A grande e expressiva dimensão da Greve Geral de hoje constitui uma enorme afirmação da força e da unidade dos trabalhadores e uma poderosa expressão de rejeição de um pacote laboral ao serviço do capital, apresentado pelo Governo PSD/CDS e apoiado pelo Chega e pela IL.
Um pacote laboral cujo único objectivo é agravar a situação insustentável de baixos salários; promover os despedimentos sem justa causa; generalizar a precariedade; desregular de forma ainda mais profunda os horários de trabalho, promovendo o trabalho não pago e infernizando a vida dos trabalhadores; reduzir os direitos das mães e dos pais, base dos direitos das crianças; fragilizar a contratação colectiva; pôr em causa o direito de reunião, intervenção e informação sindical; limitar o direito à greve, arma decisiva para defender os direitos e a dignidade dos trabalhadores, e melhorar as suas condições de vida.
A Greve Geral expressa a força e a unidade dos trabalhadores, que fizeram ouvir o seu protesto, indignação e confronto com o modelo de exploração e de injustiça a que são sujeitos, de baixos salários, de precariedade, de desregulação dos horários, de condições e ritmos de trabalho insuportáveis, de atropelo aos seus direitos.
A Greve Geral de hoje é uma histórica jornada de exigência de justiça, dignidade, respeito, melhores salários e direitos.
Face à acumulação de lucros pelos grupos económicos e multinacionais e a uma política de assalto aos salários e aos recursos públicos, de retrocesso social e favorecimento do grande capital, a Greve Geral foi a voz que se fez ouvir daqueles que produzem, criam a riqueza, garantem o funcionamento e o desenvolvimento do País.
Uma jornada que assume ainda mais significado quando foi usado todo um arsenal de expedientes de pressão, chantagem, incluindo o abuso de serviços mínimos, para tentar pôr em causa o direito à greve e esconder os seus efeitos.
O fracasso geral dessa operação, onde se inclui a promoção da desinformação, da demagogia e da mentira, dá ainda mais valor e relevo à dimensão da adesão a esta greve.
A Greve Geral coloca o trabalho e a situação dos trabalhadores no centro da discussão. É um forte aviso ao grande patronato e ao Governo de que deve retirar, não apenas uma ou outra medida, mas sim todo o pacote laboral.
Só assim se garante a eliminação da natureza anti-social e antidemocrática, de agravamento da exploração e de violação de direitos humanos que o caracterizam.
A Greve Geral, uma viva afirmação dos direitos e liberdades democráticas, demonstra que os trabalhadores e o povo, usando todos os direitos que a Constituição da República Portuguesa consagra, têm a força bastante não só para resistir e enfrentar a regressão social e o revanchismo antidemocrático, mas também para afirmar o caminho de progresso social que Portugal precisa.
A Greve Geral, uma das maiores de sempre, teve uma grande adesão dos trabalhadores, muitos dos quais pela primeira vez e com significativo impacto em todo o País. Foi evidente a participação de trabalhadores com vínculos efectivos e vínculos precários, de trabalhadores imigrantes, a participação destacada da juventude e das mulheres, uma forte expressão nos diversos sectores de actividade, na indústria, nos serviços, no sector privado e no sector público.
Na indústria com a paralisação de um grande número de empresas como a Autoeuropa e o parque industrial, GrozeBekrt, Inapal Metal, Hutchinson, Preh, Exide, CelCat, Euroresinas, Gallo Vidro, Bosch, Apptiv, ITA, Somelos, Ecco, Tescap, Forvia, Aumovio Antenna, Browning, Cofisa, Superbock, Coca Cola, Cereauto, Valorsul, Visteon, Minas da Panasqueira.
Nas pescas com a paralisação das lotas e das frotas de pesca.
Nos transportes com a paralisação do Metropolitano de Lisboa, CP, IP, Transtejo/Soflusa, STCP, dos transportes urbanos, nomeadamente Braga, Coimbra, Barreiro e elevadas adesões no Metro do Porto, na Carris, nos transportes rodoviários privados de passageiros, à excepção de serviços mínimos onde foram decretados. Os portos nacionais paralisaram. No sector aéreo verificou-se uma adesão praticamente total, realizando-se apenas os serviços mínimos.
Na Administração Pública registou-se uma grande adesão, na saúde (hospitais e centros de saúde), na educação com a generalidade das escolas fechadas e importante expressão no ensino superior, na segurança social, na justiça, nas finanças, nos museus e em outros serviços, destacando-se a forte adesão na Administração Local nas diversas áreas nomeadamente na recolha de resíduos sólidos.
Nos serviços em que se salientam áreas como a logística, a grande distribuição comercial, a hotelaria e cantinas, o sector financeiro, as estruturas sociais IPSS e Misericórdias.
Uma greve que teve elevada expressão em outros sectores, como os correios, telecomunicações, energia, cultura, artes e espectáculos e comunicação social.
A força desta Greve Geral expressa-se também nas ruas com a participação de milhares de pessoas que, em centenas de piquetes de greve e dezenas de concentrações e manifestações, contribuíram para o êxito da Greve Geral e para a afirmação de exigência dos seus direitos e de uma vida melhor.
O PCP saúda os trabalhadores pela sua participação na Greve Geral contra o pacote laboral, o retrocesso e a exploração e exigência de mais salário, direitos, serviços públicos.
O PCP saúda a CGTP-IN, a grande central sindical dos trabalhadores portugueses, que tomou a iniciativa de avançar com a acção contra o pacote laboral e a Greve Geral anunciada na manifestação nacional de 8 de Novembro.
Saúda as estruturas sindicais e outras organizações dos trabalhadores que marcaram posição e a ela se associaram, os milhares de dirigentes, delegados sindicais e membros de Comissões de Trabalhadores e todos os trabalhadores, que participaram activamente no esclarecimento, na mobilização e na organização, determinante para o êxito desta grande jornada de luta.
O caminho para um Portugal justo, desenvolvido e soberano implica prosseguir a luta pela rejeição do pacote laboral, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, o cumprimento da Constituição da República e a aplicação dos direitos que esta consagra.
O País precisa de outro rumo e outra política. Uma política onde os direitos de quem trabalha são uma condição e um objectivo de desenvolvimento.
Aumentar salários, combater a precariedade, valorizar a contratação colectiva, defender e reforçar os serviços públicos, garantir o direito à habitação, promover a produção nacional e o investimento público, é esse o rumo que se impõe.
Um rumo que está nas mãos dos trabalhadores, do povo e da juventude, nessa força imensa que hoje mesmo se demonstrou.
Força, coragem e unidade capazes de abrir esse rumo de esperança e a vida melhor a que têm direito.
Uma luta para a qual contam, como sempre contaram, com o PCP.







