Comunicado do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no PE

É urgente reverter os aumentos das taxas de juro

O Banco Central Europeu (BCE) determinou a manutenção das taxas de juro de referência nos actuais níveis elevados “durante o tempo que for necessário”, mesmo que isso estrangule o desenvolvimento económico e agrave as condições de vida, como está a suceder. Além
disso, o BCE não afasta a possibilidade de as taxas de juro subirem ainda mais.

Em Portugal, mais de um milhão de famílias estão a ser afectadas pelos impactos brutais dos juros elevados no aumento dos custos dos empréstimos para compra de casa.

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu têm denunciado que esta política monetária deixa intactas causas de fundo da inflação.

Uma pausa nos aumentos da taxa de juro de referência neste nível altamente restritivo, 4.5%, continua a favorecer a banca e o grande capital financeiro, cujos lucros não cessam de aumentar – em Portugal, são cerca de 11 milhões de euros de lucros por dia.

Esta decisão demonstra uma total insensibilidade e uma chocante indiferença perante as dificuldades sentidas pelos trabalhadores, pelas famílias, pelas pequenas e médias empresas e por países como Portugal.

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu reiteram que é imperativo e urgente que a subida das taxas de juro seja revertida. Além disso, no imediato, deverá ser a banca, e não as famílias, a suportar o impacto dos aumentos já decididos.

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu insistem que o combate aos impactos da inflação deve passar por: aumentar dos salários e das pensões; regular preços dos bens e serviços essenciais; combater a especulação; tributar os lucros dos grandes grupos económicos em prol da promoção do desenvolvimento e do progresso social; dinamizar a produção nacional, seja de bens de consumo, seja de bens de produção, incluindo no sector energético, tirando partido das energias renováveis para garantir uma maior soberania energética e estabilidade nas cadeias de aprovisionamento; promover a paz, a solução política dos conflitos e o desenvolvimento soberano dos Estados, numa óptica de diálogo e cooperação, contrastando com o agravamento da política de confrontação, de sanções e de guerra.

A actual situação socioeconómica, inseparável dos efeitos de dez aumentos consecutivos das taxas de juro decididos pelo BCE, evidencia que o Euro priva os Estados dos instrumentos de política monetária, financeira, cambial e, em larga medida, orçamental, para promover um
desenvolvimento que leve em conta as suas realidades nacionais específicas e as respostas necessárias aos problemas sociais e económicos surgidos.

Bruxelas, 26 de Outubro de 2023

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