Sobre o anúncio do arranque da co-incineração<br />Declaração de Jorge Cordeiro, da Comissão

Num primeiro comentário ao anúncio do arranque do processo de co-incineração em Souselas a partir de Julho próximo, queremos deixar registadas duas observações: O anúncio ontem feito pelo Ministro do Ambiente confirma a sua insistência em fazer avançar o processo da co-incineração, à margem de uma consideração séria do processo de consulta pública realizada, sem que este seja considerado no âmbito de uma política integrada de tratamento de resíduos industriais no qual seja definido entre outros aspectos a hierarquização dos vários processo de intervenção, a actualização de tecnologias nas unidades industriais, o inventário e caracterização dos resíduos industriais. A disparidade das quantidades de resíduos industriais perigosos a tratar, hoje apresentadas com valores cinco vezes superiores ao até agora referenciado, é por si reveladora de decisões tomadas na ausência de um estudo global sobre a situação dos Resíduos industriais (recorde-se que se aguarda a elaboração do Plano Nacional de Gestão de Resíduos previsto desde 1997). A inclusão agora anunciada de Sines para a fase de pré tratamento à margem de qualquer consulta e informação local revelam o modo como o processo de co-incineração tem sido conduzido e legitimam as expressões de desconfiança crescente com que as populações encaram a intervenção das entidades responsáveis por estes processos.