Começo por saudar e agradecer a presença de todos: dos nossos convidados internacionais, cujos contributos irão enriquecer o nosso comício, e também de todos aqueles que quiseram vir assistir e participar nesta iniciativa nesta tarde de sábado.
No Parlamento Europeu, a intervenção dos deputados do PCP é marcada por uma profunda ligação à realidade, por um amplo contacto com as massas, com os trabalhadores e as populações, em variados contextos, sectores e áreas da vida.
Sendo este um estilo de trabalho do PCP, dos seus eleitos e organizações, os deputados do PCP no Parlamento Europeu, nos dois últimos anos, procuraram elevar a um patamar ainda mais exigente com uma maior intensidade e quantidade, aquando das Jornadas dos deputados do PCP no Parlamento Europeu, que percorreram todos os distritos de Portugal, continental e insular.
Além da divulgação de aspetos do trabalho realizado no Parlamento Europeu sobre cada região concreta, o objetivo mais substancial foi - e é - ouvir as populações, os trabalhadores, tomar o testemunho dos seus problemas concretos, para potenciar a intervenção institucional. Também por isso o lema das jornadas é claro: “Contigo todos os dias! A tua voz no Parlamento Europeu”.
É porque estamos na rua, nos locais de trabalho, no comércio, que sabemos que há uma distância entre os desejos, expectativas e aspirações e a realidade da vida. Os problemas são mais que muitos:
- os salários e as pensões, apesar das promessas eleitorais, continuam a ser demasiado pequenos para um mês cheio de contas para pagar;
- a desregulação dos horários, com trabalhos por turnos e aos fins de semana, além de impor ritmos frenéticos à vida das famílias, não deixa tempo para o lazer, para a cultura, para o desporto;
- a precariedade, dos jovens e dos menos jovens, continua a ofuscar o presente e o futuro, acabando por empurrar milhares de portugueses para a emigração
- o custo de vida continua em alta, contribuindo para a degradação das condições de vida, ao mesmo tempo que os lucros dos grandes grupos económicos não param de subir;
- a prestação da casa continua alta, asfixiando as famílias;
- a conta da energia mantém-se em valores que não permitem aquecer a casa no Inverno, apesar do cada vez maior recurso à produção de energia a partir de fontes endógenas, como as renováveis;
- os serviços públicos continuam a carecer de investimento robusto, de que é exemplo o Serviço Nacional de Saúde, ou a Escola Pública;
- a falta de um serviço público de transportes que assegure a mobilidade das populações continua a sentir-se;
- as micro, pequenas e médias empresas continuam a enfrentar um conjunto de despesas (de energia, custos bancários, empréstimos, das comunicações e portagens) que dificulta a manutenção da atividade;
É com este conhecimento profundo dos problemas concretos das pessoas que intervimos no Parlamento Europeu, dando expressão a reivindicações e aspirações concretas, apresentando propostas também concretas que se traduzem em perguntas à Comissão Europeia e ao Conselho Europeu, em alterações a relatórios, em intervenções em plenário, em declarações de voto que denunciam as políticas que a União Europeia impõem ao país e que os governos PS, PSD e CDS seguem cegamente.
É com a certeza de que há outros caminhos que lá, no Parlamento Europeu, damos voz ao problema da habitação que o país enfrenta:
. com a exigência da reversão do aumento das taxas de juro e com os lucros da banca a contribuírem para mitigar o impacto do aumento das taxas de juro nas prestações bancárias;
. com a alocação de fundos para o aumento da oferta pública de habitação;
. com medidas de combate à especulação imobiliária.
É com a certeza de que há outros caminhos que lá, no Parlamento Europeu, damos voz ao aumento dos salários e das pensões, essenciais para fazer frente ao custo de vida e para inverter a degradação das condições de vida, mas também exigimos o combate à precariedade e à desregulação dos horários.
É com a certeza de que há outros caminhos que lá, no Parlamento Europeu, damos voz ao necessário reforço dos serviços públicos para que continuem a dar a garantia constitucionalmente consagrada do direito à saúde, à educação, à mobilidade, à cultura.
É com a certeza de que há outros caminhos que lá, no Parlamento Europeu, afirmamos a liberdade e a democracia, a soberania e independência nacionais; damos voz à necessidade de fazer avançar o País no caminho do desenvolvimento, do progresso e da justiça social, da afirmação do regime democrático e dos valores da Abril que, no momento em que se comemoram os seus 50 anos, importa ainda mais fazer cumprir.
É com a certeza de que há outros caminhos que lá, no Parlamento Europeu, damos força e voz a todos aqueles que acreditam numa outra Europa, dos trabalhadores e dos povos, de solidariedade e progresso, de paz e cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos.