O Parlamento Europeu instiga a confrontação e a guerra - os povos querem a paz e a cooperação

A resolução do Parlamento Europeu sobre a criação de um denominado «tribunal especial para o crime de agressão contra a Ucrânia», concebido à medida dos interesses dos EUA, da NATO e da União Europeia, constitui uma nova manobra que procura levar ainda mais longe a política de confrontação e de guerra.

Uma manobra que, através da utilização deste pretenso «tribunal especial», visa obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo com vista à resolução política do conflito e, simultaneamente, animar o prosseguimento da política de confrontação, cerco e isolamento da Rússia, dificultando deste modo possíveis entendimentos entre as partes, o desanuviamento e normalização das relações no plano internacional, a defesa e a promoção da paz, da cooperação e do desarmamento, particularmente na Europa.

Um estratagema que para além de branquear as profundas responsabilidades e envolvimento dos EUA, da NATO e da UE, entre outros protagonistas, no conflito da Ucrânia, é significativamente promovido por aqueles que sistematicamente desrespeitaram a soberania, a integridade territorial e a independência de países, os princípios da Carta das Nações Unidas e da Acta Final da Conferência de Helsínquia. Os mesmos que, sendo responsáveis por inúmeras guerras de agressão, nunca foram responsabilizados pelo seu consequente legado de morte, sofrimento e destruição, deixando impunes crimes como os cometidos contra a Coreia, o Vietname, o povo palestiniano, contra os povos africanos, contra a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia ou a Síria, entre tantas outras agressões levadas a cabo pelos EUA, a NATO e os seus membros, e os seus aliados.

Aspectos que atestam a ilegitimidade, o carácter instrumental e a hipocrisia deste dito «tribunal especial», um artifício no plano político-jurídico que, na sua essência e à semelhança da propaganda de guerra ou da espiral de sanções, não visa mais que ser utilizado como um instrumento de confrontação, no quadro da denominada «ordem internacional baseada em regras» estabelecida pelos EUA.

Assume assim uma particular gravidade a tentativa de envolver e procurar a cobertura da Organização das Nações Unidas para esta operação, incluindo através da pressão e chantagem sobre os países que mantêm uma posição própria sobre o conflito, não se alinhando com a escalada belicista. A insistência na instrumentalização das Nações Unidas para impor a lógica da confrontação e não da paz mina os seus fundamentos e sua própria existência.

A instigação da guerra, a deriva armamentista, a espiral de sanções impostas pelos EUA, a União Europeia e a NATO estão a provocar uma séria deterioração da situação económica e social, com a especulação, o aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade.

Conscientes dos sérios perigos que esta política comporta para os povos da Europa e do mundo, os deputados do PCP no Parlamento Europeu insistem que é urgente que os EUA, a NATO e a União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.

É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis, para o que esta resolução, e o caminho que aponta, contribui.

Os povos querem e precisam de cooperação e de paz, não de mais uma iniciativa que incita à confrontação e à guerra.