ao Pacto Anti-Komintern.
Xangai cai em poder dos japoneses.
«Estado Novo» no Brasil. Golpe de Estado de Getúlio Vargas. Constituição autoritária e legislação corporativa.
O Japão reconhece o governo do general Franco.
1937
Os japoneses tomam Nanquim e massacram 100 mil chineses.
A Itália sai da Sociedade das Nações.
Os japoneses tomam Pequim e instalam um governo fantoche da República chinesa.
1938
Hitler concentra todos os poderes nas suas mãos e cria o Comando Supremo da Wehrmacht (OKW), que substitui o antigo Estado-Maior.
Salazar reconhece oficialmente o governo de Franco.
O chanceler austríaco Schuschnigg encontra-se com Hitler na Alemanha. Os nacionais-socialistas austríacos são amnistiados e o seu líder, Arthur Seyss-Inquart, torna-se ministro do Interior.
Eden demite-se do governo inglês por não concordar com a política de «apaziguamento» em relação à Alemanha e à Itália.
Schuschnigg anuncia um referendo mas o Reich alemão faz um ultimato, Schuschnigg demite-se e forma-se um governo chefiado pelos nazi Seyss-Inquart.
MarçoAs tropas alemãs anexam a Áustria (Anschluss).
AbrilCai o governo da Frente Popular em França. Daladier forma governo.
JunhoO governo checoslovaco aceita discutir a questão dos Sudetas com a minoria alemã liderada pelo pró-nazi Henlein.
JulhoIncidente de Changkufeng. Combate-se durante um mês na fronteira entre a Manchúria e a União Soviética.
SetembroPacto de Munique em 30-9-1938. Hitler, Mussolini, Daladier e Chamberlain decidem do futuro da Checoslováquia. Resultado: cedência dos Sudetas à Alemanha e desmembramento da Checoslováquia como Estado.
NovembroEm 9-10 de Novembro realiza-se um pogrom anti-semita em toda a Alemanha (Noite de Cristal): 30 000 judeus são enviados para os campos de Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen.
Reivindicações italianas sobre a Tunísia, o Djibuti e a Córsega. Tensão com a França.
DezembroInicia-se a ofensiva franquista contra a Catalunha.
1939
Encontro entre Hitler e Beck, o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco.
Barcelona é ocupada pelas forças franquistas.
FevereiroMorte de Pio XI. Sucede-lhe Pio XII.
A Inglaterra e a França reconhecem o governo do general Franco.
MarçoEntrada das tropas alemãs na Checoslováquia e criação do Protectorado da Boémia-Morávia.
O Tratado de não agressão entre Portugal e Espanha.
A Alemanha ocupa Memel, na Lituânia.
A Espanha adere ao Pacto Anti-Komintern. O mesmo acontece com a Hungria e a Manchúria.
AbrilFim da guerra civil espanhola.
Vitória dos fascistas.
A Itália ocupa a Albânia.
A Alemanha formula as suas exigências em relação à Polónia: incorporação de Dantzig na Alemanha e passagem com direitos de extraterritorialidade entre a Prússia Oriental e o resto do Reich. A Polónia recusa e rompe as negociações.
A Inglaterra e a França apoiam a Polónia.
Hitler denuncia o Tratado de Amizade com a Polónia e o Acordo Naval com a Inglaterra.
MaioLitvinov é substituído por Molotov na chefia das Relações Externas da URSS.
A Espanha abandona a Sociedade das Nações.
«Guerra Secreta» no Extremo Oriente. Ataque japonês à Mongólia. Os combates entre os soviéticos e os japoneses prolongam-se até Agosto.
Molotov pede aos países ocidentais que passem das negociações comerciais às negociações políticas.
«Pacto de Aço» entre a Itália e a Alemanha
Na Alemanha, primeiro comboio de mulheres para o campo de Ravensbrück.
A Dinamarca assina um pacto de não agressão com a Alemanha.
1939
A URSS propõe à França e Inglaterra um pacto de garantia automática para os países bálticos, a Polónia, a Turquia, a Grécia, a Holanda, a Bélgica e a Suíça. Os ingleses opõem-se.
O embaixador da URSS em Londres,Maisky, convida o ministro dos Negócios Estrangeiros inglês a visitar Moscovo. O convite é aceite.
JulhoRetomadas as negociações anglo-franco-soviéticas, após a suspensão de 7 Junho.
Definição do acordo político anglo-franco-soviético. A URSS requer a negociação imediata de um acordo militar.
Os EUA denunciam o Acordo comercial com o Japão.
Acordo comercial entre a Alemanha e o Japão.
AgostoInício das negociações militares anglo-franco-soviéticas. A missão militar inglesa é pouco representativa. As negociações falham no que respeita ao trânsito soviético em território polaco.
Acordo comercial entre a Alemanha a URSS.
Os franceses e ingleses dão garantias indirectas a Moscovo sobre o trânsito dos soviéticos na Polónia e Roménia. Molotov requer o assentimento claro desses países. A Polónia recusa.
Assinado o Tratado de Não Agressão Germano-Soviético.
A imprensa comunista é proibida em França.
A Inglaterra propõe à Alemanha negociações directas com a Polónia.
Derrota japonesa na batalha de Khalkhin Gol no Extremo Oriente Soviético.
SetembroA 1 de Setembro, a Alemanha invade a Polónia, sem declaração de guerra. Inicia-se a Segunda Guerra Mundial.
A Inglaterra e a França declaram guerra à Alemanha.
A Holanda, a Bélgica e a Suíça declaram-se neutros. O mesmo acontece com os EUA e o Japão.
O grande Conselho fascista proclama a «não beligerância da Itália».
A Áustria e a Nova Zelândia declaram guerra à Alemanha. O mesmo acontece com o Canadá e com a África do Sul, apesar da oposição da minoria nacionalista bóer, que é pró-nazi.
O governo britânico declara a Índia «país beligerante», apesar da oposição do Partido do Congresso.
1939
A China declara a neutralidade.
O Canadá declara guerra à Alemanha.
Salazar declara a «neutralidade» na guerra entre «duas nações amigas», uma delas aliada.
Ofensiva japonesa na China. Derrota dos nacionalistas chineses na batalha de Changsha.
Acordo entre a URSS, o Japão e a Mongólia põe termo ao conflito de Khalkhin Gol.
Conferência pan-americana do Panamá. Neutralidade das repúblicas americanas e instituição de um «cordão de segurança» no hemisfério ocidental (300 milhas da costa).
Ilegalização do Partido Comunista Francês.
Capitulação de Varsóvia.
(27-9-1939)Acordo germano-soviético sobre a demarcação das novas fronteiras.
NovembroOs japoneses completam o bloqueio à China, ocupando o último porto em poder dos nacionalistas no golfo de Tonquim.
DezembroInicia-se o conflito soviético-finlandês.
Projecto franco-inglês de enviar um corpo expedicionário para a Finlândia.
1940
Missão de Sumner Welles na Europa. A tentativa de Roosevelt para uma mediação falha.
12 de MarçoTratado de paz sino-soviético
9 de AbrilAtaque nazi à Dinamarca e à Noruega.
10 de MaioOfensiva nazi na frente ocidental. Invasão da Holanda, Bélgica, Luxemburgo e ataque à França.
/ Churchill nomeado primeiro-ministro 16 de MaioRoosevelt pede ao Congresso 800 milhões de dólares para as Forças Armadas.
20 de Maio-3 de JunhoEvacuação de Dunquerque, 235 mil ingleses e 115 mil franceses fogem ao cerco nazi e retiram para Inglaterra.
28 de MaioCapitulação do exército belga.
5-12 de JunhoBatalha de França. Os alemães ocupam todo o território compreendido entre a Mancha e a Linha Maginot.
6 de JunhoOs comunistas franceses apelam ao governo para distribuir armas ao povo para a defesa do país.
7-9 de JunhoCapitulação da Noruega.
10 de JunhoItália entra na guerra.
13 de JunhoA Espanha transforma a sua «neutralidade» em «não beligerância».
14 de JunhoParis é ocupada pelos nazis. / Primeiro comboio de polacos para o campo de Auschwitz.
15 de JunhoRoosevelt decide a construção da bomba atómica.
16 de JunhoChurchill propõe uma aliança orgânica entre a França e a Inglaterra.
1940
A França aceita o armistício: o marechal Pétain forma governo. / Formação nas repúblicas bálticas de governos populares de esquerda.
18 de JunhoApelo de De Gaulle aos franceses. Constitui-se o movimento França Livre, como primeiro passo para a Resistência na Europa.
22 de JunhoArmistício franco-alemão.
22-25 de JunhoA Alemanha ocupa as regiões costeiras da França, até aos Pirenéus.
1 de JulhoPétain em Vichy. Início do regime colaboracionista. Plenos poderes a Pétain, com uma nova Constituição (10 de Julho).
16 de JulhoHitler aprova o plano Leão Marinho para a invasão da Inglaterra.
31 de JulhoCimeira nazi sobre os «planos de guerra» na frente oriental. Aumento do exército em 180 divisões.
3-6 de AgostoLituânia, Letónia e Estónia entram como repúblicas socialistas na URSS.
3-19 de AgostoTropas italianas ocupam a Somália inglesa.
Agosto-OutubroBatalha de Inglaterra. A Luftwaffe não consegue vencer a resistência inglesa.
17 de AgostoBloqueio global alemão às Ilhas britânicas.
20 de AgostoEstado de sítio na Inglaterra.
25-26 de AgostoPrimeiro bombardeamento inglês sobre Berlim.
30 de AgostoO governo de Vichy autoriza o Japão a instalar-se na Indochina
3 de SetembroDecreto anti-semita do governo Pétain.
17 de SetembroHitler adia o desembarque em Inglaterra.
1940
Último grande ataque aéreo a Londres.
27 de SetembroPacto tripartido entre a Alemanha, a Itália e o Japão.
8 de OutubroChurchill anuncia a conclusão) vitoriosa da batalha aérea sobre a Inglaterra.
12 de OutubroAs tropas alemãs entram na Roménia.
22 de OutubroEncontro Hitler-Franco.
28 de OutubroAgressão italiana à Grécia.
5 de NovembroRoosevelt é reeleito pela terceira vez. As eleições americanas evidenciam uma forte corrente neutralista.
11 de NovembroManifestação antinazi em Paris.
20-24 de NovembroAdesão da Hungria, Roménia e Checoslováquia ao Pacto Tripartido.
23 de NovembroInsurreição popular no Vietname contra a ocupação japonesa.
8 de DezembroContra-ofensiva inglesa na África Setentrional.
18 de DezembroHitler aprova o Operação Barbarossa (invasão da União Soviética).
1941
Campanha inglesa contra a África Oriental italiana.
21 de JaneiroProibição em Inglaterra do jornal comunista Daily Worker.
9 de FevereiroA Alemanha anexa o Luxemburgo.
18 de FevereiroAcordo do monopólio IG-Farben com a direcção do campo de Auschwitz para a construção de fábricas com trabalho escravo.
11 de FevereiroManifestação antinazi na Holanda.
1 de MarçoA Bulgária associa-se ao Pacto Tripartido.
25-26 de MarçoO governo reaccionário da Jugoslávia adere ao Eixo.
27 de MarçoConversações militares secretas entre os EUA e a Inglaterra.
Março-AbrilVitórias do «Afrika Korps» de Rommel na África do Norte.
6 de AbrilAtaque alemão à Grécia.
9 de Abril-11 de AbrilOs EUA ocupam a Gronelândia sul-ocidental e alargam a sua faixa de segurança no Atlântico.
13 de AbrilPacto de não agressão entre a URSS e o Japão com a duração de cinco anos.
17 de AbrilCapitulou o exército jugoslavo e começou a resistência popular, dirigida pelo partido comunista.
17-19 de AbrilO Corpo Expedicionário britânico na Grécia inicia a retirada.
21 de AbrilCapitulação do exército grego.
5 de MaioO Comité Central do PC Jugoslavo decide a insurreição armada.
1941
Greve na zona industrial de Liége. Rudolph Hess, um dos líderes nazis, foge para Inglaterra.
15 de MaioApelo dos comunistas franceses para uma Frente de Libertação Nacional.
19 de MaioNa Indochina, fusão dos grupos nacionalistas e comunistas na Liga para a Independência do Vietname.
20 de Maio-1 de JunhoBatalha pela conquista de Creta. Desembarque dos pára-quedistas alemães e evacuação dos ingleses.
26 de Maio-6 de JunhoGreve operária no Norte de França.
27-28 de MaioAcordo de Paris entre a França de Vichy e a Alemanha nazi para a colaboração militar.
8 de Junho-24 de JulhoAs forças da França Livre, com o apoio inglês, ocupam a Síria e o Líbano.
18 de JunhoPacto de não-agressão entre a Alemanha e a Turquia.
22 de JunhoAgressão nazi à URSS. A Itália e a Roménia apoiam Hitler Declaração de apoio de Churchill à URSS na guerra contra a Alemanha.
22 de JunhoBatalha de fronteira. As forças alemãs ocupam um vasto território de Riga a Leopoli. Resistência soviética em Brest-Litovsk.
23 de JunhoOs EUA declaram o seu apoio à URSS.
26 de JunhoA Finlândia retoma a guerra contra a URSS.
27 de JunhoA Hungria declara guerra à URSS. / A França de Víchy rompe as relações diplomáticas com a URSS. / Início de resistência na Bulgária.
1 de Julho-21 de AgostoAtaque à Linha Stáline. O exército nazi avança até à Linha Leninegrado — Região de Moscovo-Ucrânia-Crimeia.
1941
Insurreição na Jugoslávia, encabeçada por Tito.
10 de Julho-l0 de SetembroBatalha pela defesa de Smolensk.
12 de JulhoAcordo anglo-soviético de colaboração.
13 de JulhoGrande rebelião antinazi-fascista na Sérvia e Montenegro, ferozmente reprimida.
18 de JulhoO CC do PCUS decide organizar a resistência armada na retaguarda nazi (em territórios soviéticos ocupados)
22 de JulhoBombardeamento nazi sobre Moscovo.
24-27 de JulhoO Japão ocupa a Indochina Meridional.
29 de Julho-1 de AgostoMissão Hopkins, é enviada por Roosevelt a Moscovo.
30 de JulhoAcordo soviético-polaco. É assinado com o governo polaco no exílio, na Inglaterra, um acordo para a reconstituição das forças armadas polacas em território russo.
4 de Agosto-16 de SetembroDefesa de Odessa.
14 de AgostoE assinada entre Churchill e Roosevelt a Carta Atlântica.
16 de AgostoAcordo anglo-soviético de comércio e crédito.
29 de AgostoDeclaração italo-germânica sobre «A Nova Ordem» na Europa.
3 de SetembroPrimeiro extermínio em massa nas câmaras de gás de Auschwitz.
8 de SetembroCerco de Leninegrado. Prolonga-se até ao fim de 1943.
1941
Unificam-se os grupos combatentes albaneses.
16 de SetembroTrezentos oficiais soviéticos, prisioneiros de guerra, são massacrados em Buchenwald.
17 de SetembroInstrução militar generalizada na URSS.
24 de SetembroConferência interaliada em Londres. A URSS aprova a Carta Atlântica.
27 de SetembroA URSS reconhece o movimento França livre
29 de Setembro-1 de OutubroConferência de Moscovo entre a URSS, os EUA e a Inglaterra para discutir os fornecimentos militares recíprocos.
6 de OutubroManifestação anti-fascista em Budapeste.
17 de OutubroGreve operária em Praga.
19 de OutubroEstado de sítio em Moscovo.
25 de OutubroKarkov é ocupado pelas tropas nazis
30 de OutubroCerco de Sebastopol (até 4 de Julho de 1942). Apelo para a união do povo italiano contra o fascismo lançado pelos partidos de esquerda.
7 de NovembroA lei de «prestação e troca de serviços e assistência» dos EUA é alargada à URSS.
9 de NovembroConclui-se a evacuação da indústria soviética para a zona dos Urais.
16 de Novembro-5 de DezembroBatalha nos arredores de Moscovo. A luta resolve-se com a vitória dos soviéticos, que afastam o exército nazi.
29 de NovembroAs tropas soviéticas retomam Rostov.
1941
O Japão ataca os EUA, em Pearl Harbour.
8 de DezembroO exército nazi na URSS (frente sul) passa à defensiva no Inverno. Vários países da América Latina rompem relações com o Japão.
11 de DezembroA Alemanha e a Itália declaram guerra aos EUA.
16-17 de DezembroMissão de Eden (ministro dos Negócios Estrangeiros de Inglaterra) a Moscovo.
17 de DezembroAustrália e Nova Zelândia ocupam a zona portuguesa de Timor.
29 de DezembroDecisão de utilizar os detidos dos campos de concentração para experiências sobre o tifo.
1942
Declaração de Washington das Nações Unidas. Luta contra os estados fascistas (26 Estados aderem).
13 de JaneiroDeliberação em Londres dos governos antifascistas: punição dos criminosos de guerra.
21 de Janeiro-l0 de FevereiroOfensiva italo-alemã na África do Norte. Rommel reconquista a Cirenaica. As forças britânicas resistem em Tobruk.
JaneiroOfensiva geral do Japão no Sudeste asiático.
15 de MarçoManifestação antifascista em Budapeste.
5 de AbrilOrdem de Hitler para a acção contra Stalinegrado.
12 de AbrilGreve em Atenas e no Pireu.
18 de AbrilOs EUA bombardeiam Tóquio e outras cidades industriais do Japão.
30 de AbrilDefinição legal do papel económico dos campos de concentração (exterminação pelo trabalho).
27 de MaioNa Checoslováquia é assassinado o representante nazi Heydrich. Os nazis, como represália, destroem Lídice e massacram toda sua população.
30 de MaioÉ constituído o estado-maior do movimento de resistência russo.
30-31 de MaioBombardeamento de Colónia. Começa a ofensiva aérea inglesa contra o Reich.
4-7 de JunhoBatalha de Midway, primeira derrota frota japonesa.
11 de JunhoTratado de assistência militar em Washington entre os EUA e a URSS.
2 de JulhoQueda de Sebastopol.
1942
Os anglo-americanos adiam o desembarque na Europa. É decidido o desembarque na África Setentrional.
17 de JulhoComeça a Batalha de Stalinegrado. A luta trava-se na cidade. Em 19 de Novembro começou a contra-ofensiva soviética.
22 de Julho-13 de SetembroDeportação dos judeus do gueto de Varsóvia.
23 de JulhoComeça a funcionar o campo de extermínio de Treblinka.
24 de JulhoOs alemães ocupam Rostov.
25 de Julho-31 de DezembroAtaque alemão e batalha defensiva soviética, na frente do Cáucaso.
28 de JulhoNa URSS ordem de suspender a retirada. É denunciada a ameaça na parte sul da frente.
JulhoRetomada, em Itália, a publicação do Unitá, órgão do PCI.
7 de AgostoDesembarque americano em Guadalcanal.
12-15 de AgostoConferência de Moscovo entre Churchill e Stáline.
19 de AgostoFracasso do desembarque anglo-canadiano cm Dieppe.
23 de AgostoBombardeamento aéreo maciço sobre Stalinegrado.
21-27 de SetembroMissão americana em Moscovo. Colocada de novo a questão da «segunda frente».
22 de Outubro-5 de NovembroBatalha de El-Alamein. As forças do Eixo, são derrotadas e começam a retirada.
1942
Greve ferroviária no Quénia, organizada pelos sindicatos africanos.
6 de NovembroStáline denuncia publicamente a não abertura da segunda frente pelos Aliados ocidentais.
9-12 de NovembroAs tropas alemãs e italianas invadem a França de Vichy e a Tunísia.
19-23 de NovembroO Exército Vermelho cerca a força alemã a sul do Volga.
25 de NovembroAcordo PCF-De Gaulle: programa comum para a insurreição nacional.
27 de NovembroInício das experiências sobre detidos em Auschwitz.
11 de NovembroOfensiva soviética na região do Don.
1943
Mobilização total na Alemanha.
18 de JaneiroOs soviéticos rompem o cerco a Leninegrado.
2 de FevereiroVitória de Stalinegrado. Rendição do exército de Von Paulus.
8-14 de FevereiroAvanço soviético na frente sul, de Kursk a Rostov.
5 de MarçoManifestação de 250 mil pessoas em Atenas contra o serviço obrigatório do trabalho imposto pelos alemães.
MarçoGreve no triângulo industrial, na Itália.
14 de MarçoContra-ofensiva alemã na bacia do Donetz. Von Manstein reconquista Karkov.
19 de AbrilInsurreição no Gueto de Varsóvia.
25 de AbrilRuptura de relações entre a URSS e o governo polaco no exílio.
11-19 de MaioEncontro Roosevelt-Churchill, em Washington.
15 de MaioConselho Nacional da Resistência, em França.
10 de JunhoDissolução da Internacional Comunista.
10 de JulhoDesembarque anglo-americano na Sicília.
12 de JulhoReinício da ofensiva soviética. O avanço, atravessando várias fases, só terminará em Berlim.
12-13 de JulhoComité Nacional Alemanha Livre constituído em Moscovo por Von Paulus.
22 de JulhoConstituição do Comité Popular Polaco de Libertação que assume funções de governo.
24 de JulhoDesagregação do regime fascista em Itália.
25 de JulhoQueda de Mussolini.
25 de Julho-3 de AgostoBombardeamento de Hamburgo. Começa a maciça presença anglo-americana nos céus da Alemanha.
1943
Conferência de Quebeque. Churchill defende a abertura de uma frente nos Balcãs. Acordo para a produção da bomba atómica.
23 de AgostoOs soviéticos libertam Karkov.
29 de AgostoGreve geral na Dinamarca contra o estado de sítio proclamado pelos nazis.
8 de SetembroArmistício de Itália. Reacção da Alemanha que ocupa o país até Roma. Desembarque anglo-americano na Itália do Sul.
9 de SetembroConstitui-se o Comité de Libertação Nacional da Itália.
16 de SetembroConstitui-se o Conselho de Liberdade na Dinamarca.
23 de SetembroMussolini e os fascistas organizam na Itália Central e do Norte a «República Social (Saló)».
23 de SetembroO Exército Vermelho liberta Smolensk.
13 de OutubroA Itália declara guerra à Alemanha.
19-30 de OutubroConferência tripartida anglo-americano-soviética em Moscovo.
28 de Novembro-1 de DezembroConferência de Teerão: EUA, URSS e Inglaterra.
É decidido o desembarque em França.
Novembro-DezembroContinua o avanço soviético do Báltico ao mar Negro. Bombardeamentos maciços anglo-americanos sobre a Alemanha.
24 de DezembroInício da ofensiva soviética da Ucrânia.
1944
Ofensiva soviética na frente norte, de Leninegrado a Novgorod.
24 de Janeiro-12 de MaioOfensiva soviética na frente sul. Libertada a Ucrânia Ocidental e a Crimeia.
JaneiroO governo alemão deliberou empregar 4 milhões de trabalhadores estrangeiros na indústria bélica.
1 de MarçoGreve geral antifascista na Itália do Norte.
26 de MarçoAs tropas soviéticas atingem a fronteira com a Roménia.
4 de AbrilO PCF entra no Comité de Libertação Nacional.
8 de AbrilAs tropas soviéticas chegam à fronteira da Checoslováquia.
21 de AbrilGoverno de coligação antifascista na Itália: o primeiro na Europa com participação comunista.
6 de JunhoDesembarque anglo-americano na Normandia.
20 de JunhoBloco Democrático Nacional na Roménia, com a participação do Partido Comunista.
22 de JunhoManifestação e greves antifascistas na Dinamarca.
23 de Junho-5 de JulhoAvanço soviético na Bielorrússia. Libertação de Minsk.
10 de Julho-22 de OutubroOfensiva soviética nos países bálticos.
20 de JulhoAtentado do coronel Von Stauffenberg contra Hitler.
O Exército Vermelho entra na Polónia
21-22 de JulhoComité popular polaco de libertação, com funções de governo.
1944
Acordo de Bretton-Woods. As Nações Unidas promovem a criação do FMI e do BIRD.
31 de Julho-8 de AgostoA força de invasão aliada ultrapassa a linha de resistência nazi, em França.
13 de Agosto-7 de OutubroOfensiva soviética contra a Roménia e os Balcãs.
16 de AgostoTratado entre a Finlândia e a URSS.
18 de AgostoInsurreição de Paris. Assassinato de Ernst Thälman, dirigente do Partido Comunista Alemão, em Buchenwald.
26 de AgostoEUA e Inglaterra reconhecem o governo de De Gaulle como único governo francês.
29 de AgostoInsurreição na Eslováquia.
30 de AgostoO Exército Vermelho entra em Bucareste.
3 de SetembroOs ingleses entram em Bruxelas.
6 de SetembroDecreto sobre a reforma agrária na Polónia.
9-11 de SetembroInsurreição em Sófia, Governo de frente patriótica.
16 de SetembroAs tropas soviéticas encontram-se com o exército de libertação jugoslavo.
9-20 de SetembroConferência tripartida de Moscovo sobre a questão da Polónia e das suas fronteiras.
OutubroRevolução democrática na Guatemala.
31 de OutubroGreve geral na Argentina.
7 de NovembroRoosevelt reeleito presidente.
10 de DezembroTratado de aliança entre a URSS e a França.
1945
Proclamação da República Popular Albanesa.
12 de Janeiro-7 de FevereiroO Exército Vermelho liberta Varsóvia e fica a 80km de Berlim.
27 de JaneiroO Exército Vermelho liberta oo campo de concentração Auschwitz-Birkenau.
JaneiroGreve geral e insurreição contra o domínio britânico no Uganda.
4-11 de FevereiroConferência de Yalta. Acordo entre Stáline. Roosevelt e Churchill sobre a organização das Nações Unidas, sobre a Alemanha e a Polónia e sobre a intervenção soviética contra o Japão.
FevereiroConferência mundial dos sindicatos, em Londres.
10 de MarçoNegociações com Moscovo sobre a Polónia, entre o comité de libertação, o Governo de Londres e a URSS
27 de MarçoInsurreição popular na Birmânia contra a ocupação japonesa.
1 de AbrilBatalha pela conquista de Okinawa. Grande resistência japonesa ao desembarque americano.
11 de AbrilRevolta dos prisioneiros no campo de concentração de Buchenwald.
16 de AbrilOfensiva soviética sobre Berlim.
23-25 de AbrilInsurreição na Itália do Norte.
25 de Abril-16 de JunhoConferência de São Francisco. Carta e estatuto das Nações Unidas aprovados por 50 países.
28 de AbrilMussolini é preso e fuzilado por guerrilheiros antifascistas.
30 de AbrilSuicídio de Hitler, em Berlim.
2 de MaioO Exército Vermelho toma Berlim.
1945
Libertação de Praga.
7-9 de MaioCapitulação da Alemanha. Fim da guerra na Europa.
17 de Julho-2 de AgostoConferência de Potsdam. Acordo entre Truman, Churchill e Stáline sobre a linha de demarcação entre a Alemanha e a Polónia e intimação de rendição ao Japão.
6-9 de AgostoBombardeamento atómico de Hiroxima e Nagasáqui.
8 de AgostoDeclaração de guerra da URSS ao Japão nos termos do acordo de Yalta.
9-22 de AgostoOcupação soviética da Manchúria.
14 de AgostoCapitulação do Japão.
2 de SetembroFim da Segunda Guerra Mundial.
25 de Setembro-8 de OutubroFederação Sindical Mundial: constitui-se na Conferência de Paris. Aderem os sindicatos ingleses, soviéticos, da Europa Ocidental, da América do Norte, da China e da América Latina.
20 de OutubroProcesso de Nuremberga contra os criminosos nazis.
25 de OutubroRevolução na Venezuela. Vitória da Acção Democrática. Início de um período de reformas.
29 de OutubroQueda de Getúlio Vargas no Brasil
6 de NovembroRecontros na Indonésia entre tropas nacionalistas e as tropas ocupantes britânicas.
13 de NovembroDeclaração anglo-americana sobre o segredo atómico.
29 de NovembroProclamação da República Federativa da Jugoslávia.
10 de DezembroApós a queda do governo Pani, em Itália, De Gasperi assume a direcção do governo.
15 de DezembroMissão do general Marshall na China.
21 de DezembroOs ingleses confiscam as minas do Rur.
1946
Primeira Assembleia Geral da ONU em Londres. Spaak é o presidente.
20 de JaneiroO general De Gaulle abandona o governo.
1 de FevereiroProclamação da República da Hungria.
24 de FevereiroPeron é eleito presidente da Argentina.
5 de MarçoDiscurso de Fulton. Pronunciado por W. Churchill na presença de H. Truman. Assinala o início da «guerra-fria» e da política da «cortina de ferro» contra a URSS e o comunismo.
16 de MarçoO governo trabalhista inglês reconhece o direito da Índia à independência.
22 de MarçoIndependência da Transjordânia.
JunhoGuerra civil na China.
2 de JunhoA monarquia cai em Itália, por referendo popular.
4 de JulhoIndependência das Filipinas. Os EUA conservam 26 bases navais.
15 de SetembroProclamação da República Popular da Bulgária.
27 de SetembroInicia-se a guerra civil na Grécia.
1 de OutubroSentenças do Tribunal de Nuremberga.
23 de NovembroInicia-se a guerra de Libertação da Indochina, após o bombardeamento francês de Hai Phong.
Dimitrov dirige o governo búlgaro.
25 de DezembroO Exército Vermelho chinês passa à ofensiva.
1947
Governo da coligação dos comunistas e socialistas na Polónia.
4 de MarçoTratado de Dunquerque: aliança franco-inglesa.
12 de MarçoTruman promete ajuda e protecção à Grécia e à Turquia numa perspectiva anti-soviética e «ocidental».
30 de MarçoRevolta nacional em Madagáscar. Os colonialistas franceses massacram 70 mil pessoas.
7 de AbrilO Estado de Nova Iorque ilegaliza o Partido Comunista.
10-24 de AbrilConferência de Moscovo. Ruptura definitiva entre a URSS e as potências ocidentais a propósito do tratado de paz com a Alemanha.
3 de MaioNova Constituição no Japão, segundo o modelo da americana.
5 de MaioOs comunistas saem do governo francês.
13 de MaioOs comunistas e os socialistas saem do governo italiano.
5 de JunhoPlano Marshall. Proposta do secretário de Estado dos EUA para a reconstrução da Europa.
AgostoDesenvolvimento da guerrilha comunista na Grécia e primeiros recontros com as tropas inglesas e governamentais.
15 de AgostoIndependência da Índia. Nehru é primeiro-ministro.
30 de SetembroFundação do Komintern.
NovembroConflito entre a Índia e Paquistão, por causa de Caxemira.
19 de DezembroCisão sindical em França
24 de DezembroGoverno revolucionário na Grécia, dirigido por Marcos Vapliadis.
25 de DezembroReforma Agrária na China vermelha. Mao Tsé-tung prevê a vitória para 1949.
1948
Independência da Bírmânia.
30 de JaneiroAssassínio de Gandhi.
20-26 FevereiroRevolução na Checoslováquia. Movimento de massas em Praga e constituição de um governo de socialistas e comunistas.
28 de FevereiroMassacre de Acra (Gana). Repressão britânica sobre populares. Nkrumah assume a direcção do movimento independentista.
9 de AbrilInsurreição na Colômbia. Guerra civil entre as forças democráticas e a oligarquia.
30 de AbrilCarta de Organização dos Estados Americanos.
9 de MaioA Checoslováquia aprova uma nova Constituição, que a transforma em democracia popular.
14 de MaioNasce o Estado de Israel.
28 de JunhoA Jugoslávia abandona o Kominform.
14 de JulhoAtentado contra Togliatti em Roma. Greve geral nacional com aspectos insurreccionais.
20 de JulhoPerseguições anticomunistas nos EUA.
26 de JulhoCisão sindical em Itália.
15 de AgostoIndependência da Coreia do Sul, zona ocupada pelos americanos
12 de SetembroIndependência da Coreia do Norte.
2 de NovembroTruman reeleito presidente dos EUA.
9 de NovembroO Exército Vermelho chinês ultrapassa a Grande Muralha e avança para Pequim.
12 DezembroO Partido Operário Unificado Polaco surge da fusão dos partidos comunistas e socialistas.
1949
O Exército Vermelho chinês toma Pequim.
24 de JaneiroConstituição do COMECON, Conselho de Ajuda Mútua Económica entre a URSS e entre a URSS e as democracias populares.
31 de MarçoOfensiva guerrilheira na Grécia, Macedónia.
4 de AbrilTratado do Atlântico Norte. Assinado em Washington pelos EUA, Canadá, Grã-Bretanha, Portugal, França, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega e Islândia.
23 de AbrilOs comunistas chineses entram em Nanquim.
8 de MaioProclamação da Alemanha Federal.
13 de JulhoA Igreja Católica decreta a excomunhão dos comunistas e dos «filocomunistas», através de um decreto do Santo Ofício.
14 de JulhoPrimeira explosão nuclear soviética.
15 de SetembroKonrad Adenauer chanceler da RFA.
21 de SetembroProclamação da República Popular da China. Mao Tsé-tung é presidente e Chou En-lai primeiro-ministro.
11 de OutubroProclamação da República Democrática Alemã.
16 de OutubroDerrota das forças guerrilheiras progressistas na Grécia.
21 de OutubroCondenação de destacados comunistas nos EUA.
21 NovembroA ONU vota a independência da Líbia.
28 de NovembroConstituição da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres.
8 de DezembroChang Kai-shek refugia-se na ilha de Taiwan, sob a protecção dos EUA.
O grande capital dá a mão ao fascismo
O fascismo foi alimentado e apoiado pelos sectores mais reaccionários de um capitalismo em crise profunda, com o objectivo de salvar uma dominação de classe que se sentia ameaçada pelo ascenso do movimento operário e dos partidos comunistas e o exemplo e conquistas alcançadas pela URSS.
A Primeira Guerra Mundial termina com os trabalhadores e os povos em luta. A Alemanha é obrigada a um Armistício, no contexto da revolta dos seus soldados e operários, em Novembro de 1918. O Tratado de Versalhes (1919) impõe a este país pesadas compensações de guerra, conduzindo à hiperinflação e à ruína da pequena e média burguesia alemã.
Em 1920 é fundado o Partido Nazi – hipocritamente designado Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães –, como tropa de choque contra a luta da classe operária e o aumento da influência do Partido Comunista da Alemanha.
O fascismo chega ao poder em Itália, em 1922, e em Portugal, em 1926.
Em 1929 eclode a grande crise do capitalismo. A visão de um sistema em derrocada era generalizada, à qual se contrapunha o impetuoso crescimento económico da URSS nos anos 30.
Perante a crise do capitalismo, os avanços do movimento operário e de partidos comunistas em alguns dos países da Europa e as realizações de alcance histórico alcançadas pela URSS na edificação do socialismo, os sectores mais reaccionários do capital começaram, em conluio com as potências ocidentais, a utilizar o fascismo como instrumento para impor a exploração através de uma maior opressão.
A ameaça para a classe dominante era real.
A 6 de Novembro de 1932 realizam-se eleições federais na Alemanha, o Partido Nazi, depois de uma trajectória de crescimento eleitoral, perde 2 milhões de votos e mergulha numa profunda crise. O Partido Comunista da Alemanha havia reforçado a sua influência de forma manifesta. A luta crescia, como traduz a grandiosa greve dos transportes públicos em Berlim.
O grande capital precisava urgentemente de uma força que representasse os seus interesses de classe. O Partido Nazi com Hitler era essa força.
Perante o impasse governativo na Alemanha, a 19 de Novembro de 1932, banqueiros, grandes industriais e grandes proprietários de terras endereçaram uma petição ao Presidente von Hindenburg solicitando-lhe, com insistência, que nomeasse Hitler como Chanceler.
A 4 de Janeiro de 1933 tem lugar o célebre encontro na casa de Colónia do banqueiro Kurt von Schröder, entre von Papen e Hitler. Aí seriam selados os principais arranjos que levaram, a 30 de Janeiro de 1933, o Presidente von Hindenburg a nomear Hitler para o posto de Chanceler.
Sem a mão dada pelos monopólios alemães a Hitler, e ao seu Partido Nazi, não lhe teria sido possível chegar ao poder e impor aos trabalhadores e povos alemão e aos povos da Europa o horror nazi-fascista.
«Quem quer que tenha tido o prazer de participar nessa reunião não pode, (…) deixar de reconhecer a importância do vosso movimento para a estabilização da nossa pátria e desejar-lhe o maior sucesso.»
Emil Kirdorf, grande capitalista alemão, carta de agradecimento a Hitler pelo seu convite para o congresso do partido nazi, reproduzida pelo Völkischer Beobachter, 27 de Agosto de 1929
«É necessário encontrar um ditador que tenha o poder de fazer tudo o que é necessário. (…) temos esse homem. (…) A sua chegada significará antes de mais o início de um combate contra o comunismo.»
Hugo Stinnes dirigente da indústria pesada do Ruhr em encontro com embaixador norte-americano em 1923
«As aspirações comuns dos círculos económicos eram ver ascender ao poder na Alemanha um Führer forte, capaz de formar um governo destinado a permanecer muito tempo no poder.»
declarações de Kurt von Schröder, banqueiro alemão, no Tribunal de Nuremberga em 1947
«Quando, a 6 de Novembro de 1932, o NSDAP [partido nazi] registou o primeiro revés, o tempo do seu apogeu havia terminado, e um golpe de mão dos círculos económicos mostrou-se particularmente urgente.»
Declarações de Kurt von Schröder, banqueiro alemão, no Tribunal de Nuremberga em 1947
Hjalmar Schacht, Barão von Schröder, Fritz Thyssen, conde von Kalckreuth (presidente da União Agrícola), Friedrich Rheinhart (Commerz und Privatbank), Kurt Woermann (companhia de transportes Woermann), Fritz Beindorf (grupo de seguros Gerling), Kurt von Eichborn, Emil Helfferich (HAPAG), Ewald Hecker (Ilseder Hütte), Carl Vincent Krogmann (Câmara de Comércio de Hamburgo), Erich Lübert (presidente do comité director da Verkehrswesen AG), Erwin Merck, Joachim von Oppen (grande proprietário de terras), Rudolf Ventsky (Esslingen), Franz Heinrich Witthoeff, August Rostberg (grupo Wintershall), conde Robert von Keyserlingk (grande propietário de terras, membro do Herrenklub), Kurt Gustav Ernst von Rohr-Manze (grande proprietário de terras), e Engelbert Beckmann (Hengstey)
dirigiram uma Petição ao Presidente da Alemanha, Hindenburg, solicitando-lhe com insistência que nomeasse Hitler para a chanceler
«Enquanto democrata e partidário de um regime democrático e parlamentar, pareceu-me inevitável confiar a esse homem (Hitler) a tarefa de formar um governo, após o NSDAP [partido nazi] ter alcançado 40% dos votos nas eleições de Julho de 1932»
Hjalmar Schacht, Presidente do Banco Nacional alemão, no tribunal de Nuremberga
«Hitler e Schacht [o seu homólogo alemão] são na Alemanha bastiões da civilização. São os únicos amigos que temos naquele país. Defendem o nosso tipo de ordem social contra o comunismo»
Norman Montagu, Governador do Banco de Inglaterra, 1934, em Nova Iorque
Citado em Jacques Pauwels, Big Business avec Hitler, Ed Aden, 2013, p. 162
Destruição da URSS – o objectivo principal
A redivisão do mundo entre potências imperialistas, o projecto alternativo de sociedade e exemplo para os trabalhadores e povos do mundo que a URSS representava, sempre fizeram dela um objectivo a destruir.
Desde a Revolução de Outubro, passando pela criação da URSS em 1922, que o primeiro Estado socialista no mundo se torna num alvo a abater pelas grandes potências imperialistas. Intervenções externas, guerra civil, bloqueios, tudo serviu para procurar derrotar o primeiro processo de construção de uma sociedade socialista, de uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem.
A vastidão territorial e a enorme riqueza em matérias-primas, tornavam-na também apetecível à voracidade das potências imperialistas.
Hitler nunca escondeu a sua ambição de colonizar o Leste da Europa, para assegurar o ‘Lebensraum’, o ‘espaço vital’ alemão.
Quando em Janeiro de 1933 os nazis tomaram o poder na Alemanha, formaram-se dois grupos de potências no mundo capitalista: o primeiro, composto pela Alemanha, Itália e Japão, e unido no Pacto Anti-Comintern, colocou abertamente o problema da redivisão do mundo; o segundo grupo, composto por Reino Unido, França e Estados Unidos da América, detentores da maioria das riquezas mundiais, tomou partido pelo ‘status quo’. Esforçando-se por ultrapassar a divisão, os dirigentes das potências capitalistas, particularmente do Reino Unido e da França, procuraram dirimir as contradições à custa da destruição da URSS. Esse sempre foi o objectivo principal. Os homens de Estado de Londres, Paris e Washington deram a entender a Hitler e ao nazi-fascismo, que por todas as formas, poderia procurar o seu ‘espaço vital’ a Leste da Europa.
Foi para o Leste da Europa, e principalmente contra a URSS, que, a partir de 22 de Junho de 1941, a esmagadora maioria da força militar nazi-fascista foi mobilizada.
Massacres de populações inteiras, assassinato em massa nos campos de concentração, trabalho escravo, o povo soviético enfrentou os mais duros sofrimentos e os mais cruéis crimes, minuciosamente planeados pela besta nazi-fascista.
Ocultar, menorizar, deturpar, desvalorizar este facto histórico, é procurar reescrever a História, negando o conhecimento da verdade.
«se fosse italiano, estou seguro de que teria estado ao vosso lado, de alma e coração, do princípio até ao fim, na vossa luta triunfante contra as paixões e apetites animalescos do Leninismo »
Declarações de Churchill, em 1927, na Itália, após encontrar-se com Mussolini
Clive Ponting, Churchill, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 350
«[a conquista de novos territórios] apenas é possível a Leste… essencialmente à custa da Rússia»
Mein Kampf, Hitler
«O alargamento do espaço alemão em direcção ao Leste e ao Sudeste da Europa não me parece hoje possível afastando as fronteiras mas antes apagando-as consideravelmente...Todavia, para ser bem sucedida, qualquer solução do problema de Leste necessita do acordo de Londres e de Washington.»
Carta de Edmund Stinnes (industrial alemão) a Hitler, 9 de Julho de 1931
«O grande objectivo do governo hitleriano é a luta contra o socialismo, quer dizer, contra o marxismo»
C.F. von Siemens a convite da General Electric Company para falar perante os altos representantes da finança americana, 27 de Outubro de 1931
«Se não enchermos nossos campos de trabalhadores escravos – neste recinto me permito definir as coisas de modo nítido e claro –, de operários-escravos que construam as nossas cidades, nossas vilas, nossas fábricas, a despeito de quaisquer perdas”, o programa de colonização e germanização dos territórios conquistados na Europa oriental não poderá ser realizado»
Cf. Heinrich Himmler, alto responsável nazi, citado em Bradley F. Smithe e Agnes F. Peterson, Geheimreden 1933 bis 1945 (Berlim, Propyläen, 1974), p. 156 e 159.
«o ataque lançado pela Wehrmacht [contra a URSS] em 22 de Junho de 1941 foi a maior operação militar única de que há registo histórico. Uma força não inferior a 3 050 000 homens participou na assalto […]. Nunca, nem antes nem depois, se travou batalha com tanta ferocidade, por tantos homens, numa frente de batalha tão extensa»
Adam Tooze, Professor de História Económica nas Universidades de Cambridge e Yale
Entre 22 de Junho de 1941, data da invasão da URSS pelas tropas nazis, e 9 de Maio de 1945, em média, perderam diariamente a vida mais de 14 mil soviéticos. Na Bielorrússia, um em cada quatro habitantes morreu durante a ocupação nazi.
22 de Março 1943 - Massacre de Katine (Bielorrússia)
Os nazis fecham num barracão de madeira os 149 habitantes da aldeia, incluindo velhos, mulheres e 75 crianças. Regam o edifício com gasolina e largam-lhe fogo. Os que tentaram fugir do barracão em chamas foram abatidos a tiro de metralhadora.
600
Aldeias da Bielorrússia soviética incendiadas com os seus habitantes.
2230000
Pessoas exterminadas pelo nazi-fascismo em três anos de ocupação só na Bielorrússia soviética. Na Bielorrússia, um em cada quatro habitantes morreu durante a ocupação nazi.
Devemos ser honestos, decentes, leais e bons camaradas para os membros do mesmo sangue que o nosso, mas só para com eles. O que acontece aos Russos e aos Checos, é-me completamente indiferente [...] O facto de as populações prosperarem ou morrerem à fome apenas me interessa na medida em que pudermos precisar delas, como escravos da nossa Kultur...
Himmler - Discurso de Posen citado por Didier Lazard, O Processo de Nuremberga
Não devemos germanizar o Leste da Europa no antigo sentido da palavra, isto é, ensinar à população a língua ou o direito alemães. Temos é de conseguir que seja apenas habitada por povos de puro sangue alemão.
Himmler
2000000
O número de homens e mulheres das regiões ocupadas do Leste enviados pelos nazis para Alemanha para trabalharem como escravos em 1942. em declaração oficial do Gauletier Fritz Sauckel, comissário do Reich para a Unificação do Poder do Trabalho
12000000
O número de escravos que havia na Alemanha, no ano de 1943, a trabalhar para os «senhores» alemães. em declaração oficial do Gauletier Fritz Sauckel, comissário do Reich para a Unificação do Poder do Trabalho
O contributo determinante da URSS
Foi a URSS, o povo soviético e o seu Exército Vermelho que – com grandes sacrifícios e enorme heroísmo – deu o maior e mais decisivo contributo para a Vitória sobre a poderosa máquina de guerra nazi-fascista e o desfecho da Segunda Guerra Mundial.
Moscovo, Leninegrado, Estalinegrado, Kursk, são batalhas que – pela sua duração e quantidade de tropas e de material bélico que envolveram – foram determinantes para o desfecho da Segunda Guerra Mundial. Batalhas em que as vitórias alcançadas pelo Exército Vermelho contribuíram de forma decisiva para a derrota do nazi-fascismo.
Dos cerca de 75 milhões de pessoas que perderam a vida na Segunda Guerra Mundial, cerca de 27 milhões eram cidadãos soviéticos.
Em 1942, o Exército Soviético combatia contra 98% do exército alemão operacional – 178 divisões concentradas na Frente Leste; na batalha de Estalinegrado, entre 17 Julho 1942 e 2 Fevereiro 1943, os exércitos do bloco nazi-fascista perderam cerca dum quarto das forças; quando o Exército Soviético rompe o cerco a Leninegrado, na defesa da segunda cidade da URSS tinham sido perdidas mais vidas do que o total de baixas dos EUA e Reino Unido na Segunda Guerra Mundial.
Em três anos, entre Junho 1941 e Maio 1944, a taxa média de baixas da Wehrmacht na Frente Leste foi de quase 60 000 mortos por mês. Média que aumentou significativamente nos últimos doze meses da guerra. O Exército Vermelho foi responsável por 90% das perdas alemãs na Segunda Guerra Mundial.
Foi com uma coragem inabalável, com enorme heroísmo, que o Estado soviético e o povo soviético, sob a direcção do Partido Comunista, travou a maior batalha da sua história, resistiu às maiores adversidades, alcançou a libertação da sua pátria e libertou outros povos da Europa do jugo nazi-fascista.
Negar este facto é falsificar a verdade histórica.
90%
O Exército Vermelho foi responsável por 90% dos soldados alemães mortos na II GM.
Jacques Pauwels, The myth of the Good War, James Laurimer & Company Publishers, Toronto, 2015 (ed. Revista), p.73
«Enquanto no Ocidente e na campanha da Polónia as forças do inimigo cercadas se rendiam quase a 100 por cento, aqui [na URSS] as coisas passam-se de maneira diferente. (…) As informações vindas da frente confirmavam que os russos combatem em toda a parte até ao último homem.»
Estado-Maior Alemão
3000000
Dos mais de 3 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos, 2 milhões foram assassinados à fome, ao frio, por fuzilamento ou sob a tortura pelos nazis.
1942
«o exército soviético combatia contra 98% do exército alemão operacional – 178 divisões concentradas na frente leste – enquanto que os britânicos combatiam contra 4 no Norte de África»
Clive Ponting, Churchill, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 566
60000
Entre Junho 1941 e Maio 1944, a taxa média de baixas da Wehrmacht na Frente Leste foi de quase 60 000 mortos por mês.
Clive Ponting, Churchill, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 566
Batalha de Moscovo
Junho de 1941-Abril de 1942
O nazi-fascismo perdeu:
1500000
soldados
1300
tanques
2500
canhões
Batalha de Estalinegrado
Setembro de 1942-Fevereiro de 1943
O nazi-fascismo perdeu:
1500000
soldados
3000
tanques e canhões motorizados
12000
canhões e morteiros
4000
aviões
Batalha de Kursk
(Julho-Agosto 1943)
O nazi-fascismo perdeu:
500000
soldados
1500
tanques
3700
aviões
Cerco de Leninegrado
900
Os dias que durou o Cerco de Leninegrado. A cidade nunca foi conquistada pelo nazi-fascismo!
92%
A percentagem de todas as tropas terrestres da Alemanha nazi que combatiam contra a URSS na Frente de Leste até ao Verão de 1944 (data da abertura da segunda frente, pelas tropas anglo-americanas)
«Guerra dos caminhos-de-ferro»
No Verão de 1943 a guerrilha assume proporções gigantescas nas regiões ocupadas da URSS. 120 mil guerrilheiros soviéticos participam no descarrilamento de 11 mil comboios das forças nazis. Destroem 22 000 camiões. Dinamitam 5500 pontes.
«A guerra de emboscadas transformou-se numa verdadeira calamidade, por abalar seriamente o moral dos soldados na frente de combate.»
General nazi Guderian
Os destacamentos de guerrilheiros soviéticos que actuavam no território ocupado pelos nazis, desempenharam um importante papel na defesa de Moscovo e na contra-ofensiva que se seguiu.
74%
A percentagem de todas as tropas terrestres da Alemanha nazi que combatiam contra a URSS na Frente de Leste após a abertura da segunda frente, pelas tropas anglo-americanas.
Noruega
A 25 de Outubro de 1944 o Exército Soviético liberta a cidade norueguesa de Kirkenes contribuindo com essa acção para a libertação da Noruega do nazi-fascismo.
«jamais poderá ser vencido um povo cujos operários e camponeses, na sua maioria, compreenderam, sentiram e viram que estão a defender o seu Poder Soviético – o poder dos trabalhadores, que estão a defender a causa cuja vitória lhes há-de assegurar, a eles e aos seus filhos, a possibilidade de se servirem de todos os bens da cultura e de todos os frutos do esforço humano»
Lénine
Perdas Humanas
URSS
20000000
França
600000
Reino Unido
350000
EUA
300000
Libertação de Auschwitz pelo Exército Soviético
Salazar com o nazismo
A ditadura fascista, dirigida por Salazar, sob a máscara de uma falsa ‘neutralidade’, apoiou o nazi-fascismo, primeiro na Guerra Civil de Espanha e depois na colaboração com o fascismo italiano e o nazismo alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
Salazar teve um importante papel no avanço do fascismo na Europa. A ditadura fascista em Portugal inspirou-se no fascismo de Mussolini e, depois, no nazismo de Hitler: partido fascista, censura, interdição dos sindicatos independentes, polícia política, repressão massiva, prisão, tortura…
O campo de concentração do Tarrafal (1936) seguia o modelo nazi.
Entre outros exemplos, Salazar ajudou activamente os franquistas na Guerra Civil de Espanha; apoiou as cedências das potências imperialistas ocidentais a Hitler e Mussolini e a sua caminhada vertiginosa para a guerra; saudou a invasão de Mussolini da Abissínia (como era conhecido então o Império da Etiópia) e a anexação da Áustria pelo nazismo; elogiou Chamberlain, Primeiro-ministro britânico, pelas cedências ao nazi-fascismo em Munique, que abriram caminho à invasão nazi da Checoslováquia; criticou a aliança dos EUA, Reino Unido e URSS face aos países do Eixo, Alemanha, Itália e Japão.
Por detrás da proclamada «neutralidade» de Salazar, que hoje continua a ser repetida até à exaustão, escondia-se o efectivo apoio a Hitler.
Lisboa transformou-se num centro de espionagem nazi. A imprensa e a rádio faziam intensa propaganda nazi. Portugal forneceu para a Alemanha produtos alimentares, tecidos, volfrâmio, tudo o que tinha e interessava a Hitler para a guerra, enquanto o povo português passava fome, vivia à míngua, fazia filas para se abastecer.
2/3
Em 1943, dois terços das conservas portuguesas foram para a Alemanha.
Telegrama de Lisboa para Berlim – 3.3.1943 – Nr. 670 de 2-3 «Contacto com o director do Instituto do Peixe deu como resultado […] que o Instituto oferecer-nos-á de novo 200 000 caixas. O instituto deu a entender ser possível a conclusão de um novo acordo. Assinado Huene»«(…) no nosso mercado escasseiam muitos artigos de primeira necessidade necessários à vida nacional tais como a manteiga, a banha, o sulfato de cobre, o açúcar, o azeite, o café, as carnes fumadas, os metais, etc. que são enviados por caminho de ferro ou por camião para Espanha quando não seguem na maioria das vezes directamente para a fronteira franco-espanhola»
Avante, Agosto de 1941
«Por Castelo Branco e por Melgaço saem diariamente dezenas de caminhetas carregadas dos mais diversos produtos destinados à Alemanha ou aos países por ela dominados»
Avante, Agosto de 1941
«(...) o governo fascista de Salazar (...) forneceu copiosamente matérias-primas e géneros alimentícios aos países do Eixo [nazi-fascista] com evidente prejuízo da situação alimentar e sanitária do povo português»
Comunicado ao Povo Português, Conselho Nacional de Unidade Anti-Fascista, Janeiro de 1944
«A grandeza das forças que hoje enfrentam o comunismo russo não carece de colaboração nossa na frente de batalha mas devemos considerar-nos mobilizados e prontos a travar o combate, logo que seja necessário, neste extremo ocidental da Europa»
Costa Leite, chefe da Legião Nacional – 11.06.1942
«Vários refugiados alemães antifascistas têm desaparecido de Portugal, por terem sido entregues pela PIDE à Gestapo, que os tem assassinado ou enviado para campos de concentração»
Presidente do Comité Internacional de Auxílio aos refugiados em declaração lida em 1.11.1941 nos EUA.
«[…] Segundo comunicado do enviado Hewel, o general-marechal de campo Keitel apresentou ao Führer os pedidos portugueses para o envio de armas (cerca de 30 milhões de marcos) as quais devem ser fornecidas em troca de mercadorias portuguesas, sobretudo volfrâmio e sardinha em azeite. Ficou estabelecido que os desejos portugueses serão satisfeitos. Por isso o Führer decidiu que todas as armas sejam fornecidas a Portugal»
Assinado: Schuller. Informe ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Reich. Z.Hd.V.Hen ORR Kopelmam. Secreto. Berlim 7.1.1943
«(...) o governo fascista de Salazar […] permitiu a actividade desenfreada dos espiões hitlerianos e que só agora por esperteza política , pretende desatrelar-se do carro da derrota hitleriana.»
Comunicado ao Povo Português, Conselho Nacional de Unidade Anti-Fascista, Janeiro de 1944
«A Espanha tem de corresponder ao que Portugal fez por ela em 1936.»
o comandante da Polícia Armada Espanhola vindo a Lisboa trabalhar com o ministro do Interior e a polícia Salazarista - Século, 24-01-1963
«O germano é tradicionalmente o escudo da Europa perante a pressão eslava.»
nostalgia de Salazar ao Le Figaro em 4 de Setembro de 1959 do passado em que Hitler dominava grande parte da Europa.
O PCP durante a guerra
Durante a Segunda Guerra Mundial, com o importante contributo do PCP, tiveram lugar em Portugal importantes lutas operárias pelo pão e pelos géneros que faltavam e que eram canalizados para a Alemanha.
«Povo Português - Berlim Cairá em Breve»
Documento editado pelo PCP em Abril de 1945
«Homens e mulheres de Lisboa! Homens e mulheres de Portugal!»
Documento editado pelo Comité Local de Lisboa do PCP em 1945
«Contra a protecção de Salazar aos Nazis!»
Documento editado pelo Comité Regional do Douro em Novembro de 1944
«Apelo à aliança de todos os portugueses para salvar Portugal»
Documento editado pelo Comité Central do PCP em Fevereiro de 1942
Os anti-fascistas portugueses, e em primeiro lugar os comunistas, apesar da consolidação do fascismo na Europa e em Portugal, das duras condições em que travavam a luta, não desistem da sua luta. Apoiam os republicanos espanhóis e denunciam a preparação da guerra. Desmascaram a falsa neutralidade de Salazar.
Em consequência da falta de géneros alimentares, que iam para a Alemanha, a situação do povo português é desesperada. As lutas começam a surgir e a desenvolver-se: contra a saída de géneros do país, por aumentos de salários, pela melhoria do abastecimento. Em Julho e Agosto de 1943 assiste-se ao maior surto grevista desde o advento do fascismo.
O Avante, órgão central do PCP, é o único a informar livremente sobre o curso da guerra.
Desenvolve-se e reforça-se a unidade antifascista. Em Janeiro de 1944 cria-se na clandestinidade o MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-fascista) de que fazem parte os comunistas, católicos, socialistas, republicanos, anarquistas, liberais. Em Maio do mesmo ano têm lugar importantes lutas e greves na zona de Lisboa. Com o impetuoso avanço do Exército Vermelho, é claro para o povo português que a possível derrota do nazismo poderia abrir condições favoráveis para o derrubamento do fascismo em Portugal.
A vitória sobre o nazi-fascismo é comemorada nas ruas pelo povo português. Dezenas de manifestações têm lugar no país. Exige-se a democracia.
Serão os EUA e o Reino Unido a salvar o fascismo, a «recuperar» Salazar. Portugal torna-se, pela mão anglo-americana, membro fundador da NATO em 1949. É com as armas da NATO que irá reprimir o povo português e irá conduzir 13 anos de Guerra Colonial. Será com o apoio político, económico e diplomático dos países da NATO que o fascismo resistirá mais 29 anos. Será a luta dos trabalhadores e do povo português que levará à derrota do fascismo a 25 de Abril de 1974.
Mitos e mentiras sobre o Pacto Germano-Soviético
A classe operária tomou a dianteira na Resistência anti-fascista. Os comunistas foram os primeiros a serem enviados para os campos de concentração e, juntamente com muitos outros anti-fascistas, a pagar com a vida o seu amor à liberdade.
1933
O Partido Comunista da União Soviética e o Governo soviético propuseram a criação de um sistema de segurança colectiva na Europa
1935
São assinados os tratados soviético-checoslovaco e soviético-francês destinados a prevenir a ameaça de agressão nazi.
1936
A URSS disponibiliza-se para ajudar a França após a invasão nazi das zonas desmilitarizadas do Reno. A França recusa a ajuda.
1936-1939
Enquanto o nazismo alemão e fascismo italiano apoiam os fascistas espanhóis e as potências ocidentais declaram uma «política de não intervenção», a URSS apoia o legítimo governo da República Espanhola.
28 de Setembro de 1937
«A manutenção da independência da Áustria exige acções rápidas e unidas de todos os países interessados em garantir a paz na Europa. Só essas acções podem deter o agressor e prevenir a criação de um novo foco de guerra.»
Pravda
12 de Março de 1938
Com a cumplicidade do Reino Unido e da França a Alemanha nazi anexa a Áustria. A URSS foi o único país que condenou a invasão e anexação da Áustria.
17 de Março de 1938
«Amanhã pode já ser tarde, mas hoje ainda estamos a tempo disso, se todos os Estados, particularmente as grandes potências, assumirem uma posição firme e inequívoca relativamente ao problema da defesa colectiva da paz.»
Declaração oficial do governo soviético condenando a anexação da Áustria pela Alemanha nazi.
18 de Março de 1938
A URSS propõe a realização de uma conferência em que participem representantes seus, do Reino Unido, França, Polónia, Roménia e Turquia.
16 de Abril de 1938
A URSS propôs ao Reino Unido a realização de um Pacto de Assistência Mútua entre a URSS, o Reino Unido e a França. Esse Pacto deveria ser reforçado por uma convenção militar entre os três Estados, que garantisse o auxílio a todos os Estados da Europa Central e Oriental que se sentissem ameaçados pela Alemanha nazi. Esta proposta da URSS não teve nenhuma resposta concreta.
25 de Outubro de 1938
A URSS manteve até 25 de Outubro de 1938 tropas nas suas fronteiras ocidentais prontas a defender a Checoslováquia, cumprindo com o tratado soviético-checoslovaco de 16 de Maio de 1935. A capitulação do governo checoslovaco perante a Alemanha nazi retirou qualquer sentido à disponibilidade de ajuda da União Soviética.
15 de Março de 1939
Após o Acordo de Munique (Setembro 1938) – com o qual os governos do Reino Unido e da França incitaram Hitler à guerra contra a URSS – o nazi-fascismo invade e ocupa a Checoslováquia. A ocupação dura 6 anos.
Setembro de 1939
Na sequência da invasão da Polónia pelas forças nazis e após a declaração de guerra à Alemanha pela França e o Reino Unido, em Setembro de 1939, foram 9 os meses sem que houvesse qualquer acção militar por parte destes dois países contra as forças nazis.
Setembro de 1939 a Abril de 1940
160
foi o número de conversações que a França e o Reino Unido mantiveram com a Alemanha nazi, de Setembro de 1939 a Abril de 1940, com o intuito de alcançarem um acordo. Os EUA, que se haviam declarado neutrais, apelavam a Hitler para dar provas de humanidade.
A invasão da Polónia foi para o comando nazi alemão «uma dança sobre um barril de pólvora com o rastilho já ligado. Se as forças de que a França e a Inglaterra dispunham a Ocidente, em grande superioridade, se tivessem movimentado, a guerra teria terminado inevitavelmente. Na Polónia ter-se-iam interrompido as acções de combate. No máximo dentro de uma semana estariam perdidas as minas do Sarre e a região do Rur.»
Vormann, membro do Estado-Maior de Hitler no fim da guerra
«Se nós não fomos derrotados na Polónia em 1939 isso deveu-se apenas a que no Ocidente, no período da campanha polaca, 110 divisões francesas e inglesas se opunham em completa inacção a 25 divisões alemãs.»
A.Jodl, chefe do Estado-Maior das forças armadas nazis no Julgamento em Nuremberga (Novembro de 1945 – Outubro de 1946)
Os comunistas na vanguarda da resistência
A classe operária tomou a dianteira na Resistência anti-fascista. Os comunistas foram os primeiros a serem enviados para os campos de concentração e, juntamente com muitos outros anti-fascistas, a pagar com a vida o seu amor à liberdade.
Os comunistas estiveram em todas as frentes na vanguarda da luta contra o nazi-fascismo.
Foram os comunistas os primeiros a serem enviados para os campos de concentração. Milhões de comunistas e de outros anti-fascistas pagaram com a vida o seu amor à liberdade.
Enfrentaram de cabeça erguida os pelotões de fuzilamento, aí no derradeiro momento das suas vidas, com a confiança nos milhões que continuavam o combate. Homens e mulheres que deram a vida por uma pátria livre e um mundo liberto do horror nazi-fascista.
Organizaram e protagonizaram o combate de guerrilha, resistindo à ocupação de numerosos países pelas tropas nazis e seus aliados.
A classe operária, com os comunistas, desempenhou um papel determinante na unidade das forças anti-fascistas. Foi ela a principal protagonista da Resistência à ocupação enquanto a classe dominante traía.
Por mais que os representantes dos mesmos interesses reaccionários de outrora queiram esconder, os comunistas estiveram, estão e estarão na primeira linha da luta contra o fascismo, pela liberdade, pela soberania, pela democracia, pela emancipação dos povos.
Itália
Na resistência contra o fascismo participam 350000 italianos, do quais 210000 italianos são membros do Partido Comunista Italiano. Dos 71 000 guerrilheiros, 41 000 são das Brigadas Garibaldi (dirigidas por comunistas).
França
Os comunistas franceses têm um papel-chave e de vanguarda na resistência armada contra o invasor nazi. Convocam greves sucessivas e dirigem acções de guerrilha. Os comunistas figuram à cabeça das vítimas dos tribunais especiais do governo colaboracionista de Vichy e da Gestapo.
Jugoslávia
Em 1941 inicia-se a resistência popular na Jugoslávia dirigida pelo Partido Comunista Jugoslavo. O movimento guerrilheiro jugoslavo com as suas acções inflige aos nazis duras derrotas. Em Outubro de 1944, com o Exército Soviético, libertam Belgrado. Os comunistas têm um papel destacado na libertação da Jugoslávia.
Grécia
O Exército de Libertação desencadeia em 1944 constantes acções armadas contra os nazis. Após a retirada destes, o povo grego realiza um levantamento nacional. Com a intervenção das tropas do Reino Unido esse levantamento é reprimido. Manifestantes em Atenas e no Pireu são alvejados a tiro pelos soldados britânicos (Dezembro de 1944).
Bulgária
Os comunistas búlgaros, sob a direcção de Dimitrov, contribuíram decisivamente para o movimento insurreccional através do Exército de Libertação Popular (18000 efectivos e mais de 200000 activistas)
Cartas de Fuzilados
França
75000
O Partido Comunista Francês com cerca de 75 000 dos seus membros mortos pelo nazi-fascismo, ganhou o heróico título de «o partido dos fuzilados»
França
50000000
O «L’Humanité», órgão central do PCF, continuou, durante a ocupação nazi-fascista, a circular e a incitar à luta libertadora. O «L’Humanité» clandestino terá difundido até à libertação de Paris mais de 50 milhões de exemplares.
Alemanha
Prisões de anti-fascistas efectuadas na Alemanha
Buchenwald
Em Abril de 1945 tem lugar a revolta dos presos no campo de concentração de Buchenwald em que participam activamente os comunistas alemães. À data da libertação do campo, o núcleo clandestino do Partido Comunista Alemão era constituído por 629 prisioneiros.
O mundo reconhece o papel dos comunistas
Noruega
«O povo norueguês jamais se esquecerá da contribuição do povo soviético na Segunda Guerra Mundial e, designadamente, da sua participação na libertação da Noruega.»
Einar Gerhardsen, primeiro-ministro da Noruega, em visita à URSS, 10 de Novembro de 1955.
França
«… A França escapou à supressão definitiva graças à União Soviética, cujo mérito residia em ter ela desempenhado o papel central na derrocada do fascismo germânico».
L’ Humanité, 10 de Dezembro de 1954
Polónia
«O exército Soviético libertou o nosso país da canga da ocupação hitleriana, criando condições para se reorganizar a estrutura do nosso país no espírito de justiça social.»
Josef Cyrankiewicz, Presidente do Conselho de Ministros da Polónia, 7 de Novembro de 1948
Roménia
«O governo romeno e o povo romeno agradecem ao Exército Vermelho libertador.»
Petru Groza, Presidente do Conselho de Ministros da Roménia, em mensagem enviada a José Estáline, 16 de Maio de 1945.
Bulgária
«Nesta hora solene, o nosso pensamento volta-se para o vitorioso Exército Vermelho que, ao preço dos sacrifícios incontáveis e com um heroísmo ímpar, sustentou esta luta gigantesca contra a tirania, conquistando, merecidamente, a vitória definitiva.»
Conselho de Regência da Bulgária em carta a José Estáline após a libertação da Bulgária da escravidão fascista.
Checoslováquia
«O resultado da vitória sobre a Alemanha hitleriana é a consumação da grande causa de salvamento da nação. Esta insigne vitória militar foi alcançada sobretudo graças aos feitos heróicos e ímpares do Exército Vermelho e da União Soviética»
Zdenek Fierlinger, primeiro-ministro da República da Checoslováquia, mensagem enviada a José Estáline, por ocasião da vitória sobre a Alemanha fascista
Jugoslávia
«Neste momento, o mais grandioso da vitória sobre a Alemanha hitleriana, o povo da Jugoslávia envia felicitações calorosas e manifesta um profundo e fraternal reconhecimento ao Exército Vermelho e ao povo da União Soviética por todos os imensos sacrifícios e esforços que eles fizeram para salvar toda a humanidade e assegurar-lhe um futuro melhor.»
Josip Broz Tito em telegrama endereçado a dirigentes soviéticos a 9 de Maio de 1945
Hungria
«A Hungria foi libertada da opressão hitleriana pela União Soviética ao preço de sacrifícios sangrentos que, pelo seu peso, ultrapassaram os sacrifícios feitos na luta contra outros aliados da Alemanha fascista.»
decreto do Presidium da Assembleia Popular da República Popular da Hungria
Áustria
«Agradecemos ao Estado Russo (…) a libertação e ajuda generosa que nos salvou nos tempos de duras provações, e juramos, em nosso nome e em nome das gerações futuras: tão firme como o granito deste monumento, será a nossa confiança e a nossa gratidão inabalável ao Exército Vermelho»
Karl Renner, chefe do governo provisório da Áustria, durante a inauguração do monumento aos soldados soviéticos que tombaram nos combates pela libertação da Áustria, no Verão de 1945, em Viena
Dinamarca
«Todos os povos agradecem, hoje, à União Soviética a sua colossal contribuição para a causa da derrota do inimigo mais terrível de toda a humanidade.»
A Christmas Meller, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca
Itália
«Na hora da grande vitória, a Itália saúda os povos das Repúblicas Soviéticas que derramaram rios de sangue para acabar com o perigo do fascismo e do nazismo no mundo»
Ivanoe Bonomi, presidente do Conselho de Ministros em mensagem datada de 16 de Maio de 1945
Bélgica
«Acredito que toda a gente, na Europa, de dá conta da gigantesca contribuição da União Soviética para a guerra contra o hitlerismo, se dá conta de que foi este o seu factor determinante»
Paul Henri Spaak, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica em entrevista ao jornal «Izvestia», 8 de Maio 1965.
Mito da excepção de Hiroshima
O ataque à população como arma de guerra foi uma prática recorrente das forças militares anglo-americanas na Segunda Guerra Mundial. Os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasáqui não foram excepções. As populações de Hamburgo, Marselha, Dresden ou Tóquio, foram alvo de massivos bombardeamentos anglo-americanos.
A conduta na guerra evidenciou a natureza dos beligerantes envolvidos na Segunda Guerra Mundial. A barbárie nazi-fascista é bem conhecida. A aniquilação atómica de duas cidades japonesas pelos EUA é outro crime maior da História. Mas não foi caso único. O ataque a populações como arma de guerra pelas forças militares anglo-americanas está bem documentado.
A 25 Setembro de 1941, o Chefe da Força Aérea britânica, numa apresentação a Churchill, referia que o ponto fraco da Alemanha era o moral da população e em particular dos operários da indústria. Tratava-se de criar a perturbação da indústria e da vida social, apontando que seria nas cidades densamente povoadas que o ‘efeito moral’ dos bombardeamentos se poderia fazer sentir com mais força.
Churchill defendeu o uso de armas químicas (que usara contra a Rússia Soviética em 1919) contra populações.
Os bombardeamentos anglo-americanos atingiram proporções dramáticas em Hamburgo (Julho de 1943, 35 mil mortos), Dresden (Fevereiro de 1945, 100 mil mortos) ou Tóquio (Março de 1945, 100 mil mortos).
O elemento de classe esteve presente na forma como, ainda antes do final da Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido e os EUA viraram armas contra a resistência dos povos que se tinham lançado no combate anti-fascista, para impedir que a libertação fosse também social. A resistência grega da EAM-ELAS (com forte influência comunista) foi aniquilada pela violência, sob direcção anglo-americana, no que inadequadamente se convencionou chamar ‘Guerra Civil’. E a 27 de Maio de 1944, a Marselha ocupada em greve geral é bombardeada por aviões americanos. Os bairros operários são os primeiros a ser atingidos. Balanço: mais de 10 mil casas são atingidas, e 5 mil vítimas ficam sob os escombros. Nenhum alvo inimigo foi atingido!
A 6 e 9 de Agosto de 1945, os Estados Unidos da América lançaram bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasáqui. O injustificável horror lançado sobre as populações destas duas cidades japonesas provocou 250 mil mortes e muitos outros milhares de vítimas, deixando terríveis sequelas que perduram setenta anos depois. Trata-se de um dos maiores crimes jamais cometido que não pode, nem deve ser esquecido.
Os bombardeamentos nucleares sobre Hiroshima e Nagasáqui realizaram-se num momento em que o Japão se encontrava derrotado e se haviam dado passos no sentido da sua rendição. Acima de tudo, o lançamento da bomba atómica pelos EUA contra as populações japonesas constitui uma fria e premeditada demonstração do seu poderio militar no final da Segunda Guerra Mundial, que marca o início da sua ameaça e chantagem nuclear ao mundo e, antes de mais, à União Soviética, para afirmar os EUA como potência hegemónica no plano mundial.
Aqueles que hoje procuram falsificar o passado, são os mesmos que encobrem que há quem na actualidade prepare novas guerras e sofrimentos aos povos do mundo.
«Podemos encharcar as cidades do Rhur e muitas outras na Alemanha de tal forma que a maioria da população necessite de cuidados médicos permanentes»
Churchill citado em Clive Ponting, Churchill, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 237
Bombardeamento anglo-americano de Dresden
Mortos35000
«Podemos encharcar as cidades do Rhur e muitas outras na Alemanha de tal forma que a maioria da população necessite de cuidados médicos permanentes»
Churchill citado em Clive Ponting, Churchill, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 237
Bombardeamento anglo-americano de Dresden
Mortos100000
Mito do Dia D
Ao Desembarque na Normandia, correntemente conhecido como Dia D, é atribuído pela ideologia dominante um papel de crucial relevo no desfecho da Segunda Guerra Mundial, desvalorizando e diminuindo o contributo da URSS e do Exército Vermelho para a derrota do nazi-fascismo
Muitos mitos se constroem em torno do Dia D, para eles muito contribuí uma poderosa máquina de propaganda – presente em livros, filmes, documentários – que procura atribuir ao desembarque na Normandia um carácter que não teve, o de ter sido determinante para a derrota do nazi-fascismo.
Não foi o Dia D que determinou a derrota do nazi-fascismo. Para demonstrar tal evidência bastaria olhar para o calendário: o desembarque foi em Junho de 1944.
Em Junho de 1944 já o Exército Soviético havia travado três das maiores batalhas da Segunda Grande Guerra. Essas sim, determinantes para o desenlace da guerra. Aí foi destroçado o grosso das forças militares nazi-fascistas.
Em Junho de 1944 já o Exército Soviético libertara quase toda a URSS e preparava-se para levar a libertação até Berlim.
Foi apenas em Junho de 1944 que os anglo-americanos, depois de inúmeros apelos da URSS para abrir uma segunda frente, que há dois anos adiavam, se decidiram pelo Dia D.
Foram a URSS, o povo soviético, o seu Exército Vermelho os grandes obreiros da derrota do nazi-fascismo. Para essa derrota contribuíram também as outras forças Aliadas e a Resistência popular armada de numerosos países (da China à França), onde os comunistas assumiram um papel fundamental.
Na Frente Leste foram capturadas, derrotadas ou esmagadas 607 divisões nazi-fascistas Mais do triplo das perdas nazi-fascistas nas frentes do Norte de África, Itália e Europa Ocidental, todas juntas.
«Pode-se dizer, sem exagero que a Frente Leste sugava com persistência toda a força viva combativa e o material de guerra dos exércitos alemães que se encontravam no Ocidente. Devido a isso, com as acções tácticas e organizativas realizadas no Ocidente, não fazíamos mais que tapar buracos»
Bodo Zimmerman, chefe da secção operacional das tropas nazis da Frente Ocidental
«Desde 1943 que a base da Frente Ocidental era composta de velhos, munidos de armamentos obsoletos. Nem os efectivos nem os armamentos estavam de acordo com os requisitos dos duros combates que se avizinhavam.»
Bodo Zimmerman, chefe da secção operacional das tropas nazis da Frente Ocidental
«Quando os aliados ocidentais empreenderam, no Verão de 1944, a ofensiva contra a fortaleza da Europa, o desfecho da Segunda Guerra Mundial já fora praticamente determinado pela derrota da Alemanha na Rússia.
Heinrich Rieker, historiador alemão
«A Alemanha perdera a Segunda Guerra Mundial antes da invasão do Ocidente: o exército alemão estava tão debilitado em consequência da árdua luta travada durante três anos na Europa Oriental, que já não podia oferecer às tropas americanas e inglesas que desembarcaram na Normandia uma resistência firme.»
Heinrich Rieker, historiador alemão
«Ao homem da rua deve parecer que a Rússia está a ganhar a guerra. Mas se essa impressão perdurar, qual será a nossa situação na arena internacional depois da guerra, em comparação com a da Rússia? A nossa situação na arena internacional poderá mudar facilmente, e a Rússia transformar-se-á em dona diplomática do mundo»
Smuts, ex-primeiro-ministro da então União Sul-Africana, em mensagem enviada a Churchill, 31 de Agosto de 1943
«Comparar os esforços anglo-americanos, tendo em conta todos os nossos vastos recursos, com os esforços envidados pela Rússia durante o mesmo período, é tocar em questões melindrosas que vêm inevitavelmente à mente de muitas pessoas.»
Smuts, ex-primeiro-ministro da então União Sul-Africana, em mensagem enviada a Churchill, 31 de Agosto de 1943
«No Leste a cortina de ferro avança constantemente para ocidente e, por detrás dela, consuma-se a obra de destruição vedada aos olhos do mundo.»
Von Krosigk, último ministro dos Negócios Estrangeiros nazi num último apelo ao Reino Unido e aos EUA, 3 de Maio de 1945.
Colonialismo entra em colapso
Com a Vitória sobre o nazi-fascismo, o prestígio alcançado pela URSS, pelo socialismo, o fortalecimento do movimento operário e dos partidos comunistas, o avanço das forças da paz e do progresso social, a conquista da independência nacional por numerosos povos na Ásia e em África, teve um enorme impacto na correlação de forças ao nível mundial.
Na Segunda Guerra Mundial participaram sessenta e um Estados, a que nesse momento correspondia cerca de 80% da população mundial.
Nas forças Aliadas houve uma participação significativa dos povos de África e da Ásia. Na Índia foram mobilizados mais de 2,5 milhões de homens para o exército britânico. Um milhão de africanos combateram nas fileiras dos Aliados, 300 mil argelinos integravam as forças que lutavam pela França antes da libertação de Paris.
Os povos da China, da Coreia, do Vietname, da Birmânia, da Indonésia, das Filipinas, da Malásia e de outros países do Leste e Sudeste asiático, desempenharam um papel importante na derrota do militarismo japonês. Os povos de África também, por exemplo no combate à Itália fascista.
Estes povos perderam milhões de pessoas nos campos de batalha, durante os bombardeamentos, nos massacres, prisões e campos de concentração do invasor. As perdas estão cifradas em cerca de 10 milhões de pessoas na China, 2 milhões na Indonésia, 1 milhão nas Filipinas, 800 mil na Etiópia.
As economias destes países sofreram prejuízos colossais.
Mas o sofrimento não terminou com o fim da guerra. Para estes povos, que contribuíram para a derrota do nazi-fascismo, o fim da Segunda Guerra Mundial não significou, no imediato, a sua libertação, a sua independência. À Segunda Guerra Mundial seguiu-se uma dura luta contra outro inimigo, o colonialismo.
Em resultado da derrota do nazi-fascismo, do grande prestígio alcançado pela União Soviética e pelos ideais do socialismo, do fortalecimento do movimento operário e dos partidos comunistas, do avanço das forças da paz e do progresso social, foi criada uma nova situação no plano mundial, pondo em recuo o imperialismo
Alargou-se na Europa e na Ásia o campo dos países socialistas. Em vários países da Europa os partidos comunistas entraram para o governo e os trabalhadores alcançaram importantes conquistas económicas, sociais e políticas.
Em África e na Ásia o movimento de libertação nacional avança e reforça-se e conduz à independência de numerosos países sujeitos ao domínio colonial.
Com a Carta e a Organização das Nações Unidas, foi instaurada uma nova ordem mundial fundamentalmente democrática e anti-fascista.
Trata-se de extraordinários e históricos avanços libertadores que devem ser valorizados e não ser deturpados ou esquecidos.
Ásia
Emirados Árabes Unidos
2 de Dezembro
Potência colonial: Reino Unido
China
Os comunistas chineses desempenharam um papel histórico no combate aos invasores japoneses na II Guerra Mundial e na libertação do país da sua situação de semi-colónia resultante dos «tratados desiguais» impostos ao poder imperial chinês pelas potências imperialistas, a Grã-Bretanha, França e Estados Unidos.
Vietname
2 de Setembro
Potência colonial: Japão/França
Os comunistas do Vietname estiveram na linha da frente no combate pela liberdade e a independência do País, declarada a 2 de Setembro de Setembro de 1945. Durante a II Guerra Mundial lutaram contra o ocupante japonês, depois de 1946 até 1954 contra o colonialismo francês, e por fim de 1955 até 1975 contra o imperialismo norte-americano. dência da Itália a 10 de Fevereiro de 1947.
Sri Lanka
4 de Fevereiro
Potência colonial: Reino Unido
Birmânia
4 de Janeiro
Potência colonial: Reino Unido
Cambodja
9 de Novembro
Potência colonial: França
República Popular e Democrática da Coreia
15 de Agosto
Potência colonial: Japão
Índia
15 de Agosto
Potência colonial: Reino Unido
A Índia declara a independência do Reino Unido a 15 de Agosto de 1947 após uma luta social que foi marcada pela extensão da resistência não violenta.
Bahrein
16 de Dezembro
Potência colonial: Reino Unido
Síria
17 de Abril
Potência colonial: França
Indonésia
17 de Agosto
Potência colonial: Holanda
Qatar
18 de Dezembro
Potência colonial: Reino Unido
Laos
22 de Outubro
Potência colonial: França
Brunei
23 de Fevereiro
Potência colonial: Reino Unido
Kuwait
25 de Fevereiro
Potência colonial: Reino Unido
Jordânia
25 de Março
Potência colonial: Reino Unido
Maldivas
26 de Julho
Potência colonial: Reino Unido
Iémen
30 de Novembro
Potência colonial: Reino Unido
«Depois da luta armada contra os colonialistas [britânicos], sob a direcção do nosso partido, a nossa independência foi conquistada em 1967, depois de 129 anos de colonialismo. Herdámos uma pesada herança […] Obtivemos desde então muitos êxitos no campo económico, político e social, com muitos sacrifícios do nosso povo, graças à ajuda fraternal dos países socialistas e principalmente da União Soviética».
Discurso do representante da Organização Política Unida – Frente Nacional do Iémen na Tribuna do VIII Congresso do PCP em 1976
Malásia
31 de Agosto
Potência colonial: Reino Unido
Europa
Chipre
1 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Os comunistas cipriotas desempenharam – nos campos de batalha, nas lutas populares – um papel destacado na luta pela independência nacional, pelo fim do colonialismo britânico e pela unidade da República de Chipre. O dia da independência de Chipre é assinalado desde 1960 a 1 de Outubro.
Malta
21 de Setembro
Potência colonial: Reino Unido
África
Benin
1 de Agosto
Potência colonial: França
Camarões
1 de Janeiro
Potência colonial: França
Sudão
1 de Janeiro
Potência colonial: Reino Unido/Egipto
Burundi
1 de Julho
Potência colonial: Bélgica
Ruanda
1 de Julho
Potência colonial: Bélgica
Somália
1 de Julho
Potência colonial: Itália/Reino Unido
Nigéria
1 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Marrocos
2 de Março
Potência colonial: França
Guiné
2 de Outubro
Potência colonial: França
Niger
3 de Agosto
Potência colonial: França
Senegal
4 de Abril
Potência colonial: França
Lesoto
4 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Burkina-Faso
5 de Agosto
Potência colonial: França
Argélia
5 de Julho
Potência colonial: França
A Argélia conquista a independência da França a 5 de Julho de 1962, depois de uma guerra onde assumiu papel destacado a Frente de Libertação Nacional.
Cabo Verde
5 de Julho
Potência colonial: Portugal
Cabo Verde conquista a independência de Portugal a 5 de Julho de 1975.
Comores
6 de Julho
Potência colonial: França
Malawi
6 de Julho
Potência colonial: Reino Unido
Gana
6 de Março
Potência colonial: Reino Unido
Suazilândia
6 de Setembro
Potência colonial: Reino Unido
Costa do Marfim
7 de Agosto
Potência colonial: França
Uganda
9 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Chade
11 de Agosto de 1960
Potência colonial: França
Angola
11 de Novembro
Potência colonial: Portugal
Angola conquista a independência de Portugal a 11 de Novembro de 1975 após guerra iniciada em 1961 contra o regime fascista português.
Quénia
12 de Dezembro
Potência colonial: Reino Unido
São Tomé e Príncipe
12 de Julho
Potência colonial: Portugal
S. Tomé e Príncipe conquista a independência a Portugal a 12 de Julho de 1975.
Maurícia
12 de Março
Potência colonial: França
Guiné Equitorial
12 de Outubro
Potência colonial: Espanha
República Centro Africana
13 de Agosto
Potência colonial: França
Congo
15 de Agosto
Potência colonial: França
Gabão
17 de Agosto
Potência colonial: França
Zimbabué
18 de Abril
Potência colonial: Reino Unido
O Zimbabué conquista a independência a 18 de Abril de 1980 depois de 15 anos de luta armada para libertar o país do colonialismo britânico.
Gâmbia
18 de Fevereiro
Potência colonial: Reino Unido
Tunísia
20 de Março
Potência colonial: França
Namibia
21 de Março
Potência colonial: África do Sul
A Namíbia conquista a independência a 21 de Março de 1990 depois de décadas de luta armada contra o estado racista da África do Sul.
Mali
22 de Setembro
Potência colonial: França
Líbia
24 de Dezembro
Potência colonial: Itália
Zâmbia
24 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Guiné-Bissau
24 de Setembro
Potência colonial: Portugal
A Guiné-Bissau declara a independência de Portugal a 24 de Setembro de 1973 após guerra iniciada em 1963 contra o regime fascista português. A independência é reconhecida em 1974
Moçambique
25 de Junho
Potência colonial: Portugal
Moçambique conquista a independência de Portugal a 25 de junho de 1975 após guerra iniciada em 1964 contra o regime fascista português.
Tanzânia
26 de Abril
Potência colonial: Reino Unido
Madagáscar
26 de Junho
Potência colonial: França
Serra Leoa
27 de Abril
Potência colonial: Reino Unido
Togo
27 de Abril
Potência colonial: França
Djibouti
27 de Julho
Potência colonial: França
Mauritânia
28 de Novembro
Potência colonial: França
Seicheles
29 de Junho
Potência colonial: Reino Unido
República Democrática do Congo
30 de Junho
Potência colonial: Bélgica
O Movimento Nacional Congolês (MNC) e a luta pela independência teve início nos anos 50 sob liderança de Patrice Lumumba. Em 30 de junho de 1960, o Congo conquistou a independência da Bélgica com o nome de República do Congo, posteriormente designado República Democrática do Congo.
Botswana
30 de Setembro
Potência colonial: Reino Unido
Caribe
Granada
7 de Fevereiro
Potência colonial: Reino Unido
Barbados
30 de Novembro
Potência colonial: Reino Unido
Antígua e Barbuda
1 de Novembro
Potência colonial: Reino Unido
Dominica
3 de Novembro
Potência colonial: Reino Unido
Jamaica
6 de Agosto
Potência colonial: Reino Unido
Bahamas
10 de Julho
Potência colonial: Reino Unido
Belize
21 de Setembro
Potência colonial: Reino Unido
Trinidad e Tobago
31 de Agosto
Potência colonial: Reino Unido
Oceania
Tuvalu
1 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Micronésia
3 de Novembro
Potência colonial: Estados Unidos da América
Fiji
10 de Outubro
Potência colonial: Reino Unido
Quiribati
12 de Julho
Potência colonial: Reino Unido
Vanuatu
30 de Julho
Potência colonial: Reino Unido/França
América do Sul
Suriname
25 de Novembro
Potência colonial: Holanda
Guiana
26 de Maio
Potência colonial: Reino Unido
Comemorações anteriores
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