Senhor Presidente,
  Senhores Deputados:
Desde sempre que as pessoas com defici?ncia s?o discriminadas.   Trata-se de uma verdadeira e gritante viola??o dos direitos humanos que acontece   em todos os pa?ses e sociedades, independentemente do seu maior ou menor desenvolvimento   ou das suas diferen?as culturais.
  
  As Na??es Unidas dedicam desde h? muito aten??o aos direitos das pessoas com   defici?ncia. Assim, o ano de 1981 foi Ano Internacional das pessoas deficientes   e a reflex?o desenvolvida desde ent?o levou uma d?cada depois ? adop??o das   "Regras Gerais sobre a igualdade de oportunidades para as pessoas com defici?ncia".
  
  Para al?m da exist?ncia de pol?ticas anti-sociais que penalizam exponencialmente   os deficientes, mesmo em rela??o ao resto da sociedade, instala-se o desrespeito   dos direitos espec?ficos dos deficientes. 
  
  Quer isto dizer que para al?m de sofrerem as agruras das pol?ticas anti-sociais   que tamb?m no nosso pa?s campeiam h? v?rios anos, enfrentam ainda a nega??o   dos seus direitos e apoios mais elementares.
  
  A isto se junta a estigmatiza??o cultural e social que continua a existir. A   realidade ? a do desrespeito e desconhecimento dos direitos que, embora insuficientes,   j? foram alcan?ados. S?o direitos por vezes desconhecidos mesmo pelos pr?prios.
  
  S? por isso, seria j? clara a import?ncia do papel das associa??es de deficientes   como ve?culo fundamental e indispens?vel para a defesa, a divulga??o e o alargamento   dos direitos das pessoas com defici?ncia. Mas tamb?m pela sua actividade pr?pria,   pelo envolvimento que conseguem dos seus associados para a resolu??o dos problemas   que os afectam, s?o as Associa??es de Deficientes o principal motor da diminui??o   do fosso que impede a plena integra??o das pessoas com defici?ncia na sociedade.
  
  A nossa Constitui??o reconhece a import?ncia destas organiza??es e obriga o   Estado a apoiar o seu esfor?o. Tamb?m as Regras Gerais das Na??es Unidas lhes   dedicam um artigo no sentido de serem apoiadas e de participarem na defini??o   das pol?ticas oficiais a n?vel local, regional e nacional.
  
  Em Portugal o trabalho das Associa??es de Deficientes tem sido o mais importante   contributo para que a vida das pessoas seja melhorada e para que a sua plena   integra??o seja cada vez mais conseguida. A capacidade de interven??o nas diversas   ?reas espec?ficas a que se dedicam bem como a conjuga??o de esfor?os que conseguem   atingir mostram inequivocamente a for?a e a valia do movimento associativo dos   deficientes.
  
  S?o exemplos disso a exist?ncia da Confedera??o Nacional dos Organismos de Deficientes   que entre outras iniciativas levou a cabo, h? pouco mais de um ano, o 2? Parlamento   Nacional de Deficientes do qual sa?ram diversas propostas concretas que na sua   maioria continuam por concretizar por este Governo.
  
  Por todas estas raz?es se imp?e uma lei como a que o PCP prop?e. Que reconhe?a   direitos e assegure a participa??o plena e interven??o das Associa??es de Deficientes   enquanto contributo na defini??o das pol?ticas e da legisla??o no dom?nio da   reabilita??o e integra??o social das pessoas com defici?ncia.
  
  Prop?e-se ainda que lhes sejam dados instrumentos para uma mais eficaz defesa   dos direitos e interesses dos deficientes, com especial destaque para a possibilidade   de se constitu?rem assistentes nos processos-crime por viola??o de direitos   de pessoas com defici?ncia. 
  
  Prop?e ainda o PCP diversas isen??es e regalias que auxiliem as Associa??es   de Deficientes a suportar os custos do seu funcionamento e actividade. 
  
  A leitura do projecto do PCP, apresentado alguns meses antes dos do PSD, praticamente   dispensa a leitura do Projecto de Lei n? 436/VII do PSD.
  
  Para manifestar a sua concord?ncia com o proposto pelo PCP bastaria ao PSD declar?-lo   aqui no Plen?rio. O PSD resolveu ir mais al?m e produziu um projecto de lei   que, deixando de fora direitos importantes, ? apenas uma s?ntese empobrecedora   do projecto do PCP.
  
  ? provavelmente a necessidade do PSD massajar a sua pr?pria consci?ncia, pesada   e atormentada por muitos anos de uma pol?tica que esqueceu a integra??o dos   deficientes, degradou as suas condi??es de vida e ignorou os protestos e os   direitos de participa??o das suas associa??es representativas.
  
  O caso ? tanto mais grave agora quanto se verifica que afinal e mesmo direitos   fundamentais como o do cr?dito de tempo para os dirigentes associativos ficam   esquecidos.
  
  O cr?dito de tempo para os dirigentes associativos n?o ? um privil?gio; ? um   direito e uma necessidade, n?o tantos dos dirigentes mas sobretudo das suas   associa??es e de todos os deficientes.
  
  Muito do que, apesar de tudo, foi feito para a integra??o dos cidad?os portadores   de defici?ncia deve-se ? ac??o das associa??es de deficientes tantas vezes lutando   contra pol?ticas e medidas contr?rias aos seus direitos. 
  
  Por isso, alargar a capacidade de ac??o das associa??es de deficientes, dando   melhores condi??es aos seus dirigentes e consagrando os seus direitos ? melhorar   a defesa e a concretiza??o de uma cada vez maior integra??o dos cidad?os portadores   de defici?ncia na nossa sociedade.
  
  Mas o PSD prop?e ainda no seu projecto uma medida que acaba por denunciar algum   menor empenhamento na valoriza??o das Associa??es de Deficientes. Trata-se da   proposta que atribui ao Governo a compet?ncia para avaliar se uma Associa??o   desta ?rea tem ou n?o representatividade gen?rica. 
  
  ? uma inger?ncia na autonomia do movimento associativo para a qual n?o se encontra   qualquer justifica??o. Mais do que isso, ignora a realidade das Associa??es   de Deficientes e at? a capacidade destas em organizar-se numa Confedera??o,   que j? existe.
Senhor Presidente,
  Senhores Deputados:
Embora com atraso, tem neste momento a Assembleia da Rep?blica a possibilidade de dotar de um quadro legal bastante mais favor?vel as Associa??es de Deficientes. N?o ficar?o com os problemas das pessoas com defici?ncia. Mas pelo menos temos agora a oportunidade de dar melhores condi??es ?queles que mais lutam pelos deficientes e que s?o eles mesmos.



