Assistimos ao discurso da Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, sobre o chamado “Estado da União”.
Bem se pode dizer que se tratou de um discurso de defesa dos interesses das grandes potencias europeias e dos grandes grupos económicos que representa.
Sobre a guerra na Ucrânia, nem uma palavra com vista a uma necessária solução negociada para pôr termo a uma guerra que não devia ter começado e para repor a Paz.
Reconhecendo o pesado impacto e consequências das sanções, não deixou de fazer a apologia da guerra, insistindo num caminho que os povos estão a pagar com língua de palmo.
Aludindo à crise energética de há 50 anos, fez por esquecer que então os salários cresceram acima da inflação.
Nem uma palavra para a imperativa necessidade de aumentar salários para contrapor ao brutal aumento do custo de vida.
Sugerindo uma intervenção sobre os superlucros, que o sacrossanto mercado possibilita, nem uma palavra para medidas efectivas e definitivas de regulação do mercado, de contenção de preços na energia e outros sectores, medidas aliás desaconselhadas pela própria Comissão. As consequências visíveis da liberalização exigem a recuperação do controlo publico de sectores estratégicos como a Energia.
À necessidade de investimento, opõe o decalque da proposta alemã do Pacto de Estabilidade e Crescimento, apertando o garrote às opções de desenvolvimento de Estados, que se terão que vergar ainda mais aos ditames da UE.
Tão pouco uma palavra sobre a decisão do BCE de aumento das taxas de juro e dos impactos brutais previsíveis sobre Estados como Portugal limitando condições de investimento e sobre as famílias, com impactos com particular incidência na habitação.
A UE insiste na defesa a todo o custo do mercado, mesmo que sufocando os povos e deixando-os à mingua, impondo, em favor dos lucros de alguns, maiores desigualdades, pobreza e assimetrias.