Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

BCE impõe novo agravamento nas taxas de juro para servir interesses do grande capital financeiro

O anúncio de um novo aumento da taxa de juro de referência do BCE em mais 75 pontos base - o segundo consecutivo desta dimensão e o terceiro desde Julho - vem demonstrar que os interesses prosseguidos e defendidos pela União Europeia não são os interesses dos seus povos. 

Perante uma inflação galopante que coloca milhões de trabalhadores numa situação ainda mais difícil e que é resultado quer da escalada de confrontação e sanções, quer das opções monetárias da União Europeia, quer ainda, do aproveitamento que o grande capital está a promover com o aumento escandaloso dos lucros, o BCE decide agravar o aumento das taxas de juro de referência, com custos incomportáveis para as famílias, as empresas e os próprios estados, e aprofundando os riscos de uma recessão económica à escala continental com as dramáticas consequências que lhe estariam associadas.

O PCP reafirma que a vida está a confirmar o enorme embuste que representou durante anos a teoria de que a moeda única – o Euro – iria proteger o País da escalada inflaccionista. Confirma-se, ademais, o prejuízo para o País resultante de uma política monetária desajustada das suas necessidades e especificidades. A recuperação da soberania monetária confirma-se, assim, como uma necessidade e um importante elemento de uma política alternativa que responda aos problemas e aos anseios dos trabalhadores e do povo português.

Perante este cenário, em vez da actual escalada nas taxas de juro, o que se exigia era o urgente aumento dos salários, a regulação e fixação de preços e o fim da escalada das sanções económicas que, no essencial, respondem aos interesses dos EUA e não aos dos estados da União Europeia.

Num quadro em que mais de um milhão e 400 mil famílias portuguesas vêm os seus empréstimos à habitação a subir para preços insuportáveis, é preciso intervir no mercado do crédito designadamente por via da fixação de spreads máximos através da CGD como banco de referência; assegurar a renegociação dos contratos protegendo os clientes face aos interesses da banca; permitir moratórias no pagamento de juros e capital, bem como a impenhorabilidade da casa de morada de família. Medidas que não dispensam, antes tornam mais urgente, a exigência do aumento dos salários e das pensões visando a recuperação do poder de compra perdido.

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