Sobre a Expo'98<br />Confer?ncia de Imprensa do PCP

A escassos dias da abertura oficial da Expo'98, a Comiss?o Pol?tica do Comit? Central do PCP entende sublinhar o seguinte: A realiza??o em Portugal, na cidade de Lisboa, da ?ltima Exposi??o Mundial deste s?culo constitui um facto da maior relev?ncia. Pela dimens?o do acontecimento, pela sua projec??o internacional, pelos seus reflexos culturais e econ?micos, a Expo'98 constitui um significativo factor de dinamiza??o interna e uma oportunidade ?mpar de projec??o de Portugal no Mundo, realidades tornadas poss?veis pela Revolu??o de Abril e pelo Portugal democr?tico que dela nasceu. A Expo'98 existe porque congregou esfor?os de todo o Pa?s e de v?rios sectores do trabalho e da intelig?ncia nacionais, porque soube lan?ar ra?zes na nossa Cultura e na nossa Hist?ria e integrar uma vis?o de futuro que abarca grandes problemas e horizontes que a Humanidade enfrenta neste dobrar do mil?nio. N?o ? um projecto de governos, ? o resultado de um esfor?o nacional. Como tal tem de ser visto e como tal o pr?prio poder pol?tico o tem de respeitar. No tocante ?s ?reas de exposi??o e aos novos equipamentos constru?dos, sublinha-se a qualidade arquitect?nica de que se revestem representando um importante salto qualitativo na produ??o arquitect?nica nacional. A expectativa positiva que rodeia a abertura da Expo'98 n?o pode contudo fazer esquecer reparos, preocupa??es e cr?ticas a que a sua constru??o deu origem ou que o futuro aconselha. Sendo um importante acontecimento em termos de exposi??o e de imagem, a Expo'98 ? muito mais do que isso. Trata-se de uma oportunidade para renovar e realizar em termos urban?sticos, ambientais e sociais a degradada zona oriental da cidade de Lisboa e uma parcela do Munic?pio de Loures. Os planos urban?sticos aprovados ? e em execu??o ? apesar das in?meras propostas dos Munic?pios de Lisboa e de Loures, n?o afastam totalmente a possibilidade de uma dif?cil articula??o das novas ?reas constru?das com o tecido urbano consolidado, podendo vir a criar-se uma "ilha" de privilegiados em lugar de uma verdadeira "nova centralidade" da Cidade e da ?rea Metropolitana de Lisboa. ?, assim, indispens?vel que, com a participa??o dos Munic?pios de Lisboa e Loures, se estabele?am, desde j?, as formas e os calend?rios para que no p?s-Expo'98 as novas zonas urbanizadas e os importantes equipamentos delas constantes sejam absorvidos pela Cidade e pela ?rea Metropolitana de Lisboa. Urge, portanto, desenvolver e aplicar um verdadeiro Plano de Urbaniza??o e respectivos Planos de Pormenor de toda a ?rea envolvente da Expo'98, devolvendo aos munic?pios as compet?ncias urban?sticas entretanto retiradas. Por outro lado, n?o estando terminadas as obras de despolui??o e ordenamento dos Rios Tranc?o e Tejo, necess?rio se torna que prossigam os investimentos em curso, tendo em vista a obten??o de uma qualidade ambiental compat?vel com as exig?ncias e direitos das popula??es no dobrar do mil?nio. Sendo justo referir, do que nos ? dado conhecer, que na concep??o da Expo'98 se teve em conta as experi?ncias negativas que estiveram presentes na Exposi??o Mundial de Sevilha, n?o deixamos de sublinhar as preocupa??es que nos suscitam eventuais derrapagens financeiras deste projecto motivadas, entre outros aspectos, pelos atrasos que se verificam na execu??o de obras no interior do Parque e particularmente no que se refere ?s acessibilidades. A dimens?o do investimento realizado exige por sua vez que sejam prestadas ao Pa?s, o mais prontamente poss?vel, informa??es detalhadas sobre os seus custos finais e a sua rentabiliza??o.

A realiza??o da Expo contribuir? este ano para um aumento significativo de visitantes a Lisboa com repercuss?es positivas na actividade comercial e tur?stica n?o s? da capital mas tamb?m de uma vasta zona que a envolve. Tal realidade n?o pode todavia fazer esquecer a aus?ncia de coordena??o que esteve presente entre a Administra??o do Parque e o ICEP no que respeita ? promo??o deste importante evento em preju?zo da mobiliza??o de visitantes e sobretudo na potencia??o da Expo para a fixa??o de novos contingentes tur?sticos para o Pa?s. Nesse sentido, n?o pode passar sem reparo a deficiente coordena??o entre a Expo, o ICEP e as Regi?es de Turismo, no sentido de uma maior interven??o informativa junto do afluxo tur?stico excepcional que previsivelmente o certame induzir? este ano. Foram manifestamente insuficientes as medidas tomadas para que ele possa constituir base a uma fixa??o futura de novos visitantes, tanto nas Regi?es onde a ind?stria tur?stica tem j? assinal?vel desenvolvimento e capacidade, como naquelas que nela procuram solu??es para situa??es de crise ou debilita??o econ?mica gerada pela pol?tica seguida nas duas ?ltimas d?cadas. Negativamente exemplar ? a aus?ncia de incentivos ?s Regi?es de Turismo e ?s Associa??es Empresariais para a cria??o de alternativas de pacotes tur?sticos que j? neste ano pudessem mitigar os inconvenientes gerados pelos atrasos na constru??o da auto-estrada para o Algarve. Olhando para o per?odo p?s-Expo'98, h? que acautelar de imediato as necess?rias medidas de absor??o da in?mera m?o-de-obra com diferentes n?veis de qualifica??o que ficar? dispon?vel com a desacelera??o do elevado n?mero de obras que, directa ou indirectamente, a Expo'98 implicou. O Governo ainda n?o deu qualquer sinal de ter uma estrat?gia de investimentos p?blicos e de dinamiza??o de investimentos privados que permitam fazer face ? retrac??o do emprego que certamente se verificar? em Lisboa e na sua ?rea Metropolitana. Por ?ltimo, a Comiss?o Pol?tica do PCP, respondendo a preocupa??es que hoje j? se manifestam nesse sentido, anuncia desde j? o seu prop?sito de, no quadro da iniciativa Portugal 2000, promover em Setembro um debate sobre o p?s-Expo no sentido de, com base em toda a experi?ncia resultante do per?odo de funcionamento da Exposi??o, contribuir para o melhor aproveitamento futuro de todos os investimentos realizados e potenciados em diversos dom?nios, designadamente, quanto ? utiliza??o e gest?o dos equipamentos a? constru?dos; ? rentabiliza??o do crescimento da oferta de alojamento edificada; ? amplia??o dos benef?cios das novas tecnologias instaladas nos dom?nios das infraestruturas, da utiliza??o racional de energia, das actividades cient?ficas, culturais e ambientais, visando afirmar Lisboa no plano tur?stico, cultural e cient?fico.