Há exatamente um ano, para assinalar o final do propagandeado Ano Europeu da Ferrovia, fiz a viajem entre Lisboa e Estrasburgo de comboio. Uma viagem que de avião poderia demorar uma meia duzia de horas e custaria poucas dezenas de euros. A opção Ferrovia? Seis comboios, três dias em viagem, quase 400 euros só nos bilhetes.
Volvido um ano nada se alterou. Nem a retórica e propaganda da União Europeia em torno da Ferrovia e as consequências das suas políticas com os sucessivos pacotes ferroviários, contribuindo directamente para encerramento de milhares de km de ferrovia, redução da oferta, degradação do serviço.
A resposta aos problemas da Ferrovia em Portugal e na Europa não se encontram na insistência neste caminho de liberalização, desregulação e mercantilização do sector. Urge reverter estas políticas, valorizar a gestão pública da ferroviária nas suas dimensões de operação, infraestrutura, produção e manutenção, promovendo um substantivo investimento público na ferrovia, na sua modernização, o alargamento das redes, a interoperabilidade e os direitos dos passageiros e dos trabalhadores.