A Comissão Política do Comité Central do PCP sublinha o profundo significado e dimensão da celebração popular do cinquentenário da Revolução, esse imenso 25 de Abril que por todo o País, e para lá das suas fronteiras, encheu praças, avenidas e ruas – com uma dimensão inapagável no coração das cidades de Lisboa e Porto – afirmando Abril, os seus valores e actualidade.
As milhares de iniciativas realizadas por todo o País com uma notável diversidade e vincado carácter popular, constituíram uma forte expressão da determinação dos trabalhadores e do povo em exaltar e defender os valores, as conquistas e o projecto transformador a que a Revolução deu corpo erigindo grandes realizações colectivas do povo português e alcançando conquistas e direitos históricos - muitos dos quais ainda hoje marcam a realidade nacional - que no seu conjunto contribuíram para abrir e fazer avançar novas perspectivas na luta e construção de uma sociedade mais justa e solidária. A imensa participação e os conteúdos das inúmeras manifestações populares demonstraram um enorme compromisso colectivo do povo português em defender a democracia e a liberdade conquistadas com Abril, bem como os demais direitos económicos, sociais, culturais e civilizacionais que foram e são expressão da luta e acção criadora das massas populares. Uma participação indissociável da acção dos que nunca desistiram em cada um dos últimos 50 anos de garantir a comemoração popular do 25 de Abril.
Uma resposta inolvidável aos que tentam apagar o profundo significado desta data e desse tempo fundador e genuinamente novo que se abriu, aos que inconformados com o que ela representou a procuram secundarizar, adulterar e diminuir, aos que promovem o branqueamento do fascismo e uma visão reaccionária da sociedade. Uma participação autêntica e massiva que obrigou a não ficar de fora mesmo alguns que, pelas suas opções e política, procuram negar Abril. E, sobretudo, uma resposta marcante de gerações inteiras, – com uma ampla participação juvenil que uniu jovens e menos jovens, resistentes de ontem e combatentes de hoje – aos que ambicionam fazer retroceder o País aos tempos obscuros que a corajosa iniciativa militar dos capitães e o imediato levantamento popular, traduzido na Aliança Povo-MFA, derrotou, dando sequência a décadas de resistência e luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português que teve no Partido Comunista Português papel central.
A Comissão Política do Comité Central do PCP saúda todos os que numa mobilização popular impressionante saíram à rua para comemorar Abril e, ao mesmo tempo, afirmar a exigência dessa vida melhor que a Revolução anunciou, reafirmando o seu empenhamento em prosseguir a sua intervenção e o seu compromisso com esses objectivos. Saúda igualmente todos os que prosseguem a luta contra o revisionismo histórico e o branqueamento do fascismo, registando como uma importante vitória a criação do Museu Nacional Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche, cujo acto inaugural, coincidindo com a comemoração dos 50 anos da libertação dos presos políticos, ficará marcado pela grande participação popular nas acções convocadas pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses.
Este Abril revela energias e capacidades que importa incorporar na luta dos trabalhadores e das massas populares, com a confiança de que unidos e organizados podem derrotar ataques e tentativas de retrocesso e impor resposta aos seus problemas e aspirações, certos de que têm nas suas mãos o futuro da suas vidas e o destino do País.
Desde já no 1º de Maio. Esse Maio do trabalho que a classe operária, os trabalhadores e o povo nunca deixaram de assinalar mesmo em tempo de trevas e repressão, que há 50 anos, na grandiosa expressão de 1974, impulsionou a Revolução de Abril, e que este ano na jornada convocada pela CGTP-IN é o momento para dar expressão aos direitos dos trabalhadores, reclamar o aumento dos salários, valorizar reformas e pensões, elevar as condições de vida, dignificar o trabalho, combater a exploração e as discriminações.
A Comissão Política do Comité Central do PCP apela aos trabalhadores e ao povo, aos jovens e às mulheres, aos reformados e imigrantes para o desenvolvimento da luta, no 1º de Maio e além dele, para que façam ouvir a sua voz em defesa dos seus direitos, pela resposta e soluções aos seus problemas, por uma política alternativa que rompa com a política de direita e promova o progresso e o desenvolvimento económico e social que Abril iniciou, um horizonte contrariado por décadas de processo contra-revolucionário, em prejuízo do povo e do País, uma política alternativa que a situação hoje reafirma como indispensável para o futuro de Portugal.