Os desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, assumem ainda mais perigosos contornos perante a decisão dos EUA de efectuarem ataques com misseis em território russo a partir da Ucrânia. O perigo de um confronto de dramáticas proporções nunca foi tão grande.
Tal como afirmamos deste o primeiro momento, é urgente pôr fim à escalada armamentista e abrir caminhos de diálogo com vista a uma solução política do conflito que se trava na Ucrânia, que devia e poderia ter sido evitado desde 2014.
O Parlamento Europeu, ou seja, a maioria de deputados do consenso militarista, insistem no caminho da guerra. A cada sessão plenária pelo agendamento de debates e correspondentes resoluções, somam elementos à obstaculização do diálogo e a solução política para o conflito. Persistem na lógica de instigação e promoção da confrontação e da escalada da guerra, alinhando com a política de EUA e NATO, visando o seu prolongamento e agravamento, com os muito sérios perigos que comporta para os povos ucraniano e russo, para os povos da Europa.
A não ser travada, a insistência neste caminho, alheio à vontade e interesses dos povos, empurrará a Humanidade para a catástrofe.
Entre outros negativos aspectos, o texto:
. faz um apelo expresso ao prolongamento e escalada do conflito, inclusive apelando às potencias da UE que sigam a perigosíssima decisão dos EUA a respeito do uso de mísseis de longo alcance em território russo, desprezando os riscos que a escalada comporta, opondo directamente potências nucleares;
. persiste na mobilização de ainda mais meios financeiros para o prolongamento da guerra;
. esconde as causas do conflito, incluindo o alargamento da NATO, dificultando uma solução política;
. não denuncia o desrespeito e boicote de acordos estabelecidos que teriam evitado a guerra, o seu prolongamento e agravamento, e de diversas iniciativas que visam a paz, por parte dos EUA, do RU e da EU, assim;
. não denuncia as consequências das sanções para os trabalhadores e os povos, nem quem ganha com a guerra e as sanções, incluindo a indústria de armamento, insistindo, pelo contrário, no reforço de tais mecanismos;
. insiste no alargamento da confrontação a outros países na Europa, no Médio Oriente e na Ásia;
. insiste na consagração de uma “União da Defesa” que se constitua como “pilar europeu da NATO”, dando lastro ao evidente caminho militarista da UE;
. não denuncia a hipocrisia dos EUA, RU e UE, que continuam a apoiar, inclusive militarmente, e a proteger a política genocida de Israel contra o povo Palestiniano.
Vários destes aspectos estão também reflectidos na resolução apresentada pelo nosso Grupo, pelo que também dela nos distanciámos.
Estamos, mais uma vez, perante uma reiterada visão enviesada e parcial do conflito que se trava na Ucrânia que atravessa o texto, reproduzindo a retórica de confrontação que a UE tem promovido, não contribui para o necessário caminho da paz.
A gravidade da situação exige a intransigente defesa da paz e a afirmação do caminho que a possibilite.
O que urge é que os EUA, a NATO e a UE ponham fim à estratégia de instigação e alargamento do conflito, em que este regulamento se insere, e que sejam abertas urgentemente vias de negociação com os demais intervenientes, incluindo a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa e o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
Votámos contra.