Intervenção de Mafalda Guerreiro, Membro do Comité Central, XXI Congresso do PCP

Resistência e luta anti-fascista na actualidade

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Saúdo todos os camaradas e todos os democratas, na defesa dos valores da liberdade, dos valores de Abril, na defesa da Constituição da República Portuguesa.

Camaradas,
Como referido ao longo das teses, a ofensiva contra os direitos sociais e culturais, articula-se com a ofensiva contra os direitos e liberdades fundamentais, com uma sistemática revisão e falsificação da História, com o branqueamento e banalização do fascismo e a normalização da participação de forças fascistas e fascizantes em termos institucionais.

A ofensiva ideológica do capitalismo, faz com que amplas camadas da população se sintam baralhadas e desiludidas e tentadas a procurar outros caminhos, admitindo, ilusoriamente, que neles poderão encontrar as respostas e as saídas que anseiam.

Promove-se o medo, as concepções mais reaccionárias, xenófobas, antidemocráticas e anti-comunistas. Procura-se premiar a delação e divisão entre trabalhadores e entre populações, mas acima de tudo, procura-se isolar o indivíduo, responsabilizando-o pelos males do mundo, alienando-o do próprio mundo, longe da reflexão crítica e da construção colectiva, tornando-o assim não só mais receptivo às ideias e concepções que o capital pretende impor, mas como próprio agente da divulgação dessas ideias que assume como “suas”, porque pensa que pensou por si.

A resistência e a luta anti-fascista é actual. Devemos ter presente a história e trabalho do Partido. Hoje, como ontem, o PCP afirma: a unidade das forças anti-fascistas é “uma exigência da situação e uma tarefa central do partido do proletariado”. Assim o foi nos tempos mais obscuros da nossa história recente, assim o é, hoje, quando se procura branquear o fascismo e o que ele significou para a grande maioria dos portugueses.

Tais manobras de branqueamento desenvolvem-se muitas das vezes encobertas sob o manto do atestado cientifico, outras sob a capa de uma pretensa radicalidade.

- Apresentam-nos a proposta de criação de um museu, ou mais elaborado ainda, de um “centro interpretativo do Estado Novo”, tudo muito científico, claro, omitindo que a ciência, com os seus protocolos e especificidade, inscreve-se sempre num horizonte ideológico;

- Realizam-se manifestações onde os seus participantes ostentam símbolos ou executam a saudação nazi;

- Apresentam-se e concedem-se entrevistas a condenados por crimes xenófobos nos principais órgãos de comunicação social;

- Responsáveis máximos partidários anunciam que em Portugal nunca houve fascismo;

e podíamos continuar…

Camaradas, o tempo é de luta.

Destaco a intervenção em torno da concretização do Museu da Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, que só não foi transformada em unidade hoteleira pela luta e intervenção do Partido, da URAP, dos antigos presos políticos e dos muitos democratas e antifascistas que repudiaram tal projecto. Hoje, este Museu tem um enorme significado político e histórico e é uma arma contra a política de silêncio e de apagamento da memória. É um instrumento de pedagogia democrática e uma homenagem aos milhares de presos que ali estiveram. Prova disso são as mais de cem mil pessoas de que já o visitaram.

Salientar ainda toda a intervenção da URAP, que tem desenvolvido uma intensa actividade através de sessões públicas, iniciativas culturais, debates, visionamento de filmes, edição e apresentação de livros, homenagens a democratas e resistentes anti-fascistas.

A experiência do núcleo regional de Aveiro tem demonstrado a validade e actualidade desta intervenção. Núcleo que tem vindo a crescer em associados e viu reforçada a sua estrutura, com reuniões regulares, com iniciativa e tomadas de posição públicas, com a participação em iniciativas populares, como as comemorações do 25 de Abril, com homenagens aos democratas do distrito, comemoração dos aniversários dos Congressos da Oposição Democrática, sessões e debates de diversos temas e com as mais diversas personalidades.

Camaradas,
Reafirmo o conteúdo das teses, a importância do trabalho unitário, promovendo o diálogo e a acção comum com outras pessoas e sectores democráticos, bem como o contacto com organizações, estruturas e instituições na defesa do regime democrático e das liberdades, na afirmação da soberania e independência nacionais, no cumprimento da Constituição da República Portuguesa.

Viva Abril
Viva o XXI Congresso
Viva o PCP

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