Intervenção de Paulo Sá na Assembleia de República

O Orçamento para 2016, focado no crescimento económico e no aumento da procura interna, visa recuperar o rendimento das famílias e reforçar a proteção social

Sr. Presidente,
Sr. Deputado João Paulo Correia,
Começo por lembrar que há dois elementos da apreciação do Orçamento do Estado que para nós são fundamentais.
Por um lado, refiro a concretização da posição conjunta entre o PS e o PCP sobre a situação política e ainda a necessidade de o Orçamento do Estado constituir uma base que afirme o sentido geral de inversão da política de exploração, empobrecimento e declínio nacional que foi levada a cabo de forma tão diligente pelo anterior Governo, do PSD e do CDS.
Outro elemento que não posso deixar de referir é a pressão inaceitável, a chantagem que está a ser levada a cabo pela Comissão Europeia a propósito da apresentação do esboço de Orçamento do Estado.
A Comissão Europeia tenta puxar a discussão para um campo aparentemente técnico, fala de medidas one-off, de saldo estrutural e de outras coisas que tal, mas a verdadeira preocupação da Comissão Europeia é impedir a concretização de medidas urgentes e necessárias para o povo português.
O que a Comissão Europeia quer, com o apoio do PSD e do CDS — é preciso dizê-lo com todas as letras —, é impedir a devolução dos salários indevidamente cortados que o PSD e o CDS disseram aqui, em Portugal, serem temporários, mas que em Bruxelas afirmaram serem definitivos. O que quer é impedir a devolução de pensões que foram roubadas, também com a colaboração do CDS, que, na altura, dizia ser o partido dos contribuintes; o que pretende é impedir a redução da brutal carga fiscal que impuseram sobre os rendimentos do trabalho, também com a participação do CDS, que, na altura, dizia ser o partido dos contribuintes; o que querem é impedir a redução dos horários de trabalho e a reposição dos feriados eliminados.
Em suma, o que a Comissão Europeia pretende com esta campanha de chantagem e pressão, apoiada pelo PSD e pelo CDS, é manter a liquidação de direitos, é manter o confisco de rendimentos e o ataque às funções sociais do Estado, porque esta, Srs. Deputados do PSD e do CDS, é a vossa opção, uma opção que nós rejeitamos, afirmando uma alternativa. O vosso caminho, o caminho que quiseram impor ao País não é uma inevitabilidade e, portanto, perante esta tentativa de chantagem e pressão por parte da União Europeia, com o apoio do PSD e do CDS, nós entendemos que é preciso dar uma resposta…
Como dizia, é necessário dar uma resposta firme e inequívoca, uma resposta de afirmação da defesa do interesse nacional. É essa resposta que nós damos à pressão e à chantagem da Comissão Europeia.

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