Intervenção de Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central, XXI Congresso do PCP

A Organização do Partido

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Camaradas

No período que decorre desde o último Congresso a organização do Partido foi, uma vez mais, posta à prova. Resistimos e cumprimos o nosso papel num contexto marcado por exigências, mas também por novos e mais diversificados ataques aos trabalhadores, ao povo e ao País, alguns dos quais radicados num profundo anticomunismo e na tentativa de anular o PCP que há muitos anos querem destruir ou, pelo menos, que claudique, tornando-se igual aos outros,
inofensivo perante as classes dominantes.

Continuam a tentar e a insistir, mas continuam sem conseguir porque temos uma organização que resiste e persiste na luta e na defesa do Partido, da sua natureza de classe e dos seus princípios, comprovando-o na prática e na sua permanente intervenção em defesa dos trabalhadores, do povo e do país.

Mantemos independência e autonomia. Assumimos posições próprias, indissociáveis do nosso projecto e dos nossos objectivos.

Afirmamos e defendemos os valores de Abril e a Constituição que os incorpora, mesmo quando muitos perseguem o objectivo de quebrar cada um dos seus pilares para pôr em causa a dimensão progressista do projecto aí plasmado.

Quando nos procuraram manietar, atirando lama para cima de nós, produzindo e difundindo mentiras que nos procuram colar e igualar aos outros que são todos iguais, reafirmamos princípios e prosseguimos com uma prática distinta de todos os outros. Cá ninguém tem privilégios ou vantagens pessoais ou familiares. Estamos cá para servir e não para nos servirmos.

Camaradas

Cumprimos o nosso papel de vanguarda na defesa dos direitos dos trabalhadores. Com os explorados erguemos a voz para dizer que “no combate ao vírus, nem um direito a menos”, esclarecendo e mobilizando os trabalhadores para resistirem e lutarem pelos seus direitos, pelo direito a trabalhar em condições de saúde e de higiene adequadas, pelo direito a lutar e a manifestar, porque os direitos não estão confinados.

Cumprimos o nosso papel de vanguarda também nas ruas, em inúmeros comícios, desfiles, tribunas, distribuições e acções por todo o país, ou na realização da Festa do Avante!
Prosseguimos com actividade e intervenção, com a denúncia da política de direita, da submissão aos interesses do grande capital e às imposições da UE. Denunciamos o papel do PS, do PSD e do CDS na situação em que o país se encontra e desmascaramos os seus sucedâneos que, a coberto do mediatismo, agitam o populismo para atingir outros fins, pondo em causa o próprio regime democrático.

E é por tudo isto que tanto incomodamos! Incomodamos tanto que alguns perderam as estribeiras e verbalizaram que o PCP deveria ter sido impedido de aqui estar a debater e intervir para encontrar soluções para os problemas do país.

Camaradas

Não conseguiram, aqui estamos, honrando um século de história e demonstrando o nosso dever para com os trabalhadores e o povo que estão confrontados com uma difícil situação económica e social.

Aqui estamos para lutar por todos aqueles que vêem os seus direitos diariamente ameaçados, dizendo-lhes que é com um PCP mais forte que a sua luta também ganha força.

Aqui estamos com este grande colectivo partidário, saudando a sua generosidade, o seu empenhamento e a sua dedicação, enfrentando os desafios que temos pela frente, mas reconhecendo dificuldades, insuficiências e a necessidade de mais força para levarmos mais longe a luta pela concretização dos nossos objectivos.

Aqui estamos com esta grande organização partidária que as Teses em discussão retratam, destacando as alterações e evoluções verificadas nos últimos anos, sem deixar de assinalar as insuficiências e os elementos de força do Partido.

É tendo tudo isto presente que afirmamos ser necessário e possível ir mais longe. É preciso ir mais longe, olhando para a situação actual e para as exigências futuras que colocam como questão central o reforço do Partido.

Ir mais longe, valorizando a militância e alargando a consciência de que a militância é elemento fundamental para a força do Partido. Estimulando camaradas a assumirem responsabilidades e tarefas regulares no trabalho partidário, atendendo às possibilidades e disponibilidades de cada um.

Ir mais longe na integração e responsabilização de camaradas em organismos e por tarefas concretas, estimulando a sua participação, acompanhando-os e ajudando-os à concretização das tarefas assumidas, avançando para o objectivo de cada camarada ter uma tarefa e um organismo.

Ir mais longe na ligação às massas, tendo sempre presente que é na ligação às massas que encontramos a força e energia transformadora da luta e da sua determinante contribuição para a transformação revolucionária da sociedade.

Ir mais longe no recrutamento de novos militantes, assumindo o recrutamento como preocupação e tarefa permanente das organizações e dos quadros do Partido. Um trabalho com grandes potencialidades como se demonstrou na «acção dos 5000 contactos», em que 1350 trabalhadores aderiram ao Partido, reflectindo a disponibilidade de muitos outros para apoiarem o Partido e participarem na sua actividade, mas evidenciando igualmente que este trabalho precisa ser permanentemente discutido nos organismos, fazendo o levantamento de nomes, distribuindo os contactos a realizar e acompanhando a sua concretização.

Ir mais longe na organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores nas empresas e locais de trabalho, desde já concretizando o objectivo definido no âmbito do centenário do Partido de responsabilização de 100 novos camaradas por células e de criação de 100 novas células de empresa, local de trabalho e sector até Março de 2021.

Mais força do Partido nas empresas e locais de trabalho, que passa também por garantir o funcionamento regular das células e a intensificação da sua actividade junto dos trabalhadores e em torno dos principais problemas e aspirações dos trabalhadores.

É preciso ir mais longe nas organizações de base local, garantindo uma intervenção centrada nos problemas e aspirações das populações, dinamizando a acção e luta, estimulando a criação e a acção de comissões e movimentos a partir dos problemas e aspirações populares, dando atenção ao Movimento Associativo Popular, articulando a intervenção nos órgãos autárquicos com a acção directa na resolução dos problemas e com a luta das populações.

Ir mais longe na organização e intervenção junto de outras camaradas e sectores não monopolistas que encontram na alternativa patriótica e de esquerda que o PCP propõe a solução para os seus problemas e aspirações.

Ir mais longe em todo o trabalho de organização, cuidando também da realização das Assembleias de Organização e do funcionamento regular dos organismos, promovendo a renovação e o rejuvenescimento dos organismos de direcção e a distribuição de tarefas entre os seus membros.

Às portas do centenário da fundação do Partido Comunista Português, a partir do nosso XXI Congresso afirmamos que a organização continua a ser um instrumento capital para promover, orientar e desenvolver a actividade e a luta de massas que constituem o terreno fecundo em que germina, se desenvolve, floresce e frutifica a organização do Partido.

Sem ignorar que os tempos que temos pela frente são tempos de resistência, marcados por uma brutal ofensiva política, social e ideológica, sabemos que, por muito difíceis que sejam os tempos, não viramos a cara à luta e que é lá, junto dos trabalhadores explorados, junto da juventude que anseia por um futuro digno, que encontramos a força e a confiança para resistir e avançar, certos de que o futuro tem Partido.

Viva a JCP!
Viva o PCP!

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