Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Subnutrição aguda e fome iminente na Nigéria,na Somália,no Sudão do Sul e no Iémen

O discurso da comiseração e da compaixão em relação à fome na Somália, na Nigéria, no Iémen e no Sudão do Sul, não pode apagar a necessidade de procurar as causas profundas deste drama humanitário, nem a devida atribuição de responsabilidades.

As razões da fome são políticas:

As intervenções do FMI e do Banco Mundial e as orientações neoliberais prevalecentes;

O aumento significativo do custo dos factores de produção na agricultura – indissociável do poder e papel das multinacionais;

A redução drástica do poder de compra da população urbana;

O desmantelamento de programas sociais;

O garrote da dívida e do serviço da dívida;

A substituição das reservas estatais de cereais e dos mecanismos de fixação dos preços dos produtos agrícolas nos mercados locais pela bolsa de Chicago, por um mercado mundial dominado pelas multinacionais do agronegócio e pelos especuladores;

As guerras civis e os conflitos diversos instigados por potências externas, como os EUA, a Arábia Saudita e alguns países europeus; a ingerência externa e a pulsão imperialista de controlo dos recursos naturais como o petróleo.

Tudo isto conduziu ao que as Nações Unidas já classificaram como a maior crise humanitária desde a sua criação em 1945.

É necessária uma mudança de políticas e é necessária ajuda humanitária de emergência, com maior responsabilização da União Europeia.

Numa altura em que o desenvolvimento científico e tecnológico atinge níveis que permitiriam facilmente erradicar a fome, a sua persistência é um dos mais vivos libelos acusatórios que pesa sobre o sistema capitalista, dominante à escala mundial.

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